Acúmulo de gordura nas pernas e braços pode ser sinal de lipedema
Junho é o mês de conscientização sobre o lipedema, uma doença vascular crônica e de origem hormonal que acomete principalmente mulheres. Mais raro nos homens, o lipedema tem quadro caracterizado pelo depósito de gordura e inchaço localizado nas pernas e braços, com exclusão das mãos e pés, e dores nas áreas afetadas.
Segundo os médicos, alguns estágios da vida são mais propícios ao desenvolvimento da doença, como a puberdade, a gravidez e a menopausa, justamente por se tratar de um problema que tem origem no sistema endócrino. A alimentação também é um fator de grande influência para a evolução.
Por esses motivos e por conta da alta incidência da doença e pouca informação da população a respeito, junho é o mês dedicado a esclarecimentos e conscientização sobre o lipedema. “Estima-se que varizes ocorram em 45% a 50% das mulheres e o lipedema, em 11%. Portanto, logicamente, a coexistência existe. Das pacientes com lipedema, 53% têm teleangiectasias e 39% varizes”, explica o cirurgião vascular e professor Alexandre Campos Moraes Amato, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular de São Paulo (Sbvac-SP).
Amato enfatiza que a campanha visa conscientizar público em geral e médicos. “A campanha pretende conscientizar o público leigo e também o médico de que lipedema é uma doença frequente nas mulheres. Para os médicos, deve ser uma hipótese diagnóstica a ser considerada. Para o público leigo, que tem os sintomas, buscar ajuda médica e perguntar sobre a possibilidade”. O especialista destaca que casos da doença em homens são extremamente raros.
A doença tem fator hereditário, mas pode ser tratada a fim de amenizar os sintomas e o sofrimento da paciente. Além do acúmulo de gordura e da dor eminente, o surgimento de hematomas, peso nos membros e fragilidade capilar são alguns dos sinais que podem ser avaliados por um angiologista ou cirurgião vascular para identificar a doença. Em geral, a gordura é localizada da altura da cintura até os tornozelos e pode comprometer a mobilidade.
Como não há meios de prevenir a genética, é possível diminuir as consequências. “Em primeiro lugar, evitar grandes variações hormonais durante a vida, ou seja, mudar de anticoncepcional hormonal, por várias vezes e métodos, ao longo do tempo. Evitar o uso indiscriminado de hormônio exógeno, adquirir prematuramente hábitos saudáveis, evitar ganho de peso e obesidade, podem ajudar não só a evitar o desencadeamento da doença, como facilitar muito a adaptação necessária no momento do tratamento”, afirma Amato.
A Sbvac-SP alerta que o diagnóstico é extremamente necessário, justamente por se tratar de uma doença que pode ser confundida com as varizes e o linfedema, caracterizado pelo inchaço de membros por meio da retenção de líquidos. E ainda, a lipodistrofia ginoide, conhecida popularmente por celulite, que pode ser desencadeada pelo lipedema e causar inflamação e fibrose. (Agência Brasil)