Queimadas: Itu e região em meio às chamas

No início da semana, grande incêndio foi registrado na divisa de Itu com Araçariguama (Foto: Divulgação)

O Brasil tem sofrido com as condições climáticas e ambientais nas últimas semanas. Além do clima seco e a forte estiagem, as queimadas estão castigando o país. 

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São Paulo, onde o céu está coberto de fumaça há quase uma semana, o fogo aumentou mais de 400%. São 6,3 mil focos de fogo esse ano (entre 1º de janeiro e 10 setembro), contra 1,2 mil no ano passado. Isso está sufocando o estado com fumaça e derrubando a qualidade do ar e a umidade.

Ainda de acordo com os dados, somando os focos de incêndio ativos de todos os estados do Sudeste, o número aumentou de 4,7 mil pontos de fogo para 15,2 mil no mesmo período deste ano.

No Centro-Oeste, a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, está em chamas, e o Pantanal tenta sobreviver a um incêndio histórico, o que faz subir os números de incêndios na região.

Na última semana, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o bioma pode desaparecer. No Mato Grosso do Sul, onde está parte do Pantanal, o número de focos de fogo é mais de 600% maior que em 2024.

Assim como em grande parte do país, em Itu e região as más condições climáticas e ambientais não são diferentes. Entre as diversas queimadas, nesta semana foi registrado um grande incêndio na divisa de Itu com o município de Araçariguama. 

“Houve um grande incêndio ontem [segunda-feira, 9 de setembro]. A mata pegou fogo durante horas, queimando considerável parte. Há muitos sítios próximos e aqui é parte da Mata Atlântica”, disse Rosária Santana, moradora da região.

Marido de Rosária, José Aderbal Pinto de Santana também comentou a respeito. “Foi um dia de muita apreensão e medo. Há dois anos,  atearam fogo no mesmo lugar, só que não foi dessa proporção. Eu, meu filho e a esposa dele estamos com problemas de rinite e dor de cabeça. O ar está muito poluído, pesado. Muita fuligem no ar e invadindo nossas casas. Ficamos com muito medo que o fogo chegasse até as residências próximas, mas graças a Deus não aconteceu. Assim como nós, nossos vizinhos sofreram também com o ocorrido”, relatou José Aderbal, que informou ainda que o fogo foi combatido pelo Corpo de Bombeiros com a ajuda de moradores e funcionários de fazendas das proximidades.

Mais queimadas

Na região do Pirapitingui, as queimadas também impactaram. Na última sexta-feira (13), por conta da fumaça das queimadas nas imediações, as aulas na Escola Estadual “Professora Rosa Maria Madeira Marques Freire”, foram suspensas.

Em nota ao JP, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo recomenda que as escolas adotem medidas que garantam a segurança e conforto de todos alunos e funcionários.  “Devido a nuvem de fumaça que atinge o bairro, a unidade foi orientada a suspender as aulas até que a área seja considerada segura”, explica. “A unidade e diretoria de ensino de Itu estão à disposição da comunidade escolar para mais informações”, acrescenta a pasta em nota.

Também na região do Pirapitingui, houve impacto para a Creche da Vila Vivenda e para alunos da Escola Municipal de Tempo Integral Red Saber IV. De acordo com a Prefeitura, em nota, na quinta-feira (12), houve a ocorrência de focos de queimadas nas proximidades da creche e da Rede Saber IV. “As chamas foram controladas e extintas pela Defesa Civil, não houve feridos e nem imóveis atingidos. Porém, com a ocorrência de fumaça, por precaução, os alunos foram liberados para retornarem para casa.”

 “Devido ao fato da creche e da escola estarem equipadas com ar condicionado, as crianças permaneceram seguras e sem contato com o ar tomado pela fuligem até serem buscadas por seus responsáveis”, acrescenta a administração municipal.

Ainda segundo a Prefeitura em nota, na sexta-feira (13), “a turbidez do ar se espalhou por toda a região do Pirapitingui e, diante disso, a situação vem sendo acompanhada pela Secretaria de Educação, que não suspendeu as aulas, mas está mantendo os ambientes escolares arejados e com ventiladores ligados. Além disso, os alunos e educadores foram orientados a se hidratarem e evitarem atividades físicas ao ar livre”.

“A Secretaria de Educação também autorizou os pais/responsáveis a buscarem os seus filhos, caso considerem necessário”, encerra a Prefeitura em nota.

Emergência climática

Por conta da situação crítica na região, a Prefeitura de Sorocaba publicou, na última quarta-feira (11), um decreto que coloca a cidade em situação de emergência climática, com ampliação de multa para incêndios criminosos. Em Itu, a Prefeitura informa que não há previsão para o decreto sugerido, uma vez que “o trabalho desenvolvido pela Unidade de Proteção e Defesa Civil de Itu é constante em Itu e tem provado a sua eficácia”.

Por meio de nota, a administração esclarece que a Defesa Civil  prossegue com a Operação Estiagem, que teve início em 1º de junho e se estende até 30 de setembro. Durante este período, a Defesa Civil permanece de plantão até as 20h, juntamente com o Corpo de Bombeiros e os núcleos de Proteção e Defesa Civil, considerando que, normalmente, os focos de incêndio ocorrem a partir do meio da tarde até o início da noite.

“Até o momento foram combatidos mais de 80 incêndios de pequenas até grandes áreas dessa natureza, havendo maior incidência neste último mês em função do pior período de seca registrado nos últimos 40 anos”, destaca a Prefeitura em nota.

A administração reforça que o Departamento de Proteção e Defesa Civil de Itu atua ininterruptamente para orientar a população sobre os riscos das queimadas. “Como parte da orientação sobre prevenção são distribuídos folders informativos em pontos estratégicos como escolas, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e feiras livres”.

Os integrantes da Defesa Civil de Itu receberam, neste ano, ainda de acordo com a Prefeitura, a qualificação da Defesa Civil Estadual e promovem treinamentos pessoais para os Núcleos de Proteção e Defesa Civil (formados por brigadistas dos núcleos e bombeiros civis voluntários).

A Defesa Civil de Itu também adquiriu uma bomba de água com capacidade para 600 litros, que é acoplada a uma viatura e utilizada no combate ao fogo e recebeu do Governo do Estado um kit de estiagem, composto, entre outros itens, por abafador, EPI (Equipamentos de Proteção Individual), e materiais utilizados durante as operações.

Apesar dos esforços, a Prefeitura frisa que as queimadas, além de danos ambientais envolvendo fauna e flora, propiciam o agravamento de quadros de saúde em pessoas com problemas respiratórios, contaminação dos córregos e rios e podem ainda evoluir para incêndios de grandes proporções, acarretando destruição, perdas materiais e ceifar vidas humanas.

Também pontua que nebulosidade no céu em Itu se deve majoritariamente às queimadas de grandes proporções que ocorreram nos últimos dias em municípios vizinhos das regiões de Sorocaba, Indaiatuba, Cabreúva e Monte Mor.

Chuva

A chegada de uma frente fria poderá trazer chuvas que ajudarão a dispersar a fumaça. As precipitações esperadas para o final de semana podem reduzir os focos de incêndio e melhorar a qualidade do ar no Estado de São Paulo. Apesar de a frente fria estar prevista para este final de semana, em Itu a previsão de chuva é para segunda-feira (16).