Cinerama: “Aves de Rapina” diverte e mostra ação feminista, mas é só ok

Por André Roedel

Ocorre muitas vezes de um filme ser ruim, mas ter personagens ótimos. É o caso do fracasso Esquadrão Suicida, de 2016. Não tem como negar: o longa da equipe de super-vilões da DC Comics é um desastre. Pouca coisa se salva daquilo. E, dentre essas coisas, está a Arlequina de Margot Robbie. A atriz se entregou à proposta e concebeu uma carismática figura. E que merecia uma nova chance nas telonas.

E essa chance chegou em Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, filme que introduz também novas personagens do universo DC nessa leva atual de produções heroicas da Warner Bros. Além de servir como uma história de origem do grupo – que nos quadrinhos é formado por algumas heroínas de Gotham City, a cidade do Batman –, o longa é uma espécie de “libertação” da Arlequina das sombras do Coringa.

Separada do “pudinzinho” (e, consequentemente, sem sua proteção), a protagonista se vê como alvo de diversos criminosos, entre eles o perigoso e afetado Máscara Negra (Ewan McGregor). Em meio a isso, Arlequina tem que proteger uma jovem ladra (Cassandra Cain, vivida por Ella Jay Basco) que foi para o meio da disputa por ter roubado um item precioso do vilão.

Com esse cenário, a ação acaba sendo muito presente. As cenas de perseguição e combate são interessantes, mostrando que a jovem diretora Cathy Yan – que até então só tinha curtas e filmes menores em seu currículo – tem talento. Aliás, a escolha pela chinesa também serviu ao propósito de se ter uma produção bem diversa: há negros, LGBTs, latinos, asiáticos e, principalmente, mulheres em destaque. E, mesmo assim, o filme consegue tocar em questões como feminismo e empoderamento sem parecer panfletário, colocando tudo de uma maneira normal.

Mas nem mesmo as boas personagens, o humor interessante e a ação constante conseguem sustentar o filme por completo. Isso porque o roteiro é extremamente previsível. Apesar do vai e vem no tempo que pode confundir às vezes, fica fácil saber o destino do filme com a trama genérica de perseguição. Outro problema é que Aves de Rapina abre espaço para novas e boas peças no tabuleiro de Gotham, como a Caçadora (Mary Elizabeth Winstead) e a Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), mas perde a oportunidade de aprofundar mais nas suas histórias. O foco é mesmo a Arlequina.

No geral, Aves de Rapina é um filme de ação razoável que tem como grande trunfo conseguir dialogar bem com o público feminino. Não tem compromisso de agradar o fã dos quadrinhos originais, mas, sim, quem se encantou com a Arlequina de Margot Robbie. E faz isso bem.

Nota: ☆ ☆ ☆

Um comentário em “Cinerama: “Aves de Rapina” diverte e mostra ação feminista, mas é só ok

  • 08/02/2020 em 19:13
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    Não curto filme feminista, logo nem fui ver!

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