29ª edição da Missa Afro será neste sábado em Itu

Ano passado foi a primeira edição da Missa Afro neste formato campal na Praça do Cruzeiro (Foto: Arquivo/UNEI)

Será realizada neste sábado (20), Dia da Consciência Negra, a 29ª edição da Missa Afro de Itu. O evento, que repete o formato do ano passado, ocorre na Praça Dom Pedro I (Largo de São Francisco). A missa campal começa às 19h e lembra o 326º ano da morte de Zumbi dos Palmares – líder quilombola martirizado em defesa da liberdade do povo negro – e o 210º ano da morte de Joaquim Pinto de Oliveira (mais conhecido como Tebas).

Organizada pela UNEI (União Negra Ituana) e com apoio da Paróquia Nossa Senhora da Candelária, Folia de Reis Estrela do Oriente, Acadêmicos do Vale do Sol e Prefeitura de Itu, a missa já se tornou tradicional na cidade. O evento objetiva preservar e difundir a cultura afro em Itu por meio do culto e sincretismo religioso, histórico e tradicional entre a comunidade negra ituana e suas ancestralidades.

 A cerimônia conta com símbolos afros, como as folhas de mangueiras, que representam um dos únicos alimentos que os negros possuíam na época da escravidão, além de ervas medicinais, flores, produtos agrícolas como cana-de-açúcar e café, que têm sempre um significado importante em sua cultura.

Para aqueles que desejam fazer parte do cortejo da Missa Afro, a UNEI pede que compareça à praça até as 18h e, se possível, trajados com vestes que lembrem a África. As vestimentas podem ser bata, vestido, turbantes e alaka, por exemplo. Os participantes também podem ajudar a entidade com doações de frutas, bolos e alguns alimentos. Para isso, entre em contato por ligação ou WatsApp com Selma Regina Dias (11 96197-0657) ou Vicente Sampaio (11 94255-8459).

Tebas

A Missa Afro será novamente realizada ao lado do Cruzeiro Franciscano, que passa por obras de revitalização. Único elemento que restou do conjunto arquitetônico franciscano do final do século XVIII, o Cruzeiro foi construído por Joaquim Pinto de Oliveira, autor também de diversas obras relevantes da capital paulista como os ornamentos de pedra da fachada das principais igrejas paulistanas da época, como a da Ordem Terceira do Carmo (1775-1776), a do Mosteiro de São Bento (1766 e 1798), a da velha Catedral da Sé (1778), a da Ordem Terceira do Seráfico São Francisco (1783).

Quadro “Cabeça de Negro”, de Candido Portinari (1934), muitas vezes associada à imagem de Tebas (Foto: Divulgação)

De talento ímpar, Tebas era um negro escravizado que conquistou sua alforria por volta de 1775 e, desde então, teve em mãos a decisão de quais trabalhos queria executar e mostrar todo seu talento e, o mais importante, sendo remunerado como Oficial de Cantaria de Pedra e Pedreiro.

Por muito tempo havia registro da passagem de Tebas apenas pela capital paulista, mas estudiosos acreditavam que, devido ao seu talento e magnitude de suas obras, Tebas teria estado em outras localidades. Foi então que, o historiador do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) Carlos Gutierrez Cerqueira, durante estudo dos Livros de Receita e Despesa do Convento Franciscano de São Luiz, da Vila de Nossa Senhora da Candelária de Itu, encontrou o registro da contratação de Tebas para a construção do Cruzeiro, comprovando sua passagem pela cidade.