A rosa e o cravo
“Gosto muito de contar e florear histórias. Acredito que histórias, podem ensinar a corrigir erros, aquecer o coração e até promover mudanças…”.
Era uma vez duas senhoras, Ana e Anita. Elas se mudaram, recém-casadas, para casas vizinhas. Não sei quem começou a briga – só sei que trinta anos depois, elas mesmas não se lembravam de quem começara. Mas a briga continuava…
Era uma briga travada. Nada na cidade escapou das consequências. Nem mesmo a igreja escapou quando Ana e Anita iniciaram uma questão pela presidência de uma irmandade. Ana ganhou este combate, mas foi uma vitória sem valor, pois a Anita, derrotada, demitiu-se da irmandade, deixando Ana bastante constrangida.
Em compensação Anita conseguiu ser indicada como Bibliotecária Pública. Ana, por sua vez, assídua frequentadora da biblioteca parou de apanhar livros dizendo que estavam “cheios de vermes”.
Além dessas batalhas, acontecia bastante ataque envolvendo os filhos e, posteriormente os netos que revidavam com igual rancor.
Anita tinha uma caída especial pelo Caderno Feminino do jornal diário da capital. Além das matérias sempre interessantes, havia uma seção de troca de cartas para que as leitoras pudessem opinar e desabafar seus problemas. Para que o anonimato fosse mantido as cartas vinham assinadas com um pseudônimo. O da Anita era “A Rosa”.
Muitas vezes, as leitoras ficavam se correspondendo por anos, através do jornal, falando sobre filhos, receitas de doces e mais e mais assuntos triviais.
Foi isso que aconteceu com Anita. Ela e uma mulher com o pseudônimo de “O Cravo” se corresponderam por 25 anos e Anita dizia ao Cravo coisas que jamais confessaria a ninguém. Cravo era sua amiga do coração.
Aconteceu que após uma breve enfermidade Ana morreu. Numa cidade pequena, faz parte, os vizinhos próximos se oferecer para ajudar a família enlutada. Anita, decidida, atravessou a rua e foi até a casa da falecida e pôs-se a ajudar seus familiares na preparação para os funerais de Ana.
De repente, Anita viu aberto sobre um móvel, num lugar de destaque, um grande álbum de recortes. Para o seu mais absoluto espanto ali estavam coladas, em colunas paralelas, as cartas dela para o Cravo e as do Cravo para a Rosa. A maior inimiga de Anita fora, na verdade, sua melhor amiga.
Anita chorou muito. Chorava por todos os anos perdidos que não poderiam ser recuperados.
As pessoas podem parecer insuportáveis. Podem parecer omissas e maldosas. Mas, se olharmos seu outro lado descobriremos que são também generosas e amorosas.
Olhemos cada ser humano com ternura e descobriremos maravilhas transformadas em gotas de amor.
O momento de amar é agora!
Ditinha Schanoski
Cadeira nº 9 I Patrono Benedito Motta Navarro