Uma nova esquerda está surgindo na cidade de Itu?
Muita gente se surpreendeu com a expressiva votação da candidata a vereadora pelo PSOL, Michelle Duarte, na eleição deste ano. Com seus 1.231 votos, ela foi a nona pessoa mais votada para ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores e só não entrou por conta do quociente eleitoral. Para se ter uma ideia, Michelle teve mais votos que seis vereadores eleitos.
A psolista fez uma forte campanha mirando na juventude e contou com o apoio da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que esteve em Itu panfletando em ato de campanha de Michelle. Primeira parlamentar trans do Congresso Nacional, Erika começou sua vida política na cidade, brigando para conquistar o nome social no cartão de ônibus e depois integrando a militância de esquerda que começava a se formar.
Uma outra liderança de esquerda que começou na cidade foi a deputada estadual Monica Seixas do Movimento Pretas (PSOL). A jornalista, que inclusive trabalhou no JP, está em seu segundo mandato. Antes, liderou manifestações pedindo passe livre e melhorias no abastecimento de água e foi candidata a prefeita em 2016, quando obteve 4.914 votos.
Neste ano, a esquerda teve como candidato a prefeito o professor Anderson Silva (PT), que viu sua votação subir de 1.046 votos em 2020 para 2.329 votos neste ano. Ainda é pouco (nem 10% do que obteve o prefeito eleito), mas mostra que há espaço para um crescimento da esquerda na cidade. A reportagem conversou com Erika Hilton, Professor Anderson e Michelle Duarte, que analisam essa expansão.
Quebrar a bolha
Para Erika Hilton, a direita tem tentado “cooptar” todas as cidades para mostrar força visando as eleições de 2026, mas vê uma “resistência” nascendo – apesar de no interior ainda não ter muita força. “Eu acho lamentável que os interiores ainda permaneçam tão conservadores e reacionários, e que a gente tenha ainda uma dificuldade absurda de se comunicar e conseguir chegar nesse eleitor”, declarou a deputada.
“A gente precisa quebrar essa bolha e eu acho que uma das formas que a gente tem feito é apostando em nomes potentes e fortes para serem uma possibilidade de diálogo com esse reacionarismo todo. A gente não pode ir de propostas tão radicais para os interiores, porque a gente mais afasta do que aproxima, mas a gente também não pode flexibilizar demais daquilo que a gente acredita”, ponderou Erika, que espera uma presença maior da esquerda no interior.
A deputada vem se notabilizando por seus discursos eloquentes no plenário da Câmara, pelo uso de gírias do mundo pop e por unir moda e política, agradando uma parcela mais jovem do eleitorado. “Eu acho que uma maneira de nós quebrarmos essas bolhas é fazer com que as pessoas tenham interesse pela política, que elas entendam a política, que elas participem da política de alguma maneira”, aponta.
Trabalho árduo
Anderson Silva afirma que o trabalho da esquerda em Itu é “árduo”. “Mas nós precisávamos participar, o PT nunca deixou de participar de nenhum pleito aqui em Itu e esse não seria diferente. Se o PT não lançasse candidatura, nós não teríamos candidato para esse eleitor”, afirmou.
Para o candidato petista, agora é hora de manter o trabalho. “Como sempre fizemos: com lutas sociais por moradia, pela reabertura da Santa Casa. O que não dá é para continuar do jeito que está, independente de quem assumir a Prefeitura de Itu”, disse Anderson à reportagem em frente ao Cartório Eleitoral antes da vitória de Herculano Passos (Republicanos) ser confirmada.
Projeto futuro
Apesar de a vitória nas urnas não ter vindo, a votação de Michelle foi histórica e representa muito. “Ter meu nome como o mais votado da história da esquerda ituana não é um resultado individual, mas de muita gente que esteve junto com a gente nas ruas, nas redes, disputando projeto. E representa também a cara que a população de Itu sonha e deseja, temos espaço e temos possibilidades de avançar nesse projeto, sempre com as pessoas do lado, não fazemos nada sozinhos”, afirmou a candidata.
Segundo ela, a eleição acabou em Itu, mas os projetos para além das eleições continuam. “Eu continuo construindo junto com o movimento negro, de mulheres, estudantes e crianças. As eleições são apenas o meio para institucionalizar as nossas lutas, mas sabemos que ela ocorre mesmo é nos espaços para além da Câmara de Vereadores”, declarou Michelle.
Ela afirma que vai acompanhar de perto a atuação da nova Câmara. “Só não ocupei uma cadeira, mas tenho mais votos que seis dos que lá estão, e seguiremos acompanhando e cobrando que eles trabalhem em prol do povo”, comentou.
Gostaria que a esquerda, como a centro direita, tivesse novamente o interesse dos jovens, que os estudantes de todas as fases entendesem que o dom do argumento, da fala bem enunciada, da escrita bem redigida. Na cidade onde os gremios da escolas eram reconhecidos por te posição e opinião, hoje o desinteresse e evidente visto a auta abstenção nas urnas, falta tudo, motivação principalmente porque não se pode exigir nada de onde não se tem nada. E evidente que até mesmo para a compreensão desse texto, poucas pessoas irão compreender para tentar argumentar uma pena porque á politica era a consolidação de carreiras de pessoas bem sucedidas agora é a eleição de pessoas que apenas querem garantir quatro anos de um ótimo sálario.