Quais as origens da relação de Salto com a sétima arte?

Por André Guida

Anselmo Duarte, roteirista, diretor, ator e produtor saltense (Foto: Divulgação/ASLe)

Sabe-se que o primeiro cinematógrafo, máquina construída pelos irmãos Lumière na França de 1895, revolucionou completamente o mundo da arte e se firmou no mundo todo como a chave para o encantador mundo da cinematografia.

Após mais de um século, a arte do cinema se espalhou ao redor do mundo, dando modo para correntes, estilos e personalidades das mais diversas tornarem o modo de fazer cinema, de interpreta-lo (e até de consumi-lo) coerentes com a realidade de cada país e background cultural, e o Brasil não seria diferente. Diversos são os filmes que marcaram a história brasileira gravados no Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília, mas há uma cidade no interior do estado de São Paulo que está irremediavelmente ligada à nona arte: Salto.

As origens deste vínculo se dão por uma figura em especifico que marcou o Brasil (e ouso dizer o mundo todo) em sua contribuição para a cinematografia: Anselmo Duarte, roteirista, diretor, ator e produtor saltense, também primeiro e único brasileiro a receber o prêmio Palma de Ouro no renomado Festival de Cannes (França).

Com participação em mais de 15 produções entre filmes e series de televisão, e uma carreira de décadas, Anselmo Duarte teve sua primeira experiência em um set cinematográfico ao lado de nada menos do que Orson Welles, lendário roteirista e diretor que em 1942 gravava seu nunca finalizado filme “It’s All True” com o jovem saltense como figurante. Após este contato Duarte continuou atuando em suas obras, e em 1962 saia às salas sua obra mais reconhecida internacionalmente: “O Pagador de Promessas”, vencedor do prêmio Palma de Ouro em Cannes e indicado ao prêmio Oscar, no ano consecutivo.

Entretanto, mesmo após seu período de maior auge, Anselmo Duarte continuou trabalhando incansavelmente até seu falecimento em 2009, após complicações de um AVC. Em seguida, após sua morte, a Prefeitura de Salto esforçou-se para manter esse legado, e Oséas Singh Jr., secretário de Cultura da cidade, confirma as medidas que permeiam Salto de cinematografia.

“É a primeira vez que um logo de administração remete-se a algo cultural, e não ideológico ou político. Anselmo só gostaria que discutíssemos suas obras, como de fato fazemos, e esses eventos são essas oportunidades, assim como o Festival Internacional Anselmo Duarte, criando por nós”, conta.

Em matéria dos efeitos que essas medidas têm para com a população, não falamos de um impacto direto também, mas um trabalho feito a mais de 30 anos: “Salto foi declarada a 2º melhor cidade para se viver no país e a melhor no Estado, e a razão de tal são também nossas Ações Culturais, inserindo a população também em um contexto artístico ou esportivo, afastando jovens de contextos a margem social, e a cinematografia e o nome do Anselmo também são parte dessa conquista”.

Há de se mencionar também o curso de Cinema do CEUNSP, um diferencial em respeito a outras instituições, trazendo jovens da região inteira para o estudo das artes do cinema, e seu diferencial é de fato o fator pratico do curso. Ocupando-se de todos os aspectos das produções (roteiro, direção, produção, entre outros) os alunos desenvolvem todas as características e conhecimentos para honrar o nome de Anselmo Duarte e de suas obras, provando que nosso eterno complexo de vira-lata é um construto de nossas mentes, e que o Brasil pode sim ser uma referência mundial na arte que tantos acham serem exclusiva de Hollywood.