Professora Maria Angela é tema de livro de Rodrigo Stucchi
Uma grande personalidade de Itu é tema de um livro a ser lançado nesta quinta-feira (19), primeiro dia da FLIC (Feira Literária e Cultural de Itu). Trata-se da professora Maria Angela Pimentel Mangeon Elias, que tem sua história contada pelo jornalista, escritor, designer gráfico, psicanalista e assessor de comunicação Rodrigo Stucchi no livro “Maria Angela – à frente e em frente”. Quer dizer, parte da história. Isso porque a publicação da Editora Mirarte traz um recorte dos primeiros 33 anos da vida da educadora, hoje com 96 anos.
“Esse é um projeto de muitos anos. A gente se conhece desde que eu entrei para a ACADIL (Academia Ituana de Letras), desde que escrevi um mini perfil sobre ela em 2012 no jornal ‘Folha da Cidade’. Ela gostou do tipo do meu texto e desde então a gente vem conversando sobre um dia eu escrever as memórias dela”, conta ao JP o autor. “Na verdade, não fui eu quem escolhi ela, mas eu fui escolhido por ela”, diz com satisfação.
Segundo Stucchi, o leitor pode esperar no livro as memórias de Maria Angela, o que ela se recorda do período em que nasceu até os 33 anos, quando veio para Itu. “Ela representa tanto para a cidade que muita gente pensa que ela é nascida aqui. Mas não, ela nasceu em Amparo/SP, passou por algumas cidades e com 33 anos chega em Itu. Ela já chega vinda de um concurso de remoção para o Colégio Estadual Regente Feijó, que está completando 90 anos. Ela chega para essa vaga. Já chega como uma grande professora, casada e com os quatro filhos. Tudo isso ela já tinha antes de vir para Itu”, conta o autor, que quer mostrar ao leitor esse período que poucos conhecem.
O jornalista reforça que seu livro quer mostrar “o que está por trás da educadora”, como foi o período em que moldou sua personalidade. “Como era a infância dela, do que ela brincava, quais eram os cenários e tal. Eu como jornalista em primeiro lugar, e não como escritor, estou trazendo uma história real”, explica Stucchi, que contextualiza os cenários e o período desse recorte da vida da professora Maria Angela.
O livro destaca o período de 1926, quando a educadora nasceu, até 1959, quando veio para Itu – período esse em que uma guerra mundial aconteceu. Mas a lembrança maior de Maria Angela é outra. “Por incrível que pareça, a Segunda Guerra Mundial ela não lembra muito, porque na vida dela não teve tanto impacto. Mas a Revolução Constitucionalista de 1932, aí sim, porque o pai dela trabalhava com café – e era justamente quem estava brigando com as tropas de Getúlio Vargas, os cafeicultores paulistas”, conta Stucchi.
Desafios e futuro
Além das dificuldades inerentes de se publicar um livro (como investimentos e todo o trabalho empenhado), o autor revela que colher as informações foi um desafio. Segundo ele, foram anos conversando com a professora, que ao longo da última década foi compartilhando suas memórias com o jornalista – que foi indicado por ela para uma cadeira na ACADIL.
Ao longo dos anos, Stucchi foi reunindo esse material compartilhado por Maria Angela e, quando veio a notícia da realização da FLIC, ele viu como uma oportunidade para lançar seu livro. “A FLIC foi meu deadline [jargão jornalístico para o prazo final de entrega de um material]”, brinca o autor, que conta que o projeto fluiu nos últimos meses até chegar ao estágio final de publicação.
Stucchi é especializado em jornalismo literário, e empregou esse estilo em sua obra. “Dentre os pilares do jornalismo literário, os dois mais importantes são a humanização e a imersão. Então é você tratar o ser humano que você está retratando ali como ser humano, e não como dados, informações, estatísticas. A preocupação principal é o que ele realmente é e representa para as pessoas que forem ler sobre a história dele. E junto com isso a imersão nossa como escritor, autor, jornalista de entender a realidade que você está retratando e não só o que o personagem principal, aquele que você está abordando, está te falando”, comenta o autor, que já pensa em projetos futuros.
“Tenho certeza que tem outras personalidades de Itu fantásticas, algumas que até faleceram, que eu estou de olho, sim, que eu gostaria muito de escrever ou um perfil ou uma biografia”, conta Stucchi. O lançamento de “Maria Angela – à frente e em frente” ocorre amanhã (19) a partir das 19h, na Praça do Carmo. Na oportunidade, Stucchi vai prestar uma homenagem à professora, em nome da FLIC, e ler trechos da obra literária. Haverá venda do livro físico no local pelo próprio autor e sessão de autógrafos. O livro custa R$ 50.