Prefeitura afirma que transferência de paciente se deu pela gravidade do caso
Na última semana, o idoso Benedito Bento Pereira, de 64 anos, faleceu em um hospital de São Paulo devido a complicações causadas pela Covid-19. Indignada com a situação, a filha da vítima, a recepcionista Milene Thais Pereira, de 33 anos, publicou um desabafo nas redes sociais, afirmando que não temos mais UTI aqui na nossa cidade”.
Porém, de acordo com a Prefeitura, a transferência se deu por outro motivo. “Ao contrário do afirmado, a cidade dispõe de estrutura para o atendimento adequado durante à pandemia. A transferência do referido paciente para um Hospital de Referência se deu exclusivamente à gravidade de seu quadro clínico, após avaliação médica”, afirmou a administração em nota.
A Prefeitura também informou que o referido paciente possuía histórico de condições de saúde debilitada, portava doença pré-existente, havia sofrido queda da sua própria altura dias antes da internação e tinha relatado caso positivo de Covid-19 em seu ambiente doméstico.
“Já em relação a um suposto déficit de número de vagas, informamos que na data dos fatos (dia 20 de julho de 2020 – conforme divulgado no Boletim Epidemiológico da cidade de Itu número 92), a cidade tinha ocupação de 75% na UTI no Hospital Municipal e de 16,66% nos leitos de emergência/UTI do Hospital de Campanha”, prossegue.
Processo
A declaração de Milene nas redes sociais motivou um processo movido pelo prefeito Guilherme Gazzola (PL), que corre na 1ª Vara Cível de Itu e teve início na última sexta-feira (31/07). Nele, o chefe do Executivo pede remoção da postagem, direito de resposta e indenização por danos morais de R$ 50 mil. Os advogados do prefeito alegam que a publicação traz “fatos absolutamente inverídicos” que poderiam acabar “manchando injustamente sua imagem e credibilidade perante o cidadão ituano”.
A reportagem do JP entrou em contato com a assessoria do prefeito, que emitiu declaração. “Nos pautamos pela verdade, que é descrita e registrada no prontuário médico do paciente, um documento oficial. Num momento triste como este, lamentamos profundamente o uso das redes sociais para disseminar o ódio, caluniar os envolvidos e desrespeitar a memória de quem não está mais aqui”, disse.
Já o advogado de Milene, Clayton Franquini, disse que a família recebeu a notícia do processo “com perplexidade e terror”. “Esperava a família ao menos o respeito pelo luto devassador que enfrentam neste momento, não o tratamento como vilões. Estamos confiantes que não haverá condenação pelo poder judiciário e a inocência será comprovada, pois a censura e a utilização da máquina pública para perseguir o cidadão, somente é permitida em Estados onde a democracia e a liberdade de expressão são suprimidas”, alegou o defensor.
Prezados
consultando o site do TJ sp o processo é de 50 milhões.
A cidadã, que perdeu o pai, não tem direito a fazer desabafo?
A autoridade municipal cala alguém, com processo, que perdeu um ente querido, que não compreendeu o motivo da transferência desta para outra cidade?