Saúde em Foco: Fatores de risco
Por Dr. Eneas Rocco*
Como dissemos em nossa Coluna de Saúde sobre o envelhecimento, a abordagem dos fatores de risco das doenças é essencial para a sua prevenção.
Os fatores de risco são condições clínicas, laboratoriais ou mesmo hábitos inadequados que aumentam as chances de ocorrência de situações mais graves em nossos sistemas vitais como o coração, os pulmões, os rins e o cérebro.
Um desses fatores por exemplo é o tabagismo, que se associa a diversas doenças e que faz parte das vidas de inúmeros brasileiros. Em levantamento recente feito em nossa população, constatou-se que há cerca de 10% de fumantes, sendo esses números mais críticos no Rio Grande do Sul onde um em cada quatro habitantes é tabagista.
Além dos danos de curto prazo do hábito de fumar, como a piora da tolerância aos esforços, a tosse crônica do fumante e os danos à pele, sabe-se que o câncer de pulmão se associa ao tabagismo em cerca de 90% dos pacientes diagnosticados.
Da mesma forma, a exposição à fumaça do cigarro em seu trajeto através das vias aéreas constitui fator de risco de doença para essas estruturas, bem como às do aparelho digestório.
Nossos vasos sanguíneos também são bastante sujeitos à ação das substâncias tóxicas produzidas no organismo de tabagistas. Sua associação com outros fatores que agridem o endotélio das artérias, contribui para o desenvolvimento de placas ateroscleróticas que culminam com a obstrução desses vasos.
Nas últimas décadas houve uma conscientização da população graças às campanhas públicas, que enfatizam os malefícios do cigarro comum. O uso de substitutivos como os cigarros eletrônicos, além de não contribuírem para o abandono do tabagismo que seria uma proposta para seu uso, ainda causa danos à saúde.
A boa notícia para os tabagistas é que sempre é tempo para deixar esse mau hábito; como revela uma publicação de 1977 num seguimento de oito anos com 792 homens entre 30 e 60 anos, que houve boa melhora da função dos pulmões para os que abandonaram aos 45 como também, embora em menor proporção aos 65 anos.
Atualmente tanto em rede pública como privada, há grupos multidisciplinares capazes de auxiliar pacientes dispostos à mudança do hábito. Além das sessões de terapia em grupo, há recursos terapêuticos como as gomas, adesivos e medicações de uso oral com comprovação cientifica de sucesso.
É possível abandonar o tabagismo. Mas como toda mudança, essa também exige iniciativa e esforço!!!
*Dr. Eneas Rocco (CREMESP 25643) é formado pela Faculdade de Medicina da PUC-SP – Campus Sorocaba, com especialização pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Hospital Matarazzo de São Paulo.