Primeira semana de rodízio intensificado registra várias reclamações de moradores

CIS informou que já constata melhora na preservação dos mananciais que necessitam da recarga da chuva (Foto: Divulgação/CIS)

Desde o último dia 20 de agosto, a cidade de Itu vive uma nova fase do rodízio de abastecimento de água, que foi intensificado e passou a ser no esquema 24h/48h: um dia com fornecimento de água e dois dias sem, em todas as regiões do município. Porém, a realidade é que muitos ituanos relataram que o formato não foi respeitado, com vários pontos ficando dias sem abastecimento.

As principais reclamações vieram das chamadas “pontas de rede”, gargalos históricos no sistema de fornecimento de água da cidade. Nesses locais, a água, quando chegava, vinha com baixa pressão, não tendo força para subir as caixas d’água. É o caso da operadora de caixa Michelle da Silva, de 36 anos, moradora do conjunto habitacional Alpes II, na Vila Martins, região do Pirapitingui.

“Quando essa água vem, ela vem com baixa pressão. Não enche a caixa toda de onde a gente mora e não são todos os moradores que têm acesso à água. Em alguns blocos chegam e outros não. Tem apartamento que está há mais de uma semana sem água”, declara. A moradora diz que vem pedindo apoio de caminhões-pipa, que não aparecem. “Estamos nos sentindo abandonados”.

Nas páginas da CIS – Companhia Ituana de Saneamento e da Prefeitura de Itu no Facebook, além dos canais do Periscópio, diversos comentários relatam problemas em outros bairros, como Jardim União, Alberto Gomes, Potiguara, Jardim das Rosas, Cidade Nova e tantos outros. As reclamações são tantas que os canais de atendimento da autarquia congestionaram.

“Nossos canais de atendimento (WhatsApp/Facebook e Callcenter) estão com fluxo acima da média. Por esta razão, o tempo de resposta/espera é maior neste momento. Novos atendentes estão em fase de contratação via concurso. Os canais são o Facebook: /companhiaituanadesaneamento. WhatsApp: (11) 94354-0219 e telefones: (11) 2118-6600 / 0800 722 4827”, informa a CIS.

Apesar dos problemas relatados na última semana, a CIS alega que o “abastecimento tem sido feito conforme cronograma divulgado”. “Esta é a primeira semana do rodízio ampliado – portanto alguns ajustes ainda são necessários para melhorar a distribuição. Mas estamos atuando com caminhão-pipa. A solicitação é feita por nossos canais de atendimento. Um protocolo é gerado e segue para análise. Em grande parte dos casos, é possível o abastecimento pela rede. E nos casos de maior dificuldade, enviamos caminhões-pipa”, afirma.

Segundo a autarquia, cerca de 150 pedidos de caminhão-pipa são feitos diariamente. Mais da metade dos pedidos são direcionados aos  mesmos endereços (a CIS não especificou quais). “Nesta semana estamos com 18 caminhões pipa atuando entre 7h e 22h”, informa ainda a companhia.

Ontem (27), a CIS informou em suas redes sociais que já constata “melhora” na preservação dos mananciais que necessitam da recarga da chuva. “No entanto, o consumo consciente de água ainda é essencial. A estiagem segue até outubro”, declara.

Live

Na noite de quinta-feira (26), o prefeito Guilherme Gazzola (PL) fez uma live para tratar do abastecimento de água na cidade. A transmissão ao vivo foi feita pelo YouTube da Prefeitura e sem abertura para comentários. Em mais de 40 minutos de pronunciamento, o chefe do Executivo falou das obras e ações promovidas desde seu primeiro mandato com relação ao sistema hídrico de Itu.

“As crises não são uma novidade para nosso governo. Elas sempre existiram, não causadas por ele. Mas nós nunca tivemos receio de enfrentá-las”, disse Gazzola, diferenciando as crises de 2014 com a de agora. “A crise atual não tem nenhuma, absolutamente nenhuma, relação com 2014, quando a crise de água era setorizada, única na cidade de Itu. Hoje, a crise hídrica é um problema nacional”, alegou.

O prefeito citou o que especialistas dizem ser a maior estiagem em 91 anos e apontou outras cidades que também passam por problemas de abastecimento, discorrendo ainda que a escassez hídrica é decorrente da ação do homem com o desmatamento.

Gazzola declarou que vai rechaçar a “politização” da situação, afirmando que grupos da oposição não podem falar um “A” sobre o tema. “Todos contribuíram de forma significativa, senão irresponsável, para que a cidade de Itu chegasse na situação que chegou como em 2014”, afirmou, destacado as obras do sistema Pirajibu e Mombaça, entre outras em andamento e futuras.

“Tem sido um trabalho incessante, e esse trabalho vem sendo feito e programado desde lá de trás. O que não é possível dizer é que em quatro anos a gente pudesse resolver um problema de 50 anos”, disse Gazzola, reforçando o que disse em campanha sobre Itu ter adquirido “segurança hídrica”.

“Essa segurança hídrica significa ter água suficiente para abastecer toda a cidade em uma situação normal. Isso nós atingimos com muita tranquilidade”, explicou, dizendo que nenhuma cidade estava preparada para enfrentar a crise atual. Gazzola também reconheceu os problemas na primeira semana de novo rodízio.

“É evidente que um começo de rodízio de tamanha dimensão causa transtornos imediatos. Ninguém está negando que algumas casas, algumas ruas ficaram uns dias a mais do que isso [sem água] e hoje estamos chegando muito próximo de fazer um ajuste”, informou o prefeito, destacando que irá dar maior atenção no abastecimento para escolas e unidades de saúde.