Periscópio Entrevista: Eduardo Ortiz

O “Periscópio” inicia nesta edição uma nova seção, que trará entrevistas todos os sábados com pessoas ligadas à política, cultura, esportes e diversos outros temas relacionados à cidade de Itu. Para começar, entrevistamos o ex-vereador Eduardo Ortiz, que teve seu mandato na última legislatura, mas acabou não se reelegendo. Confira:

 

JP: Em 2016, você quase dobrou o número de votos que obteve em 2012, sendo o 6º candidato mais votado. A que você credita essa expressiva votação?

Eu acho que o principal foi o trabalho. A principal campanha foi durante os quatro anos. Foi um mandato muito complicado e, mesmo com tantas situações, como falta d’água e crise econômica, ter conseguido uma votação expressiva realmente me deixa contente. Foi um trabalho árduo, pautado na honestidade e na transparência.

 

JP: Apesar do resultado, você não se elegeu por conta do quociente eleitoral – o mesmo que o levou para a Casa de Leis em 2012. Como você reagiu a isso?

Numa eleição nós temos que estar preparados para uma vitória ou uma derrota. E sabemos que nosso sistema eleitoral é algo complicado. Fiquei chateado pelo resultado, é claro, mas fiquei contente por ter quase dobrado a votação. Mesmo os que entraram não tiveram um aumento expressivo de votos. Teve até vereador que entrou, mas que fez duas ou três vezes menos que a eleição de 2012. Mas são coisas do sistema. Não dá nem para reclamar dele, porque da outra vez ele me colocou. É algo cruel, mas que eu tive que aceitar. Eu espero que haja uma reforma no sistema eleitoral, não só no quociente.

 

JP: Você sempre manteve uma postura combativa e prezou pela transparência. Isso lhe custou algo? Você se arrepende de alguma atitude?

Custou. Eu fui perseguido politicamente desde o começo. Assim que entrou um jovem que Itu não conhecia, com um certo conhecimento, formado em Direito e com uma retórica no mínimo coerente, as pessoas começam a ter inveja, começam a querer atirar em quem realmente está trabalhando. Eu não estava lá para atrapalhar ninguém, mas tinham pessoas que ficavam irritadas com as coisas que a gente combatia. Mas esse combate foi pela população, para mostrar esse novo jeito de fazer política.

 

JP: Como era a relação com os demais vereadores? Você se sentia preterido?

Com certeza. Fui deixado para escanteio. Formou-se até um complô contra mim na Câmara. Eles faziam tudo em grupo, e eu entendo que o vereador tem que atender a população, não grupo político. Desde o começo eu votei projetos em dissonância do meu grupo, até o momento que desfiz do grupo. Aí sim eles me excluíram de vez. Mas não teve problema. Consegui fazer o meu trabalho e deixar minha marca.

 

JP: O que você pode citar como ápice do mandato? E o pior momento?

No meu mandato em si, eu destaco os meus projetos de atendimento à população, como o “Gabinete na Praça”. Foi muito bom esse contato com a população. Outro ápice foi o impedimento da construção do novo prédio da Câmara, que queriam fazer a qualquer custo. Mas consegui mostrar para a população o absurdo que seria construir um novo prédio, haja vista a situação financeira do país e da cidade. Eles voltaram atrás. Foi por minha causa. Se eu ficasse quieto, poderiam ter feito. Já derrotas foram várias, parlamentarmente falando. Mas o que mais me deixou chateado é óbvio que foi a questão da APAE, mas não me esmoreci e deixei claro para a população que foi pura perseguição, o que estavam alardeando não refletia o que eu pensava.

 

JP: E agora? Quais são os próximos passos do Eduardo Ortiz político?

Como a minha trajetória política está em ascensão, eu não posso deixá-la. E o povo deixou o seu recado, aprovou a minha legislatura. Eu ainda quero um país melhor, uma cidade melhor, então tenho que continuar na política. Não sei de que forma eu posso continuar, se só em 2020 ou, de repente, no ano que vem. Não depende muito da gente. Existe todo um sistema. Eu sei que o Brasil pede novos nomes, novos políticos. E eu ainda represento o novo.

 

JP: Atualmente você está no PHS. Você irá prosseguir no partido?

Quando você não está num mandato, você fica mais tranquilo com essas questões. Você tem todo tempo do mundo para pensar e mudar de partido. Não estou vendo ainda essa questão partidária. O que eu sei é que, de alguma forma, quero continuar trabalhando para a população.

 

JP: O que tem achado da administração de Gazzola? E a atual legislatura?

Eu vejo o Guilherme como uma pessoa preparada, arrojada. Todo primeiro ano de governo não é fácil. Trabalha-se com um orçamento votado no ano anterior. Ainda não é o governo dele, vamos dizer assim. Mas ele tem uma equipe, ao meu ver, muito técnica. Eu acho que isso é saudável para a administração pública. Vamos aguardar. Ele está trabalhando e eu acho que a gente deve torcer para que dê certo todo novo governo.

Já com relação à Câmara, me deixou contente a aprovação de projetos que tinha querido que fossem aprovados na minha legislatura. Agora, de uma forma geral, eu tenho a opinião de que mudam-se os nomes, mas algumas atitudes continuam. Os vereadores têm que ver o que a população aprovou e não aprovou no passado. Eles têm um manual nas mãos.

 

JP: O que falta para mudar o conceito político em Itu?

Eu acho que, acima de tudo, independência. Eu só pude fazer um mandato bacana porque eu adquiri independência. Às vezes o administrador tem boas intenções, só que fica travado a uma coisa ou outra. Principalmente numa cidade como a nossa, onde tem tal pessoa, com tal sobrenome, que é amigo de tal pessoa… Sendo independente, você tem a oportunidade de ser honesto. Porque tem gente que até quer ser, mas não consegue e acaba seguindo o fluxo.

 

JP: Voltando à sua carreira política, então pode-se dizer que a mensagem que você deixa para a população é de que não sumiu, que está aí esperando uma oportunidade?

Eu não estou tão ativo nas mídias sociais como era antes por conta dos afazeres, mas não sumi. Continuo com meus propósitos políticos. E quero deixar uma mensagem para a população que, se precisar de alguma solicitação, eu corro atrás ainda. Muita coisa a gente consegue até sem mandato. E a população tem que continuar acompanhando os políticos da cidade, sem perder a esperança. Dias melhores virão. E novos nomes virão. A população tem que acreditar nas pessoas novas e cobrar. Eu sou um cara esperançoso e eu quero fazer parte dessa luta, quero poder continuar contribuindo.