Precisamos falar sobre diabetes
Por ter se tornado tão comum, a doença já não assusta como antes. Mas isso não justifica a negligência de alguns afetados
O Dia Nacional do Diabetes foi na última segunda-feira (27). No entanto, não é um dia para ser comemorado; é uma data para reforçar à sociedade a importância do combate a essa complicação que acomete mais de 13 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes. Entre 2015 e 2016, foram quase 2 milhões de pessoas afetadas – e o número só tende a subir.
O Diabetes Mellitus, segundo a endocrinologista Gisele Trindade, “é uma síndrome metabólica que pode ter múltiplas origens e ocorre devido à falta ou a incapacidade da insulina exercer seus efeitos adequadamente”.
A insulina é um hormônio responsável por controlar a parcela de glicose (que provém do açúcar que um indivíduo ingere e tem a função de fornecer energia imediata) na corrente sanguínea.
No corpo de um diabético, o cenário se modifica: não é fabricada uma quantidade suficiente de insulina e o nível de glicose no sangue sobe de maneira danosa, causando a hiperglicemia. A manutenção dessa condição prejudica nervos, vasos sanguíneos e até mesmo órgãos.
Os quadros
Existem alguns quadros desse descontrole metabólico. A tabela mostra quais são os mais conhecidos e frequentes.
O tipo 1 ocorre, geralmente, em crianças ou adolescentes, porque não depende necessariamente da alimentação.
Pode ser hereditário. O tipo 2 é mais comum em adultos (podendo aparecer em crianças também), e afeta cerca de 90% dos diabéticos. No entanto, há um tipo da doença, que acomete um grupo de pessoas muito específico: as gestantes. A chamada diabetes gestacional, se não tratada, pode trazer problemas para o bebê, como o crescimento excessivo (macrossomia fetal) e, consequentemente, partos traumáticos, hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta. O último quadro é o de pré-diabetes. Mais da metade dos indivíduos que estão nesse estágio, acabam desenvolvendo o diabetes tipo 2, porque deixam para iniciar o tratamento apenas quando o problema torna-se mais grave. O pré-diabetes é especialmente importante por ser a única etapa que ainda pode ser revertida.
O que comer?
Não é mais segredo para ninguém que, quando se fala em “açúcar”, o discurso não se limita apenas às sobremesas. “Pães, massas, refrigerantes e bebidas alcoólicas são alimentos com alto índice glicêmico e devem ser evitados ou usados em qualidades limitadas”, alerta a endócrino.
No entanto, ter diabetes não é sinônimo de comer apenas frutas e verduras pelo resto da vida. Hoje, graças à onda fitness, há muitos especialistas que se dedicam ao desafio de tornar mais saudáveis alguns pratos “queridinhos” de grande parte da população e que são difíceis de abrir mão. O site “Alimentação para Diabéticos”, como o próprio nome diz, disponibiliza várias receitas adequadas para essa grupo em específico, mas que podem ser experimentadas por qualquer um.
Há alguns alimentos bem acessíveis que podem ajudar no controle do nível glicêmico, estes sete são exemplos disso: farelo de aveia (reduz taxas de LDL), azeite de oliva extra virgem (eleva o HDL), banana (controle da pressão alta), milho verde (cuida da saúde dos olhos), suco de uva integral (beneficia a circulação sanguínea), linhaça dourada (evita picos de glicose), salmão (diminui os riscos de doenças do coração).
Por fim, dra. Gisele reforça a importância dos tratamentos. “Apesar de ser uma doença de apresentação silenciosa, influenciará diretamente na qualidade de vida do paciente. Portanto, é imprescindível que a diabetes seja tratada e monitorada de perto”, finaliza.