Professores do Colégio Anglo analisam Enem e Fuvest
Em plena temporada dos grandes vestibulares, professores do Colégio Anglo Itu e Salto foram convidados a analisar a prova recém-aplicada do Enem e comentar sobre o que esperar da prova Fuvest, agendada para os dias 4 de dezembro e 8-9 de janeiro de 2023.
Para o professor Henrique Nogueira, de Física e Matemática, “a prova do Enem nessas áreas está cada vez mais conteudista, extensa e cansativa. As questões demandavam tempo e um embasamento teórico sólido, exigindo a memorização de fórmulas e conteúdos. Matemática estava dentro dos padrões de dificuldade, apresentando textos longos, tabelas, gráficos e imagens. Temas clássicos apareceram: probabilidade, razão e proporção, função, análise combinatória, geometria espacial e porcentagem”.
Ele observa que Ciências da Natureza, em particular Física, estava ainda mais complexa: “muito baseada em tópicos da Mecânica, Termologia e Eletricidade, porém com má distribuição das questões entre fáceis, médias e difíceis”, complementa.
Segundo o professor, a prova está cada vez mais alinhada aos vestibulares tradicionais, ou seja: para ter bom desempenho nessa área, o aluno precisa necessariamente ter tido um excelente embasamento teórico e treinamento exaustivo, o que compromete o caráter inclusivo que norteou a criação do ENEM original.
Sobre a Fuvest, Henrique lembra que é o maior vestibular do país e historicamente se mostra uma prova objetiva, extremamente conteudista e com tendência de maior dificuldade em Matemática. Entretanto, após a pandemia, para o professor, nota-se que o exame reduziu um pouco o nível das questões dessa área, o que equilibrou a prova como um todo, impactando assim as notas de corte.
“Portanto, há uma tendência de ligeiro aumento da dificuldade nas questões este ano por estarmos nos afastando do pico pandêmico e de seu impacto na educação”, conclui.
Com relação aos conteúdos, Henrique observa que a Fuvest é bastante clássica: “em Física, temos majoritariamente questões que exigem cálculo, e praticamente metade da prova se baseia em temas da Mecânica e Eletricidade. Já em Matemática, a prova é bem distribuída, mas destacam-se temas como funções, razão e proporção, geometria plana e analítica”.
“Para um bom desempenho no exame, recomendo que o aluno faça provas antigas para se familiarizar com o estilo das questões, aprenda a lidar com o tempo e procure analisar a prova como um todo, deixando as questões mais complexas para o fim, uma vez que a nota de corte é definida pragmaticamente sobre o número absoluto de acertos.”
Professora de Redação, Cármen Sílvia Portela Santos considera que “o tema do Enem 2022 foi muito pertinente, pois trouxe uma discussão urgente para a atualidade: Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil. O tema chega em um momento importante de discussão das minorias históricas, como indígenas, quilombolas, entre outros. “Nossos alunos, inclusive, já tinham familiaridade com o assunto, trabalhado em aulas e simulados ao longo do ano”, destaca a professora. Ela ainda explica que, para ser bem-sucedido na redação, o candidato deveria fazer uma leitura atenta do recorte temático, além de desenvolver um trabalho produtivo combinando coletânea com bagagem pessoal, adquirida dentro e fora da escola. Outro diferencial da redação é a busca por intervenções adequadas para os problemas apresentados. Os temas do Enem trazem sempre um problema que faz parte do cotidiano brasileiro, por isso o candidato precisa analisar causas, consequências e o que já foi feito para enfrentar tal realidade.
Já a Fuvest, de acordo com Cármen Sílvia, trabalha temas a partir de um olhar mais amplo, de discussão universal, geralmente relacionado ao comportamento humano. Uma boa produção textual requer sensibilidade para entender os vários gêneros apresentados na proposta e capacidade para relacionar esses gêneros a repertórios próprios, os quais, de preferência, devem ser de áreas do conhecimento, como História e Filosofia. “A Fuvest busca atrair um candidato com histórico de leitura, um aluno que estabelece relações, que aproveita conhecimentos de outras áreas para lançar um olhar largo sobre o tema proposto”, explica e completa: “O último, por exemplo, pedia uma discussão sobre as diferentes faces do riso, ou seja, o riso opressor, o riso submisso, o riso de resistência…”.
O professor Fernando Spagnol avalia: “Este ano, a prova na área de Biologia manteve o padrão ENEM de cobrança de conteúdos, com alguns pontos em destaque: foi bem dinâmica, moderna, trabalhosa e elogiada pelos professores da equipe. Tabelas, gráficos e imagens exigiram uma leitura diferenciada dos alunos. Valorizou-se ainda um conhecimento contextualizado de temas da atualidade, como Biotecnologia e Ecologia”.
Fernando, ao comparar com a Fuvest, conforma que esta tem concepção bem diferente, pois é dividida em duas fases. A primeira traz 90 questões de múltipla escolha, contemplando as disciplinas do Ensino Médio, e a segunda acontece em dois dias, com questões dissertativas e específicas. A intertextualidade é muito explorada em ambas as fases, com questões bem elaboradas e de conhecimentos que variam no grau de dificuldade, portanto, na opinião do professor, “essa é uma das melhores provas, que sempre mantém o padrão Fuvest. Acredito também que este ano não será diferente. Aqui vai uma dica ao candidato: faça esquemas, resumos, desenhos e leia com bastante atenção o enunciado, procurando reconhecer sutilezas e obter o melhor resultado.
Para o professor Marques, da equipe de História, “a prova Enem seguiu a estrutura já conhecida pelo exame nacional, ou seja, uma grande quantidade de textos e algumas questões pontuais. Este ano, esteve mais conectada com assuntos de História do Brasil, em detrimento de História Geral. Temas tradicionais como antiguidade clássica, Grécia e Roma, guerras mundiais, revoluções liberais burguesas e formação do Absolutismo e suas características estiveram ausentes nesta edição. Houve mais questões relacionadas ao Brasil, com ênfase aos séculos XIX e XX, como Império e início da República. Os alunos que acompanharam as aulas estavam preparados para um bom desempenho”.
Em História, a prova da Fuvest costuma apresentar um predomínio de questões relacionadas às áreas de História Contemporânea e História Moderna, Antiguidade Clássica e História do Brasil, com ênfase no Sistema Colonial e República Oligárquica. “Essa prova costuma ser bem específica, portanto recomendo aos alunos revisarem esses assuntos e se atentarem aos temas de historiografia e patrimônio histórico, que também podem ser cobrados nessa edição”.
Equipe de excelência!