“Setembro Verde”: luta pela inclusão da pessoa com necessidades especiais
Atividades desenvolvidas pela APAE garantem o desenvolvimento dos alunos e o suporte aos seus familiares
A Federação das APAES do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP) promove neste mês a campanha “Setembro Verde”, que envolve as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais paulistas em ações de inclusão da pessoa com necessidades especiais.
Setembro foi o mês escolhido, pois no dia 21 é comemorado o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência. Já o verde simboliza a esperança e o renascimento.
Em um período de conscientização, são muitas as atividades promovidas pelas instituições. Porém, a APAE de Itu vem se destacando por sua atuação durante todos os meses do ano, promovendo parcerias com empresas do município e realizando o ingresso de seus alunos no mercado de trabalho.
Aluno da APAE de Itu dos 7 aos 17 anos, Renato Gregório da Fonseca, de 18 anos, é portador da Síndrome de Down e atua há aproximadamente um ano na metalúrgica SAPA. “É muito bom poder trabalhar. Assim que comecei, não senti nenhuma dificuldade. Aprendi rápido e também cheguei fazendo amizades”, ressalta.
Para Roseneide Maria Silvério dos Santos, 39 anos, mãe de Renato, o trabalho desenvolvido pela APAE foi fundamental para o futuro de seu filho. “Levei o Renato para a instituição aos sete anos de idade, pois havia tentado colocá-lo em uma escola normal e ele acabou não conseguindo acompanhar o ritmo. Desde então tivemos e continuamos a ter um ótimo suporte. Na APAE meu filho pôde ter uma estrutura e foi preparado para o mercado de trabalho”, conta.
Suporte
Assim que recebeu a notícia de que seu filho iria trabalhar pela primeira vez, no entanto, Rosineide sentiu um misto de alegria e preocupação. “Ao mesmo tempo em que fiquei muito feliz, me deu muito medo, pois o pessoal na APAE sabe lidar com ele e eu sei como é conviver com meu filho. Mas e os outros? E se ele fizer algo que desagrade na empresa ou eles fizessem algo que ele não gostasse? Mas felizmente está dando tudo certo”, comemora.
Ainda de acordo com Rosineide, a mudança no estilo de vida de Renato o fez evoluir. “Hoje ele tem uma independência maior e mais responsabilidade. Ele melhorou muito. O que me deixa mais feliz é que, embora ele não seja mais aluno da APAE, justamente por ter entrado no mercado de trabalho, ela mantém seu vínculo, assim como com outros alunos que passaram ou passam pela mesma situação, promovendo um acompanhamento dele com a empresa. Isso permite que ele nunca esteja desamparado”, destaca.
Renato, que atua na linha de produção da empresa, vem evoluindo no local, de acordo com seu diretor de manufatura Rodrigo Commar. Inclusive, no próximo ano poderá mudar de setor. “Se tudo ocorrer dentro do esperado, em 2017 o Renato passará a ser operador de máquina. Todos as pessoas possuem limitações, mas alguma coisa fazemos muito bem – e é nisso que temos de investir”, observa.
Cidadania
Embora não esteja de forma efetiva no mercado de trabalho, Lucas da Costa, de 21 anos, também portador da Síndrome de Down, vem sendo preparado na APAE para futuramente iniciar sua carreira profissional. Para que pudesse chegar a este estágio, foi necessária uma longa trajetória de superação por parte de seus pais, Helena Aparecida Ferreira Lisboa, de 55 anos, e Jesuíno Soares da Costa, de 52 anos.
Portadores de deficiência visual, os pais de Lucas se conheceram no ano de 1982, na Escola de Cegos Santa Luzia e, desde então, seguem firmes para vencer os desafios. “Nós sempre procuramos ter independência. Meu marido e eu sempre nos ajudamos e, quando veio o Lucas, em 1995, começamos a passar esses valores para ele também”, explica Helena.
Para Aparecida, é fundamental para a formação de um cidadão o acompanhamento de sua família. “Sempre participo das reuniões na APAE. Procuro saber como meu filho está indo e sua evolução. Percebo também no dia a dia como ele se comporta em casa; temos de educá-lo para que a escola possa ter uma tranquilidade maior para trabalhar com ele e ajudá-lo. Será muito bom o dia em que ele começar a trabalhar, pois terá mais independência e sua responsabilidade dobrada. Estará definitivamente incluído na sociedade”, conclui.
Oportunidade
Outro caso de superação é o de Fábio Luiz Barbieri. Portador da Síndrome de Down, Fabinho, como é mais conhecido, não estudou na APAE. Porém, assim como sua família, sempre esteve inserido de alguma forma em eventos da instituição, sendo seu pai, Marcos Barbieri, membro da diretoria.
Recém-formado no EJA (Educação de Jovens e Adultos), Fabinho trabalha desde fevereiro na empresa Emicol. Demonstrando felicidade pela oportunidade no mercado de trabalho, ele explica com orgulho seus afazeres. “Já havia trabalhado anteriormente em uma outra empresa, como auxiliar de escritório, mesma função de agora. Gosto bastante de poder ser útil e ajudar. Auxilio com o trabalho no escritório, além de ter muitos amigos. Isso para mim é muito gratificante”, enfatiza.
Reflexão
Diretora pedagógica da APAE, Rosana dos Reis destaca a importância do “Setembro Verde” para a instituição e seus alunos. “É um momento de reflexão, de divulgarmos o trabalho existente e mostrarmos para a sociedade e para os próprios alunos e seus familiares que eles são capazes de desempenhar funções como qualquer outra pessoa. O grande objetivo é promover essa integração, essa inclusão definitiva na sociedade”, finaliza.