Os 100 anos do rádio: a trajetória em Itu
No último dia 7 de setembro, enquanto comemorou-se o bicentenário da Independência do Brasil, o rádio completava 100 anos no país. Já neste domingo (25), comemora-se o Dia Nacional do Rádio. O rádio nasceu no Brasil, oficialmente, em 7 de setembro de 1922, com a transmissão, à distância e sem fios, da fala do presidente Epitácio Pessoa na inauguração da radiotelefonia brasileira, em meio às comemorações do centenário da independência.
Apesar da primeira transmissão de rádio no Brasil ter acontecido durante a celebração do centenário da Independência, o início efetivo e regular das transmissões ocorreu somente no ano seguinte, graças ao esforço do médico Roquette Pinto. Em 1923, entrou no ar a Rádio Sociedade Rio de Janeiro. A emissora pioneira é a atual Rádio MEC.
Já em 1935, surge o programa “A Voz do Brasil”, noticiário radiofônico produzido pela EBC. Inicialmente com o nome de “Programa Nacional”, em 1938 passou a ter transmissão obrigatória com horário fixo das 19h às 20h, e o nome alterado para “A Hora do Brasil”. No ano de 1962, o noticiário passou a se chamar “A Voz do Brasil”. É o programa de rádio mais antigo do país e do hemisfério sul ainda em transmissão.
O Rádio em Itu
O Periscópio conversou com o professor e historiador Luis Roberto de Francisco, que comenta à reportagem que a melhor referência à história do rádio em Itu vem a partir de 1946, quando foi instalada a primeira emissora na cidade, a Rádio Convenção de Itu, de propriedade do Sr. Luiz Gazzola.
“Foi um impulso à cultura local, pois a programação era de alto nível, programas de música de concerto, programas de auditório desde a música caipira até as serestas. Os Seresteiros do Passado faziam programa semanal ao vivo. Havia programação religiosa também, por exemplo, os Congregados Marianos da Igreja do Bom Jesus apresentavam, todos os domingos às 12h, a ‘Hora Mariana’ que durou mais de 50 anos”, explica Luis Roberto.
“Destaque para a leitura de crônicas autorais do escritor local Euclydes de Marins e Dias, pai da Dra. Maria Lúcia Caselli. Durante muitos anos ele apresentou o ‘Boa noite para você’, homenageando gente de Itu. Era um programa muito aguardado”, acrescenta o historiador. O professor destaca também, nos primórdios do rádio ituano, a Cacique, que “além de programação que valorizava a cultura local, promoveu os famosos concursos de calouros, que despertaram inclusive profissionais no ramo da música”.
Atualmente, Itu conta com as emissoras Rádio Cidade FM, Rádio Convenção de Itu, Nova Itu FM e Nova Cristal, além de webrádios – rádios transmitidas apenas pela internet.
Vozes atuais
O JP conversou também com pessoas que, por meio de suas vozes, ajudam a manter vivo o rádio na cidade. Eles falam à reportagem sobre a paixão pelo meio de comunicação.
Voz marcante das transmissões esportivas da Rádio Cidade FM, Renato Alves, que desde o ano 2000 está na emissora, comenta que atuar no rádio é como uma criança, um filho. “Você não passa a falar para você, a viver para você. O rádio é para o ouvinte, a preocupação, o compromisso. Trabalhar no rádio é um compromisso muito grande com o ouvinte, com a população em si”, afirma Renato.
O radialista iniciou sua trajetória no rádio em 1997, por influência de seu irmão, porém teve o rádio como paixão desde sempre, influenciado por sua mãe e irmã. “Minha mãe ouvia Zé Béttio, Gil Gomes, Paulinho Boa Pessoa e minha irmã também. O rádio sempre esteve ligado em casa e eu sempre participei de programas de rádio, ligando, pedindo música, concorrendo a prêmios”, recorda.
Radialista há 31 anos, Débora Viana, que já teve passagens pela Rádio Cidade FM e FM 90 e atualmente está na Rádio Convenção, fala sobre o que o rádio significa a ela. “Para mim o rádio significa vida, é o ar que eu respiro é a minha fonte de existência no meu lado profissional, amo, me transformo quando estou em frente a um microfone, porque as pessoas que estão me ouvindo são a minha base”.
“As pessoas são a minha força e desde que eu conheci o rádio, que eu entrei em um estúdio de rádio, aquela magia meio que me contagiou e é isso que eu quer fazer até quando Deus permitir”, diz Débora, emocionada.
A radialista, que ao longo de sua carreira viu o rádio passar por transformações, garante que o mesmo nunca perdeu a sua magia, mesmo com todo o avanço da internet e das redes sociais. “O rádio é uma caixinha de surpresas, todo dia eu aprendo com ele”.
Em 31 anos, em alguns deles, Débora esteve “fora do ar”. Foi o período em que viu realmente o coração batia mais forte pelo rádio. “Não consigo me ver fora do rádio. Eu fiquei um bom tempo fora do rádio e aquilo me frustrou me decepcionou, mas eu fui atrás, eu conquistei novamente o meu espaço”.
“Eu amo os meus ouvintes e se não fosse por eles, eu não estaria onde estou hoje e que venham aí mais 100 anos de muita história, mais 100 e mais 100 e, por mais difícil que seja, eu tenho certeza que o rádio nunca vai morrer”, acrescenta Débora.
Com a experiência que possui na área, a radialista tornou-se referência. “Tenho muito orgulho disso, tem pessoas que se inspiram em mim para fazer rádio, essa nova geração que está vindo. Eu não tenho esse problema de disputa de rádio. Não existe ninguém melhor do que ninguém, existe talento e você coloca esse talento da forma que sabe fazer. Só de você gostar do rádio já é uma grande porta para fazer o que você ama”, conclui.
E o Léo Menezes…cadê a matéria com ele?
Falar de rádio sem mencionar o Léo é sacanagem.