Protesto contra mudanças no EJA marcam sessão de Câmara

Grupo com mais de 100 pessoas chegou a adentrar o plenário. Presidente conversou com os alunos e prometeu reunião com secretário

Na noite da última segunda-feira (3), a Câmara de Vereadores foi palco de seu primeiro protesto na nova legislatura. Um grupo de mais de 100 estudantes e professores (500 de acordo com os próprios) da Educação de Jovens e Adultos (EJA) protestaram contra mudanças impostas pela atual administração municipal na modalidade de ensino. Os manifestantes carregavam faixas e entoavam palavras de ordem.

“Senhor prefeito, sem educação. Não vai fechar a nossa escola não”, cantavam os manifestantes durante a passeata que saiu do EJA “Maria da Glória”, próximo à Praça Regente Feijó, e culminou no ato na Casa de Leis. A pedido de Maria do Carmo Piunti (PSC), o presidente José Galvão (DEM) suspendeu a sessão por alguns minutos e se reuniu – juntamente com outros vereadores – com os estudantes.

A comissão foi recebida pelo chefe do Legislativo ituano em seu próprio gabinete. Lá, eles puderam explicar a situação que enfrentam. “Fomos comunicados em uma reunião que o EJA vai passar gradativamente para o Estado”, disse Luis Henrique Cavalcante, professor de Geografia e Sociologia no EJA “José Amaro”. “Uma das alegações do secretário é que o Ensino Médio não é de responsabilidade do município”, prosseguiu.

Segundo o professor, na metade de 2018 o Ensino Médio de EJA municipal será encerrado. “Os alunos do Ensino Fundamental não sabem o que será deles no próximo semestre”, apontou Cavalcante, informando que, na reunião, ficou claro que os professores não serão dispensados, porém serão encaixados em outros projetos educacionais. “Não é a realidade de um professor PEB II da Prefeitura. Não somos alfabetizadores, nós somos professores especialistas”, explicou.

Outro manifestante chegou a dizer durante a reunião que o EJA municipal só foi implantado por necessidade, porque o Estado não estava apresentando resultados. “E agora? Vamos jogar de novo para o Estado, sabendo a história? Já foi feito e não deu certo”, apontou. “Voltar o EJA para a DE (Diretoria de Ensino) é um risco que nós como professores não queremos correr”, continuou Cavalcante, alegando que hoje a Prefeitura tem a estrutura pronta.

Após questionamento de Maria do Carmo, os alunos presentes no protesto reconheceram que não deverão ser afetados pelas mudanças propostas, mas afirmaram estar lutando pelo próximo. Neste momento o clima esquentou, já que alguns manifestantes não entenderam a fala da vereadora. Porém, tudo foi contornado e a reunião voltou ao alto nível de antes.

Os estudantes e professores criticaram a imediatez da Prefeitura, já que o aviso sobre a mudança, segundo eles, foi feito na segunda quinzena de março, sem consulta prévia a eles. Neste momento, Rodrigo Macruz (PTB) sugeriu que uma reunião fosse realizada com o secretário municipal de Educação, Walmir Scaravelli, e os demais vereadores. “A Câmara inteira é a favor da educação”, disse o primeiro-secretário.

O encontro deverá acontecer ainda nesta semana. Dito Roque (PTN) pediu que representantes da Diretoria de Ensino participem da reunião. “Se o pessoal da antiga Delegacia de Ensino não participar, não vai adiantar nada. Porque senão a gente vai fazer uma reunião de um lado só”, disse o decano. Reginaldo Carlota (PTB) chegou a sugerir convidar o prefeito Guilherme Gazzola também.

 

Sem prejudicar

Questionada pelo “Periscópio”, a Prefeitura de Itu declarou que apenas parte do EJA deixará de ser municipal e passará a ser de responsabilidade do governo do Estado. Também informou que os alunos não serão prejudicados e os professores da rede municipal serão remanejados. “Em atendimento ao pedido dos vereadores, a Prefeitura está providenciando o agendamento da reunião”, finalizou o Executivo.