Postos de Itu já registram diminuição nos preços dos combustíveis
Nos últimos meses, o país vê o preço dos combustíveis aumentar cada vez mais. Em 12 de janeiro, o preço por litro da gasolina da Petrobras para as distribuidoras era de R$ 3,25, passando para R$ 3,86 em 11 de março, tendo um novo aumento, indo para R$ 4,06 em 18 de junho. Em 11 de junho de 2021 (há pouco mais de um ano), o valor era de R$ 2,53. Quanto ao Diesel, em 11 de junho do ano passado o valor era de R$ 2,71 e no último dia 18 de junho, após quatro aumentos em 2022, passou a R$ 5,61.
Na última segunda-feira (27/06), o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), anunciou a redução da alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre a gasolina no Estado [de 25% para 18%]. O governo calcula que a medida trará uma redução de R$ 0,48 no preço do litro nas bombas. Até o anúncio, o preço médio era de R$ 6,97, devendo ir para R$ 6,50.
A medida, de acordo com Garcia, levará a uma perda de arrecadação de R$ 4,4 bilhões por ano, o que deve impactar nos investimentos em áreas como a Saúde e a Educação. O governador disse ainda que, com essa redução, espera que a Petrobras e o Governo Federal evitem aumentar os preços da gasolina no Brasil de forma recorrente.
A redução do ICMS ocorre devido à Lei Complementar 194, sancionada pelo presidente da República Jair Bolsonaro (PL) na última semana, que limita as alíquotas do imposto sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. Mas o presidente vetou compensação financeira por parte do Governo Federal aos estados para garantir recursos em saúde e educação.
Na quinta-feira (30/06), o Senado Federal aprovou a nova versão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis, que prevê o reconhecimento do estado de emergência em 2022 no país e um pacote de “bondades” de R$ 41,25 bilhões em auxílios.
O primeiro turno foi aprovado por 72 a 1, sendo que o único voto contrário foi o do senador José Serra (PSDB-SP). Em 2º turno, foi aprovado por 67 a 1. A matéria agora segue para análise da Câmara dos Deputados.
A PEC cria um auxílio de R$ 1 mil a caminhoneiros e um auxílio ainda sem valor definido a taxistas, além de ampliar o Auxílio Brasil para, ao menos, R$ 600 mensais e o vale-gás para cerca de R$ 120 a cada dois meses. Essas medidas serão válidas até 31 de dezembro segundo o texto.
Preços em Itu
Nesta semana, o Periscópio foi às ruas para verificar se a redução anunciada pelo Governo do Estado já estava sendo repassada às bombas. Em Itu, entre 19 e 25 de junho, o preço médio da gasolina comum era de R$ 6,885, com o valor mínimo encontrado de R$ 6,420 e o máximo de R$ 7,090. Já em relação ao diesel, o valor médio era de R$ 7,355, com o valor mínimo de R$ 6,990 e o máximo de R$ 7,690.
Quanto ao etanol, no mesmo período, o valor médio era de R$ 4,455, com o valor mínimo a R$ 4,190 e o máximo a R$ 4,590. Na cidade, os preços, de acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), já estavam apresentando uma ligeira queda, mantendo a redução nesta semana. Nesta semana, o preço médio da gasolina em Itu caiu para R$ 6,25, enquanto o diesel foi para R$ 7,14 e o etanol foi para R$ 4,21.
Gerente de um posto de combustíveis situado na Avenida Otaviano Pereira Mendes, Hélio Alves comenta ao JP que, durante os aumentos no preço do combustível, a procura para abastecer seguia a mesma, pois “pela necessidade o pessoal continuava abastecendo”. Agora, a expectativa é por um aumento no movimento.
De acordo com o gerente, a redução foi ainda maior do que a anunciada pelo Governo do Estado. “Abaixamos R$ 0,70 e talvez a gente abaixe ainda mais. Vamos ver como está o mercado. Até o final de semana e início da semana devemos reduzir mais vinte centavos”, destaca.
Frentista de um posto também localizado na Avenida Otaviano Pereira Mendes, Leonardo Pereira da Silva alega que nos últimos meses houve uma queda no movimento, porém, nas duas últimas semanas, houve uma redução. Nesta semana, de acordo com o funcionário, o preço caiu R$ 0,50 e a expectativa é de aumentar o movimento.
Preferindo o anonimato, a gerente de um posto de combustíveis situado no bairro Chafariz comentou à reportagem que o posto vem tendo um crescimento na procura pelos combustíveis e que a tendência é que melhore ainda mais o movimento no final de semana.
O frentista de um posto situado na Rua Floriano Peixoto, que preferiu não se identificar, destaca que o movimento aumentou. “Os motoristas se animaram. Antes o pessoal estava desanimado com um aumento atrás do outro”. Para este final de semana, o gerente de um posto de combustíveis situado na Rua Luís Gonzaga Bicudo, no bairro Vila Nova, espera um aumento no movimento, embora no período de aumento no preço do combustível a procura tenha se mantido.
Usuários
Motorista de aplicativo, Bruno Camilo Salles, de 33 anos, comentou que, durante os seguidos aumentos no preço dos combustíveis, ele teve de fazer mais corridas para suprir o aumento. Porém, quando há uma redução no valor “é um alívio, porque a gente sabe que por mais que a gente faça mais corridas vai gastar menos combustível, mas a gente sabe que, no Brasil, quando abaixa o combustível, três meses fica pior do que estava”, lamenta.
Enquanto um segue atuando na área, outro teve de se adaptar. É o caso de Rafael Eduardo Almeida, de 36 anos, que em outras oportunidades já havia relatado que, devido ao aumento no preço dos combustíveis, havia deixado de ser motorista de aplicativo, passando a ser motorista particular, fazendo pacotes específicos.
Porém, com novos aumentos neste ano, novas adaptações foram necessárias. “Esses aumentos no combustível deram uma abalada, agora deu uma queda, mas só faço corrida curta, o único jeito que eu consegui sobreviver”, conta. “Se me pedir uma corrida longa eu vou passar um valor que infelizmente para a pessoa não compensa. Corrida longa hoje, para São Paulo, por exemplo, tenho que cobrar R$ 200. Caso contrário, não compensa”, relata Rafael.
Outro que necessitou se adaptar foi Fernando Vitarelli, de 39 anos. “Parei de trabalhar de motoboy porque não tinha mais condições de manter a moto. Não só combustível, mas aumentou tudo. Pneu dobrou o preço, o óleo pagava R$ 13, hoje pago R$ 49. Virei pintor, só uso minha moto ou meu carro pra me locomover até o local onde vou pintar”, explica.
Dono de uma transportadora, Diego Pavanelli diz que a situação em relação ao preço dos combustíveis “está insustentável”. De acordo com o empresário, “hoje o custo do combustível perante ao frete está bem próximo de 45%. O impacto da redução do ICMS vai ser baixo comparado aos aumentos que sofremos nos últimos 40 dias, que chegou a R$ 1,10.”
“O lucro da Petrobras está exorbitante. Se hoje ela resolvesse subir o diesel poderia chegar até R$ 0,60 a mais por litro, então o ICMS foi para enganar o povo. A Petrobras só quer lucro”, acrescenta.
Caminhoneiro relata situação preocupante
Não é só os preços da gasolina e etanol que preocupam o consumidor. No caso dos caminhoneiros, que se utilizam do óleo diesel, a situação também não é boa. O ituano Márcio Olíver, de 57 anos, atualmente radicado em Anápolis/GO e que atravessa o Brasil de Norte a Sul, vê a situação como preocupante.
“Há sempre uma variação de preços entre os Estados e entre os postos em cada cidade, mas para se ter uma ideia, no início do ano, para abastecer 600 litros a gente gastava em média R$ 3.042,00. Hoje, os mesmos 600 litros saem uma média de R$ 4.500,00”.
O caminhoneiro diz que a gasolina está tendo o preço reduzido, o álcool também, mas a redução do diesel vem sendo menor. “Isso sem falar na questão dos pedágios. Para uma carreta, por exemplo, uma viagem de Goiânia/GO a São Paulo, ida e volta, se gasta R$ 1.200,00”.
Há 37 anos na estrada, Oliver se preocupa, pois os caminhoneiros não gastam apenas com o diesel. “Tem pedágio, manutenção, alimentação, pernoite e uma série de gastos. Quando o diesel sobe, temos de ajustar o frete, mas se o reajuste for conforme o preço do combustível, fica difícil repassar”, conclui. (Moura Nápoli)