Doença silenciosa: entenda o que é, o que causa e como é o tratamento de Diabetes

Por Nayara Palmieri

Endocrinologista aconselha a quem tem histórico da doença na família que faça o exame de glicemia em jejum anualmente Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Desde 1991, no dia 14 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Combate a Diabetes. Essa data foi escolhida pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, sigla em inglês) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por ser o aniversário de Frederick Banting, o médico canadense que conduziu as experiências que levaram à descoberta da insulina em 1921.

O objetivo dessa data é conscientizar e orientar a população a respeito dessa doença que acomete cerca de 13 milhões de brasileiros, 6,9% da população, segundo a OMS e a Sociedade Brasileira de Diabetes.

Diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. A insulina é o hormônio responsável pelo controle da quantidade de glicose no sangue. O corpo precisa desse hormônio para utilizar a glicose, que obtemos por meio dos alimentos, como fonte de energia.

Quando a pessoa tem diabetes, no entanto, o organismo não fabrica insulina e não consegue utilizar a glicose adequadamente. Se esse quadro permanecer por longos períodos, poderá haver danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos.

A Dra. Priscilla Pinheiro Kyriazi, especialista em endocrinologia, contou ao JP que existem vários tipos de diabetes, sendo o tipo 2 o mais comum, que acomete adultos. “Esse tipo de diabetes tem causa multifatorial, como obesidade, sedentarismo e predisposição genética. O ganho de peso para um indivíduo suscetível pode causar diabetes”, declara.

O diagnóstico para a diabetes é feito por exames de destro, exame de sangue que mede a quantidade de glicose, em jejum, ou o de hemoglobina glicosilada (HbA1c). Caso o resultado seja glicemia em jejum igual ou acima de 126 mg/dL (miligramas por decilitros) ou hemoglobina glicosilada acima de 6,5% por três meses consecutivos, significa que o paciente tem diabetes.

Doença “universal”
É comum associarem a diabetes com pessoas de idade mais avançada. Mas se engana quem acha que jovens não correm risco. A redação do JP conversou com Renata Hamsi Caridá, de 22 anos. Renata foi diagnosticada com diabetes mellitus tipo 1 em 2004, quando tinha apenas 7 anos de idade, depois que começou a urinar muito, inclusive na cama, beber muita água, comer muito e emagrecer.

Quando perguntada o que mudou em sua vida depois do diagnóstico, a estudante responde que no começo nem sabia muito bem do que se tratava. “Fiquei uma semana no hospital pra aprender como fazer as coisas e normalizar os exames. Acho que em 15 anos mudou que eu tenho que me cuidar um pouco mais, porque como de tudo, só que aí tomo insulina e antes meço a minha glicemia”, conta.

Hoje, Renata tem uma rotina em que mede a glicemia sempre antes de comer, conta a quantidade de carboidrato de tudo que come, faz exames a cada três meses e toma insulina todos os dias. Já o auxiliar de logística Francisco Alves dos Santos, de 56 anos, foi diagnosticado em 1992 e antes do diagnóstico não sentiu nenhum sintoma que poderia alertá-lo.

Desde seu diagnóstico, Francisco tem uma rotina de exames do Hospital da Unicamp, em Campinas, o que no começo, abalou a rotina de trabalho dele. Hoje, toma insulina todos os dias e tenta manter uma dieta saudável, mesmo que por vezes acabe comendo algo não recomendado.

Cuidados
Dra. Priscilla Kyriazi dá dicas para que diabéticos tenham uma qualidade de vida melhor. Ela aconselha a terem controle de açúcar livre e de carboidratos simples – presentes no arroz branco, pão branco e batata inglesa, entre outros –, e sempre dar preferência aos alimentos integrais.

Comer no máximo quatro frutas ao dia, de preferência com a casca, evitar sucos de fruta – pois contêm alta concentração de frutose, o açúcar natural da fruta, controle de colesterol – diabéticos são a maioria de alto risco de infarto e AVC –, manter peso adequado, cessar o tabagismo, controlar o estresse e ter boa qualidade de sono são elementos fundamentais para uma vida melhor.