Saúde em Foco: Sobre a dor

Por Dr. Eneas Rocco*

Não existe sintoma mais comum no quotidiano dos consultórios médicos do que a dor.   

A dor pode ser definida como uma sensação de desconforto, cuja ocorrência pode corresponder à presença de algum tipo de lesão. A dor pode ser vista de diversas maneiras. Quanto à forma de aparecimento ela pode ser classificada como aguda e crônica. Aguda, como se observa num corte da pele ou queimadura, e crônica, quando aparece e se mantém por longos períodos.  

Por se tratar de um sintoma de caráter subjetivo, convenciona-se classificar a intensidade da dor em leve, moderada, intensa ou insuportável através de uma escala numérica de zero a dez. Essa escala, além de dar a noção de como um indivíduo classifica seu sofrimento, permite avaliar a evolução do quadro individualmente, para melhora ou piora.  

A origem da dor pode ser identificada através de relatos qualitativos dos pacientes. Assim, a dor em cólica, em facada, em queimação, localizada ou difusa, com ou sem irradiação, constante ou intermitente, associada à sua duração, fatores desencadeantes, fatores de melhora ou piora, identifica-se com determinadas patologias. 

Um fator de confusão muito comum, é o da projeção da dor na superfície corporal e sua associação com a região anatômica próxima. No entanto, nem sempre a localização em que a dor se manifesta, corresponde ao local onde a lesão está presente. A dor torácica é um exemplo, pois costuma ser associada com os males do coração, e estes muitas vezes se apresentam atipicamente em outras posições como os membros superiores, pescoço, mandíbula, dorso, e não no peito.  

Por essa razão, a história da dor, sua duração, intensidade, tipo e a associação de fatores de risco individuais, são no conjunto, essenciais no diagnóstico e até mesmo na urgência com a qual as providências devem ser adotadas.  

Em geral, a dor crônica, decorrente de doenças osteomusculares por exemplo, como as da coluna vertebral, membros superiores, membros inferiores, costuma ter um caráter mais contínuo, de intensidade menor e muitas vezes limitante dos movimentos.    

A dor aguda por sua vez, como é o caso de uma cólica renal, associa-se a quadros mais alarmantes, de maior intensidade, em geral acompanhados de sintomas reflexos como náuseas e vômitos. O mesmo se aplica no caso do infarto agudo do miocárdio, nas fraturas, e outras situações em que há lesão tecidual súbita.  

Nervos danificados por doenças diversas como o diabetes, podem ser o motivo de dor à qual chamamos de neuropática, em geral acompanhada de dormência e atingindo costumeiramente as mãos e os pés.  

Atualmente há diversos recursos para o tratamento da dor. Desde os analgésicos comuns, até drogas com ação sobre o sistema nervoso central. O uso hospitalar de bombas de liberação de substâncias para controle da dor, manipulados pelo próprio paciente, tem permitido minimizar o sofrimento de pacientes em pós-operatório de cirurgias de grande porte que cursam com dor intensa.  

Como tudo na prática clínica, a dor é mais um bom exemplo de associação de práticas adequadas, diagnósticos precisos com base na história do paciente e os exames necessários para o diagnóstico, aliados à evolução do conhecimento, da farmacologia e da tecnologia. Boa semana a todos.

*Dr. Eneas Rocco (CREMESP 25643) é formado pela Faculdade de Medicina da PUC-SP – Campus Sorocaba, com especialização pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Hospital Matarazzo de São Paulo.

Um comentário em “Saúde em Foco: Sobre a dor

  • 07/08/2024 em 15:51
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    Existe especialista em sentir dor? Rsrsrs. Acho que sou uma

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