Saúde em Foco: O que é insuficiência cardíaca?

Por Dr. Eneas Rocco*

O diagnóstico de insuficiência cardíaca reflete a existência de uma doença do coração, com repercussões em seu funcionamento.

O termo insuficiência, está sempre associado ao mau desempenho de um órgão; como por exemplo nos casos da insuficiência respiratória, renal ou hepática, respectivamente relativas aos pulmões, rins e fígado.

O diagnóstico de insuficiência de um órgão, deve, de imediato, motivar a busca da causa dessa incapacidade, ou seja, do diagnóstico etiológico. Além disso, devem ser identificados os danos estruturais do órgão em questão. 

No caso do coração, os danos mais comuns na estrutura, são as doenças das coronárias, que irrigam a musculatura do coração, das válvulas cardíacas que separam o fluxo sanguíneo entre as câmaras cardíacas e entre essas e as principais artérias e do miocárdio que é o músculo das paredes do coração.

O mau funcionamento do coração, pode decorrer de uma insuficiência da contração de suas paredes, ou da sua capacidade de enchimento. Identificamos essas condições clínicas como de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida e preservada, respectivamente.

Um passo importante quando se faz o diagnóstico de insuficiência cardíaca, é a definição de seu estágio evolutivo que pode ser leve, moderado ou importante. Esse estadiamento permite traçar linhas de conduta, bem como ter uma predição do prognóstico de cada paciente.

Ressaltamos também que, dependendo da condição de início da doença, aguda ou crônica, teremos quadros clínicos distintos, com providências sendo tomadas em tempo diferente. A insuficiência agudamente instalada na vigência de infarto do miocárdio, por exemplo, é quadro grave, por vezes dramático, que requer providências imediatas.

Os sintomas mais comuns no portador de insuficiência cardíaca, são a falta de ar, o cansaço aos esforços, o inchaço nas pernas e região do abdome, a tosse, o aumento de peso, o aumento da frequência cardíaca, o aumento da diurese noturna e distúrbios digestivos.

A confirmação do diagnóstico é clínica, feita através da história e do exame físico. Eletrocardiograma, raio-X do tórax e ecocardiograma auxiliam nessa confirmação e outros exames de imagem e provas isquêmicas podem ser coadjuvantes importantes. 

O tratamento da insuficiência cardíaca é feito atualmente com muitos recursos tanto farmacológicos, quanto através de correção cirúrgica, após os quais pode haver uma reversão do quadro. Nos indivíduos, em que não houver êxito através das medidas terapêuticas implementadas, pode haver indicação para um transplante de coração.

A reabilitação cardíaca é sempre indicada nos pacientes com insuficiência cardíaca. A adoção de melhores hábitos de vida – adequação da dieta, atividades físicas, qualidade do sono, conhecimento de sinais da doença – sempre faz parte do programa educativo de reabilitação, além da prescrição de exercícios em conformidade com a situação clínica de cada paciente.

Embora disponhamos hoje de recursos de diagnóstico e de tratamento muito desenvolvidos, a faixa etária média da população só cresce. Por essa razão, o número de indivíduos mais velhos expostos à chance de desenvolver doenças e consequentemente evoluir para a insuficiência dos órgãos cresce junto. 

O que nos resta é fazer a prevenção e empurrar para diante a perspectiva do indesejável adoecer!

Bom fim de semana a todos.

*Dr. Eneas Rocco (CREMESP 25643) é formado pela Faculdade de Medicina da PUC-SP – Campus Sorocaba, com especialização pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Hospital Matarazzo de São Paulo.