Utilização de Inteligência Artificial na Educação divide opiniões
Recentemente, o Governo do Estado de São Paulo anunciou que utilizará uma ferramenta de inteligência artificial (IA) para produzir parte das aulas voltadas a alunos dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio da rede pública paulista. Atualmente, o material é todo elaborado por professores curriculistas, que são especialistas na área.
A reportagem do Periscópio questionou a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) sobre como irá funcionar a ferramenta, o impacto da mesma e sua importância para os estudantes.
Por meio de nota, a pasta explica que “planeja implementar um projeto-piloto para incluir a Inteligência Artificial como uma das etapas do processo de atualização e aprimoramento de aulas do terceiro bimestre dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio”.
Segundo a pasta, oprocesso de fluxo editorial ainda será testado e passará por todas as etapas de validação para que seja avaliada a possível implementação. “Nele, as aulas que já foram produzidas por um professor curriculista e já estão em uso na rede são aprimoradas pela IA com a inserção de novas propostas de atividades, exemplos de aplicação prática do conhecimento e informações adicionais que enriqueçam as explicações de conceitos-chave de cada aula”.
Ainda de acordo com a Seduc, na sequência, esse conteúdo será avaliado e editado por professores curriculistas em duas etapas diferentes, além de passar por revisão de direitos autorais e intervenções de design. “Por fim, se essa aula estiver de acordo com os padrões pedagógicos, será disponibilizada como versão atualizada das aulas feitas em 2023”.
A Seduc-SP, que conta com um time de aproximadamente 90 professores curriculistas, explica que implementou, no final do ano letivo de 2023, uma assistente de correção virtual para auxiliar professores na revisão dos textos da plataforma Redação Paulista.
“Até o momento, com o encerramento do 1º bimestre, 1,9 milhão de redações foram corrigidas com o apoio do assistente. A Seduc-SP também realizou formações virtuais e presenciais com os professores. O desenvolvimento da plataforma foi feito pela empresa de informática do Governo do Estado de São Paulo, a Prodesp, que possui contrato ativo com a Seduc-SP no valor fixo de R$ 900 mil”, acrescenta.
Opiniões
Ao JP, o secretário municipal de Educação de Itu, Plinio Bernardi Júnior opina. “O uso de Inteligência Artificial como suporte educacional é bem-vindo desde que respeitando a total autonomia dos professores, assim como a capacidade e a liberdade de pensamento dos alunos. Sendo empregada como uma ferramenta de suporte e não como uma alternativa para substituição do elemento humano, a Inteligência Artificial, como qualquer outro recurso educacional, pode ser uma grande aliada do Ensino”, afirma o economista.
Diretora Estadual e Coordenadora na Subsede Salto Regional Itu e Porto Feliz da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), a professora Rita Leite Diniz tece críticas. “Como se não bastasse a sobrecarga de trabalho que professores da Rede Estadual de Ensino já têm, agora terão que usar um programa digital que não passa de uma espionagem barata por parte da secretaria, como mais uma de suas armadilhas para controlar a distância o que os professores passam para seus alunos, sem noção nenhuma de como as coisas acontecem no cotidiano escolar”, declara.
A educadora também diz que a internet e os computadores nas escolas nem sempre funcionam, logo os professores terão que usar seus próprios equipamentos, ou até levá-los para as escolas se quiserem cumprir com a determinação do Governo.
Ela também critica a desvalorização, jornadas estressantes, assédio moral e outros problemas vividos pelos professores. “Como se isso tudo não bastasse, os professores também terão que preencher a papelada porque o tal sistema digital não inspira segurança e o registro das atividades e trabalhos são a segurança dos professores e alunos”, conclui Rita.