Um Lugar Silencioso
Por André Roedel
Filme de suspense? De ficção científica? De horror? Também, mas não é disso que Um Lugar Silencioso se trata. O filme dirigido, escrito e protagonizado por John Krasinski (o Jim da série The Office) na verdade fala sobre o carinho dos pais para com seus filhos. É a declaração de amor mais bonita que ele poderia fazer. Um filme que assusta, mas consegue emocionar o espectador.
Em Um Lugar Silencioso, a trama começa após algo muito grave ter acontecido. A humanidade vive escondida, sem poder fazer som algum para não atrair criaturas mortíferas que “farejam” barulho. Nessa situação se encontra a família de Lee (personagem de Krasinski), refugiada em meio a floresta para se proteger das figuras bestiais.
Ele, juntamente com sua esposa Evelyn (perfeitamente vivida por Emily Blunt, esposa de Krasinski na vida real), precisa proteger seus filhos pequenos. Pra piorar, a matriarca está grávida novamente. Enfim, são essas as situações que tornam a sobrevivência da família cada momento mais difícil – e que o amor de um pai para seus filhos pode fazer toda a diferença até num cenário como esse.
Um Lugar Silencioso também é uma grande experiência sensorial. Um filme para ser visto, preferencialmente, dentro de uma sala de cinema – com o melhor isolamento acústico possível. Todo o clima de perigo eminente quando um som é executado acaba passando para a plateia, que evita de todas as formas fazer barulho. Pelo menos foi assim na sessão em que assisti ao longa-metragem.
Toda essa importância do som – ou da ausência dele – faz Um Lugar Silencioso forte concorrente aos troféus de edição e mixagem de som nas principais premiações do cinema. E não é só essa parte técnica do filme que é elogiável: os planos usados por Krasinski e os rumos que ele dá para a trama são milimetricamente pensados, o que dá um capricho visual e dramático inigualável.
Na minha opinião, Um Lugar Silencioso pode ser enquadrado em uma nova categoria de filme de suspense/terror que foi iniciada pelo espetacular Corra!, filme vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original neste ano: dos longas-metragens que assustam, mas trazem uma mensagem de cunho social.
Se no filme de Jordan Peele a questão era racial, no de Krasinski é possível ver empoderamento feminino (a personagem de Blunt chuta bundas) e inclusão da pessoa com deficiência (Millicent Simmonds, atriz que interpreta uma das filhas do casal, é deficiente auditiva na vida real e no longa e mostra que muitas vezes uma deficiência pode ser eficiência).
Ao longo de seus 90 minutos de projeção, Um Lugar Silencioso deixa o espectador tenso, emocionado, triste e alegre – e faz valer cada centavo do ingresso.
Nota:
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