Saúde em Foco: Oito de março

Sorte a minha de ter esta coluna impressa pelo Jornal Periscópio, em data tão expressiva!

O Dia Internacional da Mulher, não é só um tributo ao ser feminino, tampouco se presta a homenagear a mulher por suas lutas para adquirir um lugar de igualdade na sociedade, condição esta que viria naturalmente sem a necessidade de algum movimento específico, ou de enaltecer seu papel na família que é tão sublime e único.

O oito de março é uma chamada de atenção para o mundo moderno. À medida que novas descobertas foram aparecendo e passamos a ter uma vida com mais facilidades e com mais conforto, os nossos valores de comunicação, amizade e integração com o próximo, foram cedendo espaço para uma realidade mais individualista e egocêntrica. 

Cada vez mais temos tido dificuldade de entendimento entre as pessoas, mais batalhas espalhadas pelo mundo, e mais países divididos como o nosso ou sob o comando de ditadores, que julgam ter um pensamento superior, e por isso mesmo com direito de impor ao povo de seus países uma convicção pessoal. A vilania tomou conta da humanidade, e nesse cenário de litígio em que vivemos, a mulher pode exercer um papel pacificador. 

Nas Seis Propostas Para o Próximo Milênio proferidas nos anos oitenta pelo escritor Ítalo Calvino, a leveza é colocada como uma dessas propostas. A ideia, imediatamente, nos remete ao gênero feminino, onde podemos identificar facilmente a marca da leveza, em oposição ao peso e à dureza de pedra em que o mundo vem progressivamente se transformando.

Hoje as mulheres atuam em turnos de trabalho externo e doméstico, enfrentando as dificuldades de deslocamento e as longas cargas horárias impostas por essas atividades. E em muitos lares, sua remuneração representa toda renda familiar. Ainda assim, existe nelas o sentido da responsabilidade por tudo e todos que a aguardam em casa; marido, filhos e às vezes outros membros da família.

E só para dizer alguma coisa sobre saúde, já que estamos numa coluna cujo foco é esse, aí vamos falar de um capítulo especial. A medicina feminina é muito peculiar, inteiramente diferente da medicina do homem; e não estamos falando só de aparelho reprodutor, nem de hormônios. Os valores de referência são diferentes, o eletrocardiograma é diferente, a incidência de doenças se distribui de forma diversa! 

Sem contar que as mulheres morrem menos que os homens em qualquer faixa etária pois se cuidam mais e melhor, e por essa razão são a maioria da população em nosso país e no mundo, embora nasçam mais homens do que mulheres. Entre nós há noventa e quatro homens para cada cem mulheres no censo de 2022, com tendência de se acentuar essa relação.

Os artigos científicos em geral, estudam populações mistas de homens e mulheres, porém acredito, que as conclusões seriam mais assertivas, se os gêneros fossem avaliados separadamente. 

Creio também, que no futuro, ainda vai haver uma divisão natural para os que ingressarem na faculdade de medicina, e será preciso escolher categoricamente o curso desejado; Medicina Feminina ou Medicina Masculina. E não falta muito para isso acontecer!

Bom fim de semana a todos.

*Dr. Eneas Rocco (CREMESP 25643) é formado pela Faculdade de Medicina da PUC-SP – Campus Sorocaba, com especialização pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Hospital Matarazzo de São Paulo.

2 comentários em “Saúde em Foco: Oito de março

  • 12/03/2024 em 16:31
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    Excelente visão do tema, realmente as mulheres podem melhorar e muito o senso de humanidade perdido há muito….
    Homens e mulheres são diferentes e entre eles e agora temos uma gama de gêneros que tornam os atendimentos a saúde desses grupos um desafio a ser vencido
    Temos muitas leis que protegem o ser humano homem que eram impensáveis em séculos passados. Mas na prática o que se vê é o aumento da violência em todos os setores da humanidade. Parabéns Dr Enéas

  • 12/03/2024 em 17:10
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    Um texto olhando o papel da mulher na sociedade como deve ser, realmente o futuro chegou.Parabéns ao autor pela visão ampla.

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