Santa Rita: tradição e fé na cidade de Itu
Após dois anos consecutivos de procissão motorizada devido à pandemia de Covid-19, neste domingo (22) haverá o retorno da tradicional procissão em louvor à Santa Rita, a santa das causas impossíveis. Nos anos anteriores à pandemia, mais de 30 mil pessoas percorriam às ruas centrais de Itu, acompanhando a imagem de Santa Rita. Depois da pausa forçada, a expectativa é de um número ainda maior de fiéis, de acordo com organizadores da festa.
Chama a atenção o fato de a procissão de Santa Rita levar mais fiéis do que a procissão de Nossa Senhora da Candelária, a padroeira da cidade. Ao Periscópio, o historiador e professor Luis Roberto de Francisco comenta. “A festa de Santa Rita se tornou uma das mais emblemáticas para a população católica de Itu seja porque a numerosa comunidade italiana, constituída no século XIX, encontrou aqui uma capela dedicada à santa de mesma origem e se afeiçoou dessa devoção; mas também porque a santa de Cássia é intercessora das ‘causas impossíveis’”, afirma.
“Imagina-se quantas pessoas atribuem graças especiais à intercessão de Santa Rita e por isso são tão devotas. Vale lembrar que foi um português – Matias de Melo Rego – o responsável pela construção da capela em nossa cidade em 1728, quando Santa Rita era somente beata. Esta é uma das mais antigas capelas dedicadas a Santa Rita no Brasil”, acrescenta o historiador.
Presidente da Associação Ituana do Grupo Remido de Festeiros de Santa Rita de Cássia, José Luiz Benedetti relembra o período de incertezas devido à pandemia. “Nunca tínhamos imaginado ver as igrejas vazias, suspensas as celebrações comunitárias, a catequese e tantas atividades. A impossibilidade de aproximar-se dos sacramentos, de receber a comunhão sacramental, de se encontrar com os irmãos e irmãs em comunidade, tudo isto constituiu uma dura provação”, comenta.
“A celebração da fé é encarnada, presencial, comunitária, relacional, de encontro, de afeto, de comunhão de irmãos e irmãs. Assim, convidamos a todos os fiéis para participarem no dia 22 (domingo), às 9h, da Santa Missa e da Grandiosa Procissão em Louvor a Santa Rita de Cássia”, acrescenta José Luiz. “A importância presencial nas missas e procissão é nos reunir para celebrar a presença de Deus em nosso meio, ouvir na homilia do padre uma palavra de amor, paz e conforto. É fundamental descobrir e aprofundar a riqueza e a beleza do conteúdo e do significado que estão presentes na celebração eucarística e que dão sentido pleno à vida de cada cristão e da Igreja”, destaca o organizador.
A devoção à Santa Rita de Cássia tem uma trajetória de 35 anos para o aposentado Manoel Salvador Oliveira, de 66 anos de idade. “A fé é muito grande. Quando ainda namorava a minha esposa, já participávamos da procissão e, depois de casados, continuamos. Acredito que a fé é muito importante. O pouco que pedimos fomos atendidos por Santa Rita”, destaca. Manoel, que também fotografava as procissões de Santa Rita, passou toda a devoção à santa para suas filhas Giovanna e Lígia, ambas de 30 anos.
Lígia falou ao JP. “Minha participação na festa de Santa Rita começou desde bebê. Quando ainda estávamos na maternidade o médico achou que tínhamos uma problema no coração. Nossa mãe fez então uma promessa para Santa Rita, se não fosse nada ela ia nos levar na procissão”, comenta.
“Não deu nada e fomos nós com apenas três meses de vida na festa, porém estava muito frio e minha mãe parou no meio do caminho. Segundo nosso pai, ela até conversou com Monsenhor Camilo Ferrarini para saber se estava tudo bem ter parado e estava. No ano seguinte deu certo, ela concluiu a procissão, e a próxima e virou uma tradição, um momento que aguardamos para ir na festa, passar um tempo em família”, prossegue Lígia.
A assistente administrativo acrescenta. “Santa Rita para mim é momento em família. Quando penso nela, penso sempre na minha mãe e na minha avó, que estão sempre pedindo proteção para toda a família”.
Trajeto
A procissão de Santa Rita terá sua saída às 16h45, da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, descendo a Rua Sete de Setembro até a frente da Igreja de Santa Rita, passando pelas ruas Santa Rita, Rua Maestro Elias Lobo, Santa Cruz até a Bom Jesus, retornando para a Rua Santa Rita até a Igreja.
“Esperamos que para o próximo ano tudo possa estar bem melhor para podermos preparar uma Grande Festa para esta Grande Santa das Causas Impossíveis”, conclui José Luiz Benedetti.