Saúde em Foco: A briga para manter a forma
Por Dr. Eneas Rocco*
Tem gente que tem muita sorte; come de tudo, repete o prato, e o peso não muda nunca. Dá até raiva!! A grande maioria dos mortais, no entanto, vive situação oposta; sempre às turras com a balança! Atualmente, um percentual significativo da população apresenta peso bem acima do desejável.
Dados recentes do IBGE, apontam para alarmantes 100 milhões de brasileiros com mais de 18 anos, classificados como portadores de sobrepeso. Isso significa ter um peso acima de vinte e cinco quilos por metro quadrado de área corporal. Quem quiser saber o seu índice de massa corporal, deve multiplicar a própria altura por ela mesma.
Quem, por exemplo, mede um metro e setenta, tem uma área corporal de 2,89 metros quadrados que é o resultado da multiplicação 1,7 x 1,7. Com essa área corporal, o peso máximo normal é de 72 quilos. Se estiver acima disso, será considerado um sobrepeso.
Ainda mais alarmante nesse mesmo levantamento, é a quantidade de brasileiros de mais de 18 anos, que tiveram diagnosticada a obesidade; mais de 40 milhões, sendo maior a prevalência entre as mulheres. Para o diagnóstico de obesidade, considera-se mais de trinta quilos por metro quadrado de superfície corporal.
Em pouco mais de dez anos, o percentual de obesos no Brasil cresceu de 15 para 22 por cento. No restante do planeta, à exceção de países africanos e alguns asiáticos, esse quadro se repete, e estima-se mais de 700 milhões de obesos no planeta, ou seja cerca de 10 por cento da população mundial.
A obesidade é considerada por si só uma doença crônica, predisponente de outras muitas doenças, em especial o diabetes. Suas causas são múltiplas, destacando-se o componente hereditário e as questões comportamentais.
O ambiente em que vivemos, é também um fator muito importante na gênese da obesidade. Condições favoráveis para o ganho de peso estão presentes nos mais variados locais que frequentamos como a nossa casa e nosso local de trabalho. A facilidade em obter alimentos calóricos, a oferta insistente de um pedaço de bolo, as comemorações entre equipes e amigos, a geladeira de casa, no caso de quem passa a maior parte do tempo no próprio domicílio, são todas situações promotoras de maus hábitos alimentares.
O combate e a prevenção da obesidade, a exemplo do que vimos em nossa coluna sobre tabagismo, requerem uma mudança de atitude. A recomendação é de que a alimentação seja balanceada, com proporções adequadas de proteínas, carboidratos, gorduras e fibras e se possível a retirada de alimentos industrializados. A quantidade de alimentos e calorias que são ingeridos, também devem ser levados em consideração numa orientação de readequação alimentar. É essencial que a atividade física esteja contemplada nessa mudança.
Nos casos mais resistentes, ou na recidiva de ganho de peso como chamamos o “efeito sanfona” daqueles que já emagreceram outras vezes e voltaram a engordar, é necessário o acompanhamento por uma equipe de saúde, incluindo médicos, nutricionistas e profissionais de educação física.
É essencial que se diga que não há atalhos quando falamos do tratamento da obesidade ou do sobrepeso; dietas milagrosas – além de conferir sempre um certo risco – não são sustentáveis. Para que se obtenha resultado de longo prazo em qualquer mudança de hábitos, é necessário encontrar soluções que substituam o modelo vigente, sendo prazerosas não só pelo resultado, mas porque trouxeram satisfação idêntica àquela que parecia insubstituível.
Bom fim de semana a todos!
*Dr. Eneas Rocco (CREMESP 25643) é formado pela Faculdade de Medicina da PUC-SP – Campus Sorocaba, com especialização pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Hospital Matarazzo de São Paulo.