Votação em 1ª discussão do orçamento tem insinuações e comparações a Judas

Projeto passou por unanimidade dessa vez, apesar de críticas de Maria do Carmo e Carlota. Até metáforas religiosas foram usadas

 

A Câmara Municipal votou na segunda-feira (13), em primeira discussão, a Lei Orçamentária Anual de 2018. O projeto de autoria do Executivo passou por unanimidade, apesar de receber votos contrários em comissões e críticas dos vereadores Reginaldo Carlota (PTB) e Maria do Carmo Piunti (PSC).

A vereadora, aliás, propôs emenda para diminuir o percentual de remanejamento do orçamento de 40% para 20%. Segundo ela, o valor atual daria um “cheque em branco” para o prefeito. Maria do Carmo, porém, disse que não quer engessar o governo municipal.

Esta emenda será votada juntamente com o projeto na semana que vem. Além dessa modificação, o orçamento recebeu mais duas emendas do Executivo. Maria do Carmo e Carlota deixaram claro após a votação que só irão votar favorável ao orçamento na sessão que vem caso a emenda seja aprovada.

Durante a discussão, Maria do Carmo chegou a dizer que a Prefeitura justifica problemas, como a falta de remédios, por ter herdado o orçamento da gestão passada. “O que nós queremos é ter a certeza que esse orçamento vai ser cumprido, porque no ano que vem nós não vamos poder admitir que nenhum secretário sente-se aqui na Câmara ou distribua nota para a imprensa e dizer que não tem dinheiro na rubrica, pois o orçamento foi feito por essa administração”, disse.

Já Carlota questionou a estimativa de receita da Prefeitura, de quase R$ 715 milhões. “De onde vai tirar esse dinheiro? Da indústria das multas? O que ele (prefeito) vai fazer? Eu sou totalmente contrário a isso”, declarou em aparte, informando ainda que o atual governo não merece confiança.

 

Insinuações

Reginaldo Carlota pediu a palavra e fez algumas insinuações. “Em todas as cidades grandes, o prefeito, falando o português bem claro, ‘come na mão’ dos vereadores, até porque eles são maioria. Agora, no interior – e não estou falando que acontece isso nesta Casa – os vereadores ‘comem na mão’ do prefeito”, disse.

“Eu vejo cidades em que os vereadores falam: ‘eu preciso puxar o saco do prefeito porque eu tenho um comércio irregular, porque eu tenho isso, tenho aquilo’. Parece que todos os vereadores estão irregulares, estão errados e são obrigados a puxar o saco do prefeito para não receber punição”, prosseguiu Carlota. deixando os colegas visivelmente irritados.

Normino da Rádio (PHS) pediu aparte e parabenizou Carlota por apontar que o exemplo dado não era a Câmara de Itu. O vereador respondeu: “Deixei bem claro que não é esta Casa, porque acredito que aqui os vereadores não seriam sem-vergonha, capachos e frouxos para fazer um negócio desses”.

 

Comparações religiosas

O vereador Givanildo Soares (PROS) pediu aparte e fez ponderações. “Metáfora aqui não existe. Eu não sou capacho, não me atinge. Não tenho comércio irregular. O respeito é preciso ser implementado”, declarou. Carlota então respondeu: “Toda vez que eu menciono a palavra ‘capacho’, o senhor sempre se levanta e fala ‘eu não sou capacho’. Vereador, eu nunca falei do senhor. Quanto à metáfora, Jesus uma disse assim: ‘ainda hoje, um de vocês irá me trair’. Todo mundo ficou quieto, só o traidor se levantou e perguntou: ‘serei eu, mestre?’. Estranho essas coisas”.

Giva pediu nova aparte e disse: “Espero que não seja eu o Judas. Mas, diferentemente de vossa excelência que fica usando metáforas, eu disse aqui que nós tínhamos um capacho, o Josimar (Ribeiro, ex-vereador). E dei nome. Porque homem dá nome, não fica com metáfora querendo aparecer para a imprensa, colocando ‘faca na caveira’. E vossa excelência não é capacho, nem eu”, disse.

No fim, ele também fez comparações religiosas. “Pedro também negou Cristo por três vezes. Então está cheio de traidor que aplaudia, andava com ele, e negou. Da mesma forma que tem o Judas tem o Pedro, que na hora que estava junto (dizia) ‘esse é o meu prefeito’, e depois nega. Então isso é normal em qualquer Câmara”, prosseguiu.

A votação foi unanime, mas ficou claro que que Maria do Carmo, ao menos, votaria contra, porém se equivocou e não se levantou. Giva cutucou: “Isso que é bom da oposição, porque fala, fala e fala e vota favorável. Foi um lapso de memória em levantar, mas votaram a favor porque o orçamento é importante. A nobre vereadora tem uma emenda, mas o nobre vereador (Carlota) também comete o equívoco. O bom filho a casa torna. Acho que Pedro talvez volte a andar com Jesus”, disse, arrancando risos do plenário.