Vacina do Butantan tem eficácia global de 50,38%

O Instituto Butantan e o Governo de São Paulo informaram nesta terça-feira (12)  que a vacina contra o coronavírus obteve 50,38% de eficácia global no estudo clínico desenvolvido no Brasil, além de proteção de 78% em casos leves e 100% contra casos moderados e graves da Covid-19. Todos os índices são superiores ao patamar de 50% exigido pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Os resultados foram submetidos a um comitê internacional independente e já estão com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que analisa o pedido de uso emergencial do imunizante no Brasil. A pesquisa envolveu 16 centros de pesquisa científica em sete estados e o Distrito Federal. O teste duplo cego, com aplicação da vacina em 50% dos voluntários e de placebo nos demais, envolveu 12,5 mil profissionais de saúde.

“É uma excelente vacina esperando para ser usada em um país onde morrem, no momento, em torno de mil pessoas por dia. Esperamos que as autoridades entendam o momento e ajudar nossa população a receber as vacinas o mais rapidamente possível”, afirmou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.

Segundo o Governo, o estudo verificou que a menor taxa foi registrada em casos de infecções muito leves, considerados score 2 e verificados em pacientes que receberam placebo. De uma amostragem de 9,2 mil participantes, 85 dos casos muito leves foram de pessoas que receberam vacina, e 167 em voluntários que tomaram placebo.

Já o resultado de eficácia dos casos leves, classificado como score 3, em pacientes que precisaram receber alguma assistência, foi de 77,96%, sendo que sete pessoas haviam recebido a vacina, e outras 31, placebo.

Para os casos moderados e graves que necessitaram de hospitalização, a eficácia foi de 100% (ainda sem significância estatística, segundo o diretor médico do Butantan Ricardo Palacios). Nenhum paciente infectado que recebeu a vacina do Butantan precisou de internação. Entre os que tomaram placebo, houve sete pacientes que precisaram de internação.

Todo os voluntários são profissionais de saúde, com risco muito alto e contínuo de exposição ao coronavírus. Eles receberam duas doses da vacina, com intervalos de duas semanas entre cada aplicação. A pesquisa também demonstrou que nenhuma reação adversa grave foi registrada entre os participantes.

A vacina é desenvolvida pelo Butantan há pouco mais de seis meses, em parceria internacional com a biofarmacêutica Sinovac Biotech, sediada em Pequim. O produto é baseado na inativação do vírus Sars-CoV-2 para induzir o sistema imunológico humano a reagir contra o agente causador da Covid-19. A tecnologia é similar à de outras vacinas produzidas pelo instituto de São Paulo.