Um Espião e Meio
Por André Roedel
Todo mundo tem certos gatilhos emocionais. Por exemplo, uma pessoa pode não rir de uma piada, enquanto outra pode gargalhar até não poder mais com a mesma. Assim é com filmes de comédia, um dos gêneros mais complicados de se fazer – e analisar. Alguns gostam de comédias mais “besteirol”, outras mais “nonsense”. Há quem goste das mais “inteligentes”… Mas também existem aquelas unanimidades, produções que praticamente todo mundo gosta.
E não vou me espantar se, um dia, Um Espião e Meio entrar nesse rol. O filme não é espetacular, mas tem uma história legal (apesar de clichê em muitos momentos) e dois atores super-carismáticos: Kevin Hart e Dwayne “The Rock” Johnson. O primeiro pode ser considerado o “Eddie Murphy dos anos 2000”, enquanto o outro dispensa apresentações. É sucesso no filme que for.
Um Espião e Meio mostra a história de Bob (The Rock), um agente da CIA que sofria bullying na época do colégio. Envolvido em um caso ultrassecreto, ele recorre ao antigo colega Calvin (Hart), que era muito popular na escola e hoje vive uma vida pacata como contador. A dinâmica dos dois é excelente. O timing para o humor de ambos, também. Destaque para Hart, que vem de uma carreira de sucesso alternando entre comédias debochadas e apresentações de stand-up.
Bob sofria bullying por ser bem gordo. E a cena – que está presente nos trailers – em que isso ocorre é muito engraçada. Através de efeitos de computação gráfica (bem tosco, por sinal), colocaram o rosto de The Rock em um sujeito obeso dançando. É difícil não rir. A não ser que você seja daqueles “politicamente corretos” e se sinta incomodado com essa piada – ou não tenha o mesmo gatilho que o meu para o riso.
Mas seria uma injustiça classificar Um Espião e Meio como um filme politicamente incorreto, pois é uma daquelas comédias que celebram a diversidade. Hart é negro, The Rock é descendente de samoanos, a atriz Amy Ryan está em um papel poderoso e de destaque… Fora o final, que eu não vou contar para não estragar a experiência de quem ainda não viu, que desconstrói certos padrões impostos pela sociedade.
Um Espião e Meio conta ainda com participações pra lá de especiais de atores habituados com a comédia, como é o caso de Jason Bateman e Melissa McCarthy, e também do eterno Jesse Pinkman de Breaking Bad, Aaron Paul. É um filme bem pipoca e que vale o ingresso!