Power Rangers

Por André Roedel

Os cinco adolescentes com atitude estão de volta, mas numa roupagem totalmente diferente do seriado dos anos 1990. Power Rangers consegue dosar o espírito do original, inserindo novidades na mitologia e dando mais carga dramática aos personagens principais. Boa parte da crítica especializada está apontando que o filme é um “Clube dos Cinco com superpoderes”, em referência ao clássico oitentista de John Hughes. E eu concordo.

Os dois primeiros atos do longa-metragem se dedicam a contar a história dos cinco rangers, que, diferente da série, são adolescentes problemáticos – cada um com sua dificuldade. Na detenção, eles acabam se aproximando e, após um incidente, se veem no meio de uma situação inesperada: recebem do ex-ranger Zordon (Bryan Cranston, bem comedido) a incumbência de proteger a Terra da temível Rita Repulsa (Elizabeth Banks, que faz uma vilã clássica, mas no limite do ridículo).

Todo esse lance “super-heroístico” fica para o ato final, em que vemos os rangers com suas armaduras, Zords e Mega Zord enfrentando uma das criaturas gigantes de Rita. Essa é a única parte mais parecida com a série mesmo, já que o filme contou com baixo orçamento e precisou fazer economias. Talvez o espectador possa ficar decepcionado com isso. Mas não deveria, pois Power Rangers é mais que lutas coreografadas e faíscas.

O jovem diretor Dean Israelite amarra tudo muito bem e dá um background mais denso à franquia – coisa que nunca foi feito antes, nem mesmo no divertido filme de 1995. Os dramas são muito bem explorados, graças ao bom desempenho dos cinco atores que interpretam os rangers. Dacre Montgomery (Jason), Naomi Scott (Kimberly), Ludi Lin (Zack), RJ Cyler (Billy) e Becky G (Trini) mostram uma sintonia perfeita e convencem nos papéis.

O filme também tem uma pegada Conta Comigo, outro clássico juvenil dos anos 1980. Inclusive a clássica canção “Stand by me” é tocada no longa-metragem, com uma nova versão. Aliás, ponto para a trilha sonora (os fãs dos rangers vão surtar ao ouvir uma determinada música, em uma determinada cena…). Porém, como já dito, o filme foi feito com “pouco” dinheiro. Sendo assim, não espere por efeitos visuais de primeira. O CGI usado nos Zords, por exemplo, chega a ser tosco – não como na série, claro.

Tirando esse empecilho do baixo orçamento, Power Rangers consegue, em minha opinião, equilibrar o drama e a ação, tornando aquela série galhofenta do passado em algo mais interessante e relevante para o presente – e numa grande oportunidade para a produtora Lionsgate no futuro. Vale o ingresso.

 

Nota: