Deputada Janaina Paschoal visita Itu

Por André Roedel

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL) esteve em Itu na manhã de ontem (21), durante encontro realizado no plenário da Câmara de Vereadores. Na oportunidade, a parlamentar foi recebida pelo presidente do Legislativo, Dr. Ricardo Giordani (PTB), o prefeito Guilherme Gazzola (PTB), vereadores e secretários, além de outras autoridades civis e militares.

Janaina falou de seu trabalho como deputada na Assembleia Legislativa de São Paulo, cargo para qual foi eleita com mais de 2 milhões de votos – sendo mais de 11 mil só em Itu. A vinda da parlamentar foi intermediada pelo advogado Dr. Renê Paschoal Liberatore, Diretor de Controle Interno da CIS, que é amigo da advogada (famosa por ter participado do processo de impeachment da ex-presidente da República Dilma Rousseff).

A deputada – que destacou o papel do Legislativo – relatou alguns projetos polêmicos que vem discutindo na Alesp, como o da cesárea, e antecipou ideias que devem ser apresentadas por ela neste ano, como uma para impedir publicidade do governo em veículos de comunicação e outro para acabar com a venda de bebidas alcoólicas em festas realizadas dentro de universidades.

Ao final de sua explanação, Janaina deixou uma pasta com projetos de sua autoria, pedindo que os vereadores de Itu possam adaptá-los para a nossa realidade e apresentem na Câmara. Ela foi aplaudida pelos presentes e recebeu um livro sobre a história de Itu das mãos do prefeito Gazzola.

Debate
Após a explanação de Janaina Paschoal, as autoridades presentes fizeram algumas perguntas para a deputada. Dentre eles o superintendente da Ituprev, Luiz Carlos Brenha, que fez apontamentos sobre a mudança da alíquota proposta pela Reforma da Previdência. Em seguida, as autoridades ituanas e o vereador saltense Edemilson Santos (DEM) fizeram críticas ao sistema de regulação de vagas CROSS (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde), que vem causando problemas para pacientes em toda região. Janaina prometeu levar as demandas para a Alesp.

Mais detalhes sobre a visita de Janaina Paschoal a Itu e toda a repercussão do debate com as autoridades municipais serão divulgados na edição impressa do próximo sábado (25) do JP. Abaixo, o leitor acompanha uma entrevista com a deputada, que tocou em assuntos como a entrevista do ministro Sergio Moro ao programa “Roda Viva”, a relação da imprensa com o presidente Jair Bolsonaro e a indicação da atriz Regina Duarte para a Secretaria da Cultura.

Pergunta: Deputada, o evento começou com uma explanação de seu trabalho na Alesp e virou um debate acalorado até, com demandas locais. Como a senhora vai tratar essas demandas lá na Assembleia?

Janaina: Primeiro eu vou levar essa pauta bem específica da Previdência para os meus colegas, porque, por mais que nós tenhamos debatido o tema da reforma, esse ponto específico de que alguns municípios prefeririam não elevar a alíquota não chegou à Assembleia. Então eu vou levar essa questão para o plenário, propriamente, para o líder do governo, que é quem tem feito uma interface com os técnicos do governo, para esses técnicos, e vamos ver se a gente consegue encontrar um caminho, porque essas questões jurídicas são meio árduas, porque tem o federal, o estadual, o municipal. A gente tem que encontrar uma redação na legislação que permita essa liberdade para todos os entes. Então esse é um ponto importante. Outro ponto: eu vou oficiar esse problema do CROSS. Intrigantemente eu encontrei aqui um relato que coincidiu com o que eu fui falar no CROSS. Eles têm um trabalho sério, um equipamento sério, uma sistemática séria, mas está faltando constatar se o tratamento foi feito. Eles fazem o encaminhamento e o trabalho deles termina aí, mas muitas vezes na ponta o tratamento não é dado. Então eu vou fazer isso por escrito. Já tinha dito lá verbalmente, agora eu reitero por escrito, inclusive com o relato que vocês me deram aqui. Vou tentar levantar esse contrato da OS (São Camilo), que é um ponto que eu tenho debatido e levantado. Com relação a várias cidades, a equipamentos de saúde da própria capital, que falta um pouco dos dados sobre o que as OS recebem, qual é a proporcionalidade que elas recebem diante do que elas oferecem. Então vou fazer isso, de maneira distanciada, sem nenhuma ideia de falar bem ou mal da entidade A ou B, mas a gente fazer um levantamento para ter maior transparência. Então são os pontos que me ocorrem agora, fora a pauta que o coronel (Silvio Amaral Soares, comandante do BPMI) trouxe, das isenções, imunidades para quem tem pessoas com deficiência na família, e essa é a pauta talvez mais difícil do que as anteriores, mas eu vou seguir trabalhando nela.

Pergunta: Houve mais algum pedido do prefeito na reunião?

Janaina: Na verdade não houve um pedido específico. Porque está essa briga entre Aliança (pelo Brasil, partido criado pelo presidente Jair Bolsonaro) e PSL (ex-partido do chefe do Executivo federal), e muitas pessoas que querem se lançar, sobretudo à vereança, e foram apoiadoras do presidente, estão, e eu tenho dito isso, “órfãs”. Porque elas gostam do presidente e querem apoiar o governo, querem se lançar a vereadoras e não têm uma sigla, porque não existe a Aliança. E, por outro lado, algumas pessoas mais aguerridas, que já estão se anunciando como Aliança, chamam o PSL, ou quem ficou no PSL, de traidor. Então eu estou tentando encontrar um caminho para essas pessoas, dizendo ‘olha, não é essa briga, ninguém abandonou o presidente’. Houve uma divergência, o presidente quis sair, não é? E essas pessoas são bem-vindas para poderem se candidatar, entendeu? Então foi sobre isso que nós conversamos. Se o presidente atual do PSL aqui no Estado, se ele poderia fazer um contato para uma aproximação. Foi essa conversa, nada além disso.

Pergunta: Deputada, sobre as emendas a senhora publicou no Twitter uma série de tuítes explicando seu posicionamento sobre elas, de só trabalhar com as impositivas e não com as demais emendas, para ter uma independência do governo. E são cerca de R$ 5 milhões que são destinadas a cada deputado. Teve alguma destinação para a região? Quais foram? E também queria que a senhora comentasse esse trabalho para a saúde, da emenda não ficar restrita aos 50%.

Janaina: Esse trabalho eu já venho fazendo faz tempo, em termos de manifestações, mas agora eu vou apresentar essa PEC, esse projeto de PEC, para que fique claro, porque pra mim já é no mínimo. Eu não sei a lista inteira (de cidades que receberam emendas). Como a minha prioridade não são as emendas, eu confesso a você que diferentemente dos colegas, que já chegam anunciando, eu não sei. Eu publiquei o que eu destinei, nem sei se Itu está contemplada nessa lista. De memória eu acho que não, mas eu não vou afirmar 100%. Qual foi o meu critério? Porque toda a cidade que eu chego, o pessoal fala ‘a senhora foi a mais votada, segunda mais votada’… Foi em todas. E o problema é o seguinte: existe um patamar mínimo no valor das emendas, na maior parte dos temas o mínimo é de R$ 100 mil. Eu não tenho como dar R$ 100 mil para cada município no qual eu fui mais votada porque não vai ter dinheiro para isso, trabalhando apenas com as impositivas que foi uma decisão minha. Então a minha ideia é fazer um rodízio. Pegar as (cidades) que receberam neste ano e essas vão ficar de fora no próximo ano. Porque, assim, eu acho que o forte que eu tenho a oferecer não é recurso, é essa briga. É levar essas pautas, é fazer esse debate, mas é uma questão de escolha do parlamentar. Eu não estou com isso criticando os colegas que trabalham de maneira diferente.

Pergunta: Deputada, a senhora viu a entrevista do ministro Sergio Moro ontem (segunda) no “Roda Viva”? O que a senhora achou?

Janaina: Eu gostei da entrevista dele, achei uma entrevista muito ponderada. O ponto que ele levantou sobre o juiz de garantia eu penso exatamente da mesma forma. A preocupação que ele falou do plea bargain, desses acordos do Ministério Público com o acusado, eu penso da mesma forma. Teve um outro ponto, que eu até publiquei esses dias, da decisão do ministro Dias Toffoli de suspender a vigência do juiz de garantia. Ele falou ‘era melhor que já dissesse que é inconstitucional’. Eu cheguei a publicar isso. É o que eu penso também. Me parece uma pessoa muito ponderada, eu acho que para o país ele seguir no ministério, se possível até o final do governo, é um ganho muito grande. Só vejo vantagem de ele não ir até o final do governo se o presidente o indicar para o Supremo Tribunal Federal, porque eu acredito que vai ser um ganho muito grande para a população ter um ministro como ele no supremo. Vai ter uma ponderação, sabe? Ele é uma pessoa que tem uma formação sólida, um histórico como magistrado. Com isso eu não estou falando que aqueles ministros que não foram magistrados sejam piores, mas está faltando esse perfil no Supremo. E alguém que tenha sido magistrado na área penal. Nós temos lá alguns magistrados, mas que ou eram da área de processo civil, da área trabalhista. Falta um magistrado com experiência penal. Se ele for para o Supremo, ótimo. Se o presidente entender por não indicá-lo por qualquer razão, ótimo desde que ele fique até o final do mandato. É uma figura muito importante, na minha perspectiva.

Pergunta: Ontem, após o programa, a senhora publicou no Twitter, fazendo uma leve crítica à imprensa.

Janaina: O que eu acho: me surpreendeu muito as indagações que foram assim ‘ah, por que o senhor não critica o presidente?’, ‘ por que o senhor não critica o ministro?’. Eu acho que tenho até legitimidade para falar, porque sou uma pessoa que fala. Eu sou muito de falar o que eu penso, doa a quem doer. Mas a verdade é uma só: nunca, eu não me recordo de um jornalista perguntar a um ministro do Lula ou a um ministro da Dilma por que ele não criticava o presidente Lula, a presidente Dilma e os respectivos ministros. Então, nessa parte eu acho que foi injusto, sabe? Porque você pode perguntar ‘qual a opinião do senhor sobre isso, isso e isso’. Agora, não foi isso. Não levaram temas para ele debater. Não levaram assim ‘olha, o que o senhor vai fazer quanto a isso?’. Mas alguns (jornalistas) eram até na postura. ‘Ah, mas o senhor não criticou’. Espera aí! Querem o quê? Que ele saia por aí xingando o presidente para ele ser retirado do governo? Porque daí o presidente vai ter uma desculpa. Tem quem diga que o presidente quer tirar. Eu não sei se é verdade ou se é mentira. Mas se ele (Moro) começar a fazer isso, o presidente vai ter um motivo. Eu não quero que ele saia do Ministério da Justiça. Ele no Ministério da Justiça é uma segurança para todos nós. Ele não é advogado do presidente. Com todo o respeito à advocacia, que é a minha carreira, tenho paixão pela advocacia, mas nós tivemos situações recentes de ministros da Justiça que eram advogados dos presidentes. E o ministro da Justiça é um ministro de Estado! O Moro é um ministro de Estado, não é um advogado. Tanto é que você pode reparar: ele pode não ter feito críticas explícitas, mas ele saiu defendendo coisa errada? Ele não saiu defendendo. Então eu, como cidadã, quero ter um cara assim lá. Querem forçar para ele falar mal do presidente para ele cair, para abrir margem para quem entrar? Compreende? Eu acho que ele siga lá, se não for pra ficar lá que vá para o Supremo, porque é uma segurança para a população, eu vejo dessa forma.

Pergunta: Deputada, por um lado tem essa questão da imprensa…

Janaina: É uma crítica construtiva.

Pergunta: Pode haver algumas parcialidades da imprensa, mas existe um ataque à imprensa muito grande vindo de várias esferas do governo. A senhora acredita que isso é prejudicial para a democracia? Porque a gente tem vivido um grande problema, com o presidente vindo em frente ao Planalto mandando repórter calar a boca. Isso é perigoso, não é?

Janaina: Eu não gosto disso. Eu sou uma defensora da liberdade de expressão, de manifestação, de imprensa desde sempre. Acho que sou uma das figuras mais atacadas nos últimos tempos. Atacada pela esquerda por causa do impeachment, atacada pela direita por não ser adesista com relação ao governo Bolsonaro. Eu nunca processei ninguém, nem cível nem criminalmente. Eu nunca agredi ninguém. E eu só me manifesto quando eu vejo que a situação é gritante. Mas às vezes eu deixo as pessoas falarem, fazer o quê? Faz parte. Então eu não gosto desse tipo de postura, que fique claro. Mas o que me intriga é que esses “ataques” do presidente à imprensa doem mais na imprensa do que os ataques do petismo. Porque a vida inteira o Lula falou que ia regulamentar, controlar a imprensa, atacou vários veículos de TV, vários veículos de comunicação. Por que naquele momento ninguém se indignava tanto? Aí eu acho que são sinais de que a imprensa não é tão imparcial assim, entendeu?

Pergunta: Mas pela FENAJ, aumentou o número de ataques. A FENAJ divulgou um estudo que mostra que aumentou o número de ataques à imprensa e até criou uma categoria nova para incluir as ofensas do presidente à imprensa, especificamente.

Janaina: Veja, eu não estou defendendo esse “jeitão” do presidente. Inclusive no período que convivi com ele, que não foi um período longo, eu sempre bati nessa tecla, que ele tinha que melhorar, que ele não tinha que ser tão agressivo, que as pessoas não compreendem esse estilo dele. Então eu não estou defendendo. O que me intriga é por que os ataques dele incomodam mais do que os ataques dos anteriores? E até que ponto essa medição é uma medição imparcial? Porque as falas agressivas dos anteriores sequer eram consideradas como ataques. É esse o ponto, entendeu? É esse o ponto que me chama muito a atenção e que eu venho destacando, porque eu observo isso há muito tempo, acho que ainda tem uma força esquerdista muito grande entre os formadores de opinião, não só os profissionais de imprensa. Os professores universitários, mais ainda. Então a gente tem que falar isso para as pessoas entenderem, comparar. Pega uma entrevista de um ministro do Lula, veja se pediam para ele ficar criticando os outros. Não pediam. Existia e ainda existe uma subserviência dos formadores de opinião com relação ao esquerdismo. Não vou falar à esquerda, porque as pessoas confundem muito defender pautas sociais com ser de esquerda. Eu sempre fui uma pessoa de pautas sociais. Isso não tem nada a ver com a esquerda. Tem a ver com justiça social. Mas está muito internalizado. Eu acho que um exemplo bom é a reação ao convite feito à Regina Duarte (atriz convidada para assumir a Secretaria da Cultura).

Pergunta: O que a senhora achou desse convite?

Janaina: Eu achei ótimo. Mas ela foi muito agredida. E você não vê uma mulher que se apresenta como feminista – dessas que são consideradas feministas, porque eu me sinto feminista, mas não é assim que as pessoas me veem. Você não vê uma feminista, que se matava para defender qualquer artista que se declare de esquerda ou petista, defender, sabe? Teve um formador de opinião que falou que ela vai ter um ponto eletrônico para poder falar. Quem é ele? Ele se acha tão inteligente assim para ofender uma mulher com a carreira que ela tem? E essas pessoas, que são agressivas, que ofendem, vivem dizendo que estão sendo ofendidas, que estão sendo atacadas, sabe? É muita desproporção. Isso tem que ser dito. Concorde-se ou não concorde-se isso tem que ser dito, porque o país tem que sair desse lugar que nós estamos.