Periscópio Entrevista: Sérgio Kazuo Abe
O entrevistado desta semana é o comandante do 50º Batalhão de Polícia Militar do Interior, Tenente Coronel Sérgio Kazuo Abe. No comando do efetivo de maneira oficial desde julho deste ano, ele tem como missão liderar pelotões das cidades de Itu, Salto, Porto Feliz, São Roque, Mairinque, Jumirim, Araçariguama e Tietê. Possuindo uma trajetória de respeito na Polícia Militar, o comandante comenta a respeito dos desafios enfrentados no posto, bem como dos projetos à frente do efetivo.
JP – Como se deu a ascensão do senhor ao comando do 50º Batalhão de Polícia Militar do Interior?
Me formei na Academia de Polícia em 1992, depois fui designado ao 20º Batalhão de Barueri onde fiquei até 1995, daí fui transferido para a área do CPI-7 em Sorocaba e no 40º Batalhão de Votorantim. Daí, fui comandar o pelotão de Piedade, Ibiúna e Tapiraí. Fiquei até 2001. Depois, fui transferido para São Roque, onde fui promovido a capitão e fiquei comandado a Cia. No ano de 2004, o 40º Batalhão se dividiu em dois, sendo criado o 50º Batalhão na cidade de Itu. Como São Roque passou a ser dessa área, passei a fazer parte desse efetivo Já em 2013, fui promovido a major e transferido para a sede em Itu, como coordenador operacional. Dois anos depois fui transferido para Sorocaba, como chefe da divisão operacional, quando retornei em 2016 para Itu, como sub-comandante e em outubro de 2016 assumi o comando interinamente e até neste ano fui promovido a Tenente Coronel e fui designado ao comando de forma efetiva. Não sabemos o dia de amanhã, mas pretendo encerrar minha carreira aqui em Itu. Sou sócio fundador. Estou aqui desde a fundação. Tenho muito carinho, muito apreço pelo 50º.
JP – O senhor já se encontrava no comando do efetivo de maneira interina e, com isso, já pode ter uma noção do que lhe seria exigido. Quais os desafios enfrentados pelo senhor no posto?
Agora, como comandante de fato e de direito, nós temos alguns problemas. Esse ano, em relação à escassez de verba. A gente sabe que o Governo está passando por algumas dificuldades de verba e temos essa dificuldade com as manutenções de nossas viaturas. Isso tem causando alguns transtornos a nosso Batalhão e a gente está correndo atrás, fazendo algumas parcerias, solicitando aos motoristas que conservem as viaturas.
Nossa frota já está antiga. A viatura mais nova é de 2014 e ela roda 24 horas. Um veículo que roda 24 horas por dia tem uma vida útil de, no máximo, dois anos e, a partir do terceiro ano, começam manutenções constantes. Isso demanda muita verba, é um desafio que estou encontrando. E outro desafio é o de manter os índices de criminalidade de maneira decrescente como vem acontecendo. Trabalhando com a inteligência policial.
JP – A PM vem ao longo dos anos promovendo iniciativas para estreitar seus laços com a população, existem outros projetos com esse objetivo?
Pretendemos incrementar o Programa Vizinhança Solidária, pois tivemos casos de que, graças esse projeto, não aconteceram delitos. Continuamos com o PROERD e o JBA (Jovens Brasileiros em Ação) e as várias ações sociais, como a nossa participação na Formatura dos alunos do CEDEME – 1ª turma do supletivo, recentemente. O sonho deles era um baile de formatura. Fizemos um trabalho com os policiais que foram de maneira voluntária. Foi uma interação muito boa. Isso sem falar no apoio ao CONSEG (Conselho de Segurança), que é muito importante. Com essas ações, procuramos nos aproximar da sociedade, mostrando que podem confiar em nosso trabalho e acabar a sensação de impunidade.
JP – Sobre os índices de criminalidade divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, quais trabalhos estão sendo realizados pela PM para diminuir ainda mais tais números?
Realização de operações, com o auxílio de nossa inteligência e Força Tática Integrada, realizando monitoramentos das ocorrências, de locais em que os índices estejam maiores. Qualquer alteração, em qualquer cidade que abrangemos, reforçamos o policiamento. E também ouvindo a população, que é muito importante. Outro ponto importante é o que chamamos de “cifra negra”, que são ocorrências que acontecem e não são registradas. Pedimos que a população confie na Polícia Militar e denuncie, para que tenhamos o conhecimento e possamos atuar naquele determinado local.
JP – O senhor trabalhou de maneira próxima com todos os comandantes que já passaram pelo 50º Batalhão. O quanto isso foi importante para sua formação e preparação ao posto que ocupa atualmente?
Foi de fundamental importância essa experiência que tive com todos esses comandantes. Todos têm sua peculiaridade e procurei tirar o melhor de cada um. O que a gente pode trazer de proveito de cada comandante que passou por aqui. Todos foram muito importantes para que eu pudesse assumir esse posto e colocar em prática tudo isso.
JP – Já se pode considerar que o 50º BPMI possui a sua “cara”? Se não, o que falta?
A gente procura dar uma personalidade para cada comando, mas sempre seguindo as diretrizes do comando geral. Mas a gente vai implantando aos poucos nossa filosofia de comando. Como estou aqui há bastante tempo, o efetivo já conhece minha personalidade. Eu tenho como uma característica de fazer justiça sempre. Às vezes a gente não consegue, mas procurar ser justo, procurar sempre o bom senso, dentro dos limites da lei, sempre conversar, ouvir as argumentações das partes, nunca ouvir somente um lado e com a experiência que a gente tem, chegar a uma conclusão.
JP – A respeito do convênio que possibilita a PM fiscalizar infrações de trânsito na cidade de Itu, já há uma data definida para que possa desempenhar essa função? No que irá impactar ao efetivo?
O convênio era algo que já almejávamos. Estão faltando poucos detalhes e, dentro de poucas dias, a Polícia Militar estará nas ruas atuando em relação ao trânsito e solicitamos que a população colabore. Ainda não tem data definida. Estamos dependendo da confecção dos talonários. Os policiais que irão atuar no trânsito já foram cadastrados pela Prefeitura para terem esse poder. 200 policiais foram inscritos. Quanto ao efetivo, não teremos um efetivo específico para isso. Todo policial que estiver em seu patrulhamento estará apto a fazer uma autuação de trânsito.