Ocupar é preciso

Por André Roedel

 

Estive de férias recentemente. Aproveitei o tempo livre para (tentar) desligar um pouco da política ituana e viajar. O destino foi Timbó, cidade do interior do Estado de Santa Catarina, terra da minha família por parte de pai. Ali pude descansar um pouco e aproveitar as belezas e delícias da região do médio vale catarinense, um dos pedaços mais alemães no Brasil.

Uma coisa que sempre me chama a atenção quando vou para lá é que sempre as praças estão ocupadas. Seja por jovens andando de skate ou senhores sentados nos bancos para um bom papo, o movimento nesses locais é constante. E, de um tempo para cá, Timbó recebeu investimentos em cultura e lazer, ganhando um belo parque central e uma praça repleta de atrações ao lado do principal pavilhão de eventos. O resultado não poderia ser melhor.

Os espaços viraram point para jovens e adultos compartilharem momentos de lazer, realizar piqueniques, praticar esportes e até mesmo realizar ensaios fotográficos. Observando tudo isso foi inevitável não traçar um paralelo com Itu, cidade que muitos dizem que “não tem nada para fazer”. De fato a cena noturna ituana (assim como a timboense, diga-se de passagem) deixa a desejar para a de muitos municípios vizinhos. Porém, de um tempo pra cá, sempre há alguma atração cultural interessante. Além disso, temos espaços de lazer excelentes que são pouco ou nada explorados – seja pelo poder público ou até mesmo pela própria população. Basta que haja interesse.

Locais como o Centro de Estudos Ambientais Villa, palco de eventos como o Grito Rock e o festival “Onde Pulsa Nova Música”, seria excelente para a realização de saraus, feirinhas e até outros shows musicais. Entretanto, a realização do Grito no espaço no começo do ano deixou os moradores dos arredores incomodados e acredito que será inviável uma nova atração por lá. Uma pena.

O Parque do Varvito também é um excelente espaço que não vem sendo muito bem aproveitado. Ele seria palco das festividades de aniversário de Itu no começo do ano, porém não pôde ser utilizado por não ter sido aprovado pelo Corpo de Bombeiros. Com algumas alterações, seria um bom local para o desenvolvimento de atividades – sejam elas ambientais ou de entretenimento.

Até mesmo a nova Praça Periscópio, recentemente entregue pelo Poder Público, pode – e deve – se tornar um ponto de atrações na cidade. A população já “comprou” a ideia: todos os dias é possível ver munícipes aproveitando o dia no local. Eles até estão cuidando do espaço, varrendo e limpando por conta própria. Agora cabe à Prefeitura e aos agentes culturais da cidade tornarem viável a realização de eventos por lá. A população irá agradecer.

Mas de nada adianta se o próprio povo ituano não tomar a dianteira nessa iniciativa. Porque se não houver interesse do próprio público, não vale a pena o esforço municipal. Só para ter como base: no domingo passado (16), o Centro da cidade ficou tomado por atrações culturais gratuitas. Era Arte no Beco, Festival de Artes, Lado B, Interfoto… Uma gama artística, para todos. Havia um bom público? Sim. Mas poderia ser bem maior. Era uma “cidade inteira” de atrações, e apenas um punhado da população de quase 180 mil habitantes de Itu (mais alguns turistas) aproveitaram tudo aquilo.

É preciso ocupar esses espaços. Fazer com que cada praça, centro de lazer e espaço cultural da cidade sirva para o propósito de levar arte, diversão e entretenimento para o povo. É preciso que a população volte a se integrar com a cidade – e vice-versa. Enquanto isso não ocorre em sua totalidade, vamos prestigiar e incentivar eventos e pessoas que vão, aos poucos, tornando isso realidade