Síndico tem fala na Tribuna Livre suspensa

Vereador Ricardo Giordani e síndico Carlos Balsan se estranharam durante discussão na Tribuna Livre (Foto: Divulgação/Câmara)

Confusão na Tribuna Livre desta semana. O síndico Carlos Eduardo Balsan, responsável por seis condomínios na cidade de Itu, solicitou à Câmara de Vereadores o espaço para falar sobre a cobrança da taxa de lixo. Porém, após um desentendimento com o vereador Ricardo Giordani (PL), teve a palavra cassada pelo presidente Normino da Rádio (Cidadania).

Logo que Balsan assumiu o posto na tribuna, Normino apresentou o protocolo padrão, informando que a palavra poderia ser cassada caso o orador desrespeitasse o Legislativo. Balsan iniciou a fala dizendo que aproximadamente 4 mil pessoas vivem nos condomínios que ele administra e que o reflexo da taxa de lixo nesses condomínios populares é “absurdo”.

“Nós não conseguimos repassar. Teve síndico que passa, fazer o quê? Só que nós não vamos conseguir receber. Os condomínios populares vão quebrar, eles vão falir”, declarou Balsan, informando que, em um conjunto de prédios cujo a a cobrança da taxa de condomínio é de R$ 260, a conta d’água subiu de R$ 15 mil para R$ 32 mil. “Isso é absurdo. Eu vou tirar da boca de um pai de família, de uma criança, para pagar taxa de lixo. Eu não tenho como repassar”, exclamou.

Logo em seguida, Balsan disse ser preocupante ver os vereadores aprovarem a cobrança, insinuando que eles teriam perdido a “sensibilidade”. Foi aí que a confusão começou. Giordani pediu questão de ordem e questionou Normino se o mesmo permitiria que o orador continuasse a falar assim. “O vereador tem direito de votar como quiser”, afirmou o edil, sendo cortado por Balsan: “Eu tenho direito de falar”.

Os ânimos começaram a esquentar ainda mais e Giordani afirmou que não permitiria que Balsan falasse daquela forma. Dr. José Galvão (União Brasil) também pediu questão de ordem e disse que o orador não agrediu, nem faltou com respeito com nenhum vereador. Paralelamente, Giordani e Balsan continuaram o bate-boca fora dos microfones, e Normino disse que já tinha motivos para cassar a palavra do orador.

“Eu não me protejo atrás de cadeira”, disse Balsan a Giordani e, logo em seguida, Normino cancelou a participação do orador na tribuna. “Essa Casa merece respeito e ninguém vai chegar aqui e impor”, afirmou o presidente, que chegou a solicitar apoio da Guarda Civil Municipal para conter os ânimos de Balsan, que foi acompanhado pelos vereadores para fora do plenário.

Em seguida, em questão de ordem, Eduardo Ortiz (MDB) disse que o que ocorreu naquele momento foi “patético e lamentável” e criticou a cassação da palavra de Balsan. “Sr. Carlos, que eu seja a sua voz. Tenha certeza que nós quatro vereadores [de oposição] poderemos passar o que o senhor gostaria de falar”, afirmou o edil, criticando o “desrespeito” de Giordani. “Não sei por que o vereador Ricardo Giordani ficou ‘saltitante’ desse jeito. Nem votar ele votou esse projeto [da taxa de lixo]”, alegou Ortiz.

Maria do Carmo Piunti (PSC) também demonstrou indignação com o ocorrido e solidariedade a Balsan. Normino então leu artigo do Regimento Interno que balizou sua decisão para cassação da palavra do orador. “Nenhum orador está autorizado a chegar e bater na tribuna e falar o que não deve nessa Casa”.

Patrícia da ASPA (PSD) também se solidarizou a Balsan e disse que a mesma ajudou a levá-lo à tribuna. Enquanto ela falava, o síndico também se manifestava no plenário – o que é regimentalmente vetado –, com o presidente Normino o avisando e ameaçando retirá-lo. Já Thiago Gonçales (PL) disse que há regras na Casa e se colocou à disposição para conversar com o orador, que logo após foi embora da Câmara.