>> Periscópio Entrevista: Luís Roberto de Francisco comenta sobre a importância e futuro da “Semana Santa”

Foto: Beatriz Pires

Na última sexta-feira (23) teve início a Semana Santa, tradição religiosa católica que celebra a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Em Itu, essa semana conta com uma extensa programação que acontece desde o século 17, com algumas alterações ao longo do tempo. O mestre e historiador Luís Roberto de Francisco conversou com o “Periscópio” sobre a importância desse patrimônio ituano e o futuro da tradição.

“A Semana Santa é comum no mundo inteiro. Em Itu, desde o século 17 acontece com certa solenidade, ou seja, desde que a cidade existe. O que é interessante em Itu é que houve, por conta da expressão econômica, um grupo de artistas que produziram para a própria cidade”, relata.

De acordo com Luís Roberto, existe um diferencial no município por conta das imagens, quadros e da música composta para a cidade desde o século 18. “Montou-se um patrimônio cultural próprio, tanto material quanto imaterial”.

Com isso, as celebrações e procissões realizadas ainda hoje têm grande importância para Itu. “Eu vejo várias importâncias. A maior delas, eu acho que tem um significado de fé muito grande. E tem um outro significado paralelo que é o do patrimônio de um povo. Cada vez que a gente celebra isso junto, a gente se sente mais forte enquanto povo, enquanto comunidade”.

Além disso, ele acredita que o aspecto da beleza seja igualmente importante, apesar de incomum por conta do gosto e formação pessoal de cada um. “Existe também esse outro aspecto da beleza do rito, do incenso, do tecido, da luz, da música, tudo isso também conforta, alivia, inspira, acho que são coisas muito fortes”.

A proximidade dos ritos com a cultura ituana é tão grande que, segundo Luís, todos podem apreciar. “Seria muito legal que a gente pudesse compartilhar com todos os setores da sociedade, mesmo para quem não mora no Centro da cidade, para quem é de outra paróquia, para quem é de outra religião, para quem não é de religião nenhuma. É um momento bonito, importante para a pessoa vivenciar alguma coisa espiritual”.

Outro ponto importante para Luís é o apoio da administração municipal e da Secretaria da Cultura. “Os últimos secretários de cultura têm apoiado muito essas iniciativas, reconhecendo que isso é um patrimônio nosso”, ressalta.

Contudo, uma das maiores preocupações é a continuidade da tradição. “Dependemos muito da transmissão para outras gerações. Isso é uma coisa que nos preocupa bastante de maneira geral”. Para que as celebrações não deixem de existir, o incentivo à participação, o envolvimento e a inclusão são fundamentais, além de uma atuação mais ativa das próprias comunidades de Itu. “Seria muito legal, muito interessante as paróquias fortalecerem. Se a gente não tiver transmissão, isso morre”, diz.

Um comentário em “>> Periscópio Entrevista: Luís Roberto de Francisco comenta sobre a importância e futuro da “Semana Santa”

  • 19/06/2018 em 21:53
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    Luis Roberto, acabo de adquirir seu livro biográfico sobre Elias Álvares Lobo. Parabéns pelo belo trabalho de genealogia desse músico especial que foi padrinho de casamento de minha trisavó, sobrinha dele, e historia da cidade. Estou entrando em contato porque no inicio do livro vc nos coloca a imaginar um momento especial:

    “Numa daquelas tardes,
    junto do piano,
    Donana me falou do Elias.
    Nos tornamos, então, três,
    ela, ele e eu.” <3

    Gostaria de saber quem é Donana? =)

    poderia compartilhar mais esse pedacinho da historia?

    Abraços

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