Saúde em Foco: Meu médico me disse que estou hipertenso. E agora?

Bem, agora, a primeira coisa que você deve fazer é procurar ajuda, para conhecer mais sobre a sua doença. Sua origem, seu tratamento, as medidas de autocuidado necessárias para enfrentá-la, bem como as possíveis consequências evolutivas.

A primeira coisa importante a se saber, é que a hipertensão por si só não é uma doença com sintomas. Em geral, quem tem hipertensão, só fica sabendo dessa condição porque foi a uma consulta de rotina ou porque teve alguma dor e ao buscar atendimento se deparou com a elevação da pressão no exame clínico.

Por outro lado, a hipertensão é uma condição clínica promotora de outros graves problemas de saúde como o acidente vascular cerebral, o infarto do miocárdio e a insuficiência renal crônica.

O diagnóstico de hipertensão arterial, em primeiro lugar, deve ser confirmado através da aferição da pressão arterial por diversas vezes, pois uma única medida elevada pode induzir a um erro de diagnóstico. Às vezes é preciso lançar mão de exames mais específicos como a medida residencial da pressão arterial ou a monitorização ambulatorial da pressão arterial. Este último método de avaliação, consiste na tomada contínua da pressão por vinte e quatro horas, a intervalos regulares, tendo a vantagem da obtenção dos dados durante o sono, tidos hoje como sendo de grande importância clínica.

Numa investigação inicial de indivíduo com hipertensão, estão indicados também outros exames como as análises de sangue e urina, visando afastar a concomitância de outros distúrbios metabólicos associados como por exemplo elevação do colesterol e da glicemia, bem como alterações em provas de função renal, hepática e de eletrólitos como o sódio e o potássio. O exame de fundo de olho também é essencial no seguimento do paciente hipertenso, pois pode demonstrar a evolução das complicações vasculares da doença.

Em indivíduos que iniciam um quadro de hipertensão fora da faixa etária habitual; jovens abaixo dos quarenta, ou naqueles acima dos sessenta anos, é importante que se faça uma busca mais aprofundada de fatores causais da hipertensão arterial como certas doenças endócrinas, estreitamento das artérias renais e até mesmo da aorta, nosso maior vaso que pode apresentar grave estreitamento cursando com hipertensão somente nos membros superiores. O mesmo raciocínio deve ser adotado nos que apresentam um quadro de difícil controle dos níveis de pressão arterial apesar do uso de diversas medicações.

A crescente evolução do conhecimento tem trazido muitas novidades tanto no diagnóstico quanto no tratamento da hipertensão arterial. Há algumas décadas, o indivíduo era considerado hipertenso quando apresentava valores acima de cento e quarenta por noventa milímetros de mercúrio e o tratamento da pressão alta se baseava em poucas opções terapêuticas, restritas aos diuréticos, e outras substâncias com ação sobre o sistema nervoso autônomo, que acarretavam diversos efeitos colaterais.

Atualmente, consideramos como níveis normais de pressão arterial, até cento e vinte por oitenta milímetros de mercúrio e dispomos de uma diversidade de substâncias anti-hipertensivas capazes de controlar a pressão arterial da imensa maioria das pessoas.

Em poucas palavras, a hipertensão não deve ser subestimada. Seu diagnóstico deve ser confirmado através da medida correta da pressão arterial nos membros superiores e inferiores em condições controladas e por mais de uma vez. Uma vez confirmado o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica, deve ser instituído o tratamento. A medicação deve ser sempre tomada regularmente em horários semelhantes conforme a prescrição médica.

Consultas e exames periódicos são importantes para acompanhar a evolução do quadro e medidas de autocuidado como o controle do peso, dieta equilibrada e sem os excessos de sal como os contidos em embutidos, por exemplo, são sempre essenciais. E claro, jamais esquecer da atividade física e dos exercícios físicos regulares, cuja prática é sempre mandatória quando se trata de saúde e de prevenção.

Bom fim de semana a todos.


*Dr. Eneas Rocco (CREMESP 25643) é formado pela Faculdade de Medicina da PUC-SP – Campus Sorocaba, com especialização pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Hospital Matarazzo de São Paulo.