Produção de cinema nacional passou pela cidade de Itu
Em 19 de junho de 1898, Afonso Segreto fez as primeiras imagens em movimento da Baía de Guanabara no Rio de Janeiro. O pioneirismo daquele italiano radicado no Brasil transformou a data no Dia do Cinema Brasileiro. A produção cinematográfica nacional foi iniciada pouco mais de 15 anos depois e não parou mais. E a cidade de Itu desempenhou um papel importante para a indústria do cinema local, especialmente na década de 1970.
Cenário de diversas produções, Itu chegou a ganhar o título de “cidade cinema”. “A cidade de Itu para cinema nacional é importantíssima. Tivemos muitas produções aqui realizadas. Muitos diretores, atrizes e atores consagrados já passaram pela cidade”, afirma o cineasta e artista visual Paulo Aranha, que recentemente lançou o curta-metragem documental “Maria de Oliveira: o cinema brasileiro passou por Itu”.
O filme destaca a vida da protagonista e seu trabalho como continuísta em filmes como “Vereda da Salvação”, dirigido por Anselmo Duarte, e “O Anjo Assassino”, de Dionísio Azevedo, gravados em Itu. Outros filmes foram gravados na cidade, conforme Paulo Aranha: “A Morte Comanda o Cangaço”, “O Caçador de Esmeraldas”, “O Homem bem dotado de Itu”, “Corisco, o Diabo Loiro”, “O Cangaceiro sanguinário”, “Cangaceiro sem Deus”, “Vigilante Rodoviário”, “Luar do Sertão”, “No Rancho Fundo”, dentre outros.
“Os filmes deixaram lembranças históricas em cenas pela cidade. No filme ‘Homem Bem Dotado de Itu’ temos imagens das praças, no filme ‘Luar do Sertão’ temos o bar Casa Rodrigues, as construções das estradas e a igreja. Raul Cortez, Sônia Braga, Antônio Pitanga, Leila Diniz, Zózimo Bulbul, Tarcísio Meira, Anselmo Duarte, Zé do Caixão, Maurício do Valle, Tonico e Tinoco e Chitãozinho e Xororó foram alguns que estiveram na cidade”, destaca Paulo Aranha.
Segundo Paulo Aranha, depois da continuísta Maria Inez da Silva Oliveira, outro nome que contribuiu muito com o cinema local foi Osvaldo de Oliveira, que começou a filmar aqui em Itu no início dos anos 1960. “Ele trabalhou como diretor, roteirista, mas trabalhou muito na direção de fotografia e fez muitos trabalhos para cineastas como Sylvio Back, Person, Silvio de Abreu, Anselmo Duarte, Zé do Caixão, Mazzaropi, Carlos Reichenbach, Jairo Ferreira, Lenita Perroy, entre outros”, afirma o ituano.
Outros ituanos que tiveram participação nas produções cinematográficas brasileiras foram Letácio Camargo (ator e diretor de produção), Simplício (que atuou em alguns filmes) e também o mineiro palhaço Pimentinha, que morava na cidade neste período das produções cinematográficas.
Cinema por paixão
O envolvimento de Paulo Aranha com o cinema vem da infância. “Desde criança, meu pai me levava muito ao cinema e seu bar foi cenário para filmes. Isso tudo me marcou muito. Na época da Escola Regente Feijó íamos muito ao cinema também. Lembro que assisti aos filmes dos Trapalhões e da Xuxa. Comecei a me profissionalizar há 20 anos, fiz cursos com o amigo Joel Yamaji e depois uma pós-graduação em cinema. Amo cinema desde sempre”, declara.
Para o ituano, o cenário atual do cinema brasileiro é “incrível e de muita diversidade”. “Muitos trabalhos estão sendo reconhecidos internacionalmente, em nossa região temos Marcelo Domingues premiado em vários festivais e Daniel Bruson que trabalha com animação, premiadíssimo também”, destaca.
“O cinema nacional tem conquistado novos espaços pelo país, novas cineastas mulheres, povos originários, cinema negro, cinema LGBTQIA+, cinema infantil, cinema ambiental, entre outros. O cinema brasileiro é diversidade, tropical, plural, político, arte, identidade da brasilidade, cultural, uma forma de pensar e agir poeticamente”, afirma o ituano, que diz ser difícil escolher um só filme brasileiro preferido.
“É difícil escolher um filme preferido nacional, tenho tantas preferências, mas posso dizer algumas: ‘Limite’, de Mário Peixoto, ‘Fragmentos da Vida’, de José Medina, ‘Câncer’, de Glauber Rocha, ‘Imagens’, de Luiz Rosemberg Filho, ‘Céu sobre água’, de José Agrippino de Paula, ‘Luz nos Trópicos’, de Paula Gaitán, ‘Imagens do Declínio – Beba Coca Babe Cola’, de Torquato Joel e Bertrand Lira, ‘Paraíba Masculina Feminina Neutra’, de Jomard Muniz de Brito, ‘Sulanca’, Kátia Mesel, ‘Bang Bang’, de Andrea Tonacci, ‘Marca Registrada’, de Letícia Parente, ‘Ocaso’, de Camilo Cavalcante. Estes são alguns. São filmes das minhas referências cinematográficas e estudos. Viva o Cinema Brasileiro!”, finaliza.