Segue campanha para arrecadar donativos a jovem haitiano que morou no município
Em agosto deste ano, o Periscópio noticiou a respeito de uma campanha para arrecadar donativos ao jovem haitiano Sadams Dossou, de 22 anos, iniciada pela internet. Sadou, como é conhecido, morou um ano em Itu por meio do intercâmbio do Rotary. Ele estudou no Colégio Almeida Júnior e atualmente mora em Porto Príncipe, capital do Haiti.
Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, o país caribenho se encontra em meio a uma crise humanitária crônica, provocada por uma conjunção de fatores como instabilidade política, violência e desastres naturais recorrentes.
Somente nos últimos dez anos, o Haiti sofreu 20 grandes desastres naturais. Para piorar, o presidente do país, Jovenel Moïse, foi torturado e morto a tiros em sua casa na capital haitiana em 7 de julho. De lá pra cá, a situação piorou, com muitos moradores com receito até de sair de suas casas por conta do aumento da violência.
Pouco mais de três meses depois, a reportagem voltou a ter contato com Sadou, que mora com a mãe (a única que trabalha) e mais cinco pessoas em sua casa, para saber os impactos da campanha solidária encabeçada pela estudante Nicole Bernardi, que recebeu Sadou em sua casa por três meses quando ele esteve em Itu.
À reportagem, Sadou comentou como está a situação dele e de sua família, no Haiti. “Infelizmente as coisas por aqui estão muito ruins, a violência aqui no país aumentou muito e os preços dispararam. Temos medo de sair na rua, quando estamos dentro de casa estamos com medo também porque tem bandidos que estão entrando nas casas das pessoas para assaltar, sequestrar e matar”.
“O preço de tudo está muito alto, precisamos cada vez mais de mais dinheiro para comprar as mesmas coisas. As escolas não estão funcionando, já faz duas semanas que não abrem por conta de toda essa situação”, desabafa.
“A vaquinha ajudou muito eu e toda a minha família. Com o dinheiro pudemos comer, comprar remédio para a minha mãe que está doente. Esse dinheiro que todos arrecadaram para me mandar ajudou a gente de mais, não tínhamos nada em casa e com esse dinheiro eu e toda minha família conseguimos nos alimentar. Agradeço muito a ajuda de todos”, comenta o jovem.
Questionado sobre as maiores necessidades suas e de sua família atualmente, Sadou revela. “A gente sempre está precisando de remédio e comida. Aqui existem muitos jovens como eu que viram bandidos porque não conseguem comer, não conseguem ir para escola, não conseguem trabalhar, não conseguem fazer nada”, lamenta.
“Quero muito agradecer a todos vocês que me ajudaram a conseguir comida para minha família, muito obrigado. Se vocês conseguirem continuar me ajudando ficaria muito bom para minha família porque nesse momento estamos precisando de comida, eu ouvir falar que o país vai fechar por causa dos bandidos”, solicita o jovem.
Nicole, que segue com a campanha para ajudar o amigo, também falou ao JP. “Gostaria de usar esse espaço aqui para agradecer a todos que não mediram esforços para ajudar o Sadou e sua família. Essa corrente do bem que foi criada me deixou muito feliz. Ver o Sadou se alimentando bem, conseguindo comprar remédio para a sua mãe e conseguindo ter uma vida um pouco mais digna não tem preço, e isso só foi possível graças a essa corrente que foi criada, com a ajuda de todos vocês”.
Nicole explica que administrou o dinheiro da conta da vaquinha, “então me sinto na obrigação de ser bem transparente e falar como foi todo esse processo. Não segui nenhum padrão de envio, quando o Sadou precisava ele me mandava mensagem e eu ia mandando o dinheiro um pouquinho de cada vez. A primeira vez que mandei para ele foi no dia 6 de agosto, US$ 200. Depois disso ele ia me pedindo quando precisava mais. Fiz todas as transferências presencialmente pela agência de câmbio do shopping aqui da cidade”.
“O Sadou sempre me fala que tem bandidos por toda a cidade. Essa milícia que está tomando conta das coisas que estão colocando o caos lá na região e está fazendo com que o preço de tudo aumente exponencialmente”, explica a estudante.
“A última vez que mandei dinheiro para ele foi no dia 26 de outubro, que era o restante do que tinha na conta da vaquinha. Infelizmente quando ele foi pegar o dinheiro no banco ele foi assaltado e agredido por esses bandidos, perdeu tudo. Estou juntando mais um pouco de dinheiro para mandar para conseguirem passar o mês”, relata Nicole.
Quem quiser auxiliar Sadou e sua família, podem enviar o Pix para a chave nicoleitu@gmail.com. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail nicoleitu@gmail.com. “Mando todo extrato, as transferências, valores e informações sobre ele e a família também”, conclui Nicole.