Especialista comenta influência das mídias digitais nas Eleições 2020
De acordo com uma pesquisa de opinião do Instituto Data Senado, nas Eleições de 2018 quase metade dos entrevistados (45%) afirmou ter decidido seu voto levando em conta informações vistas em alguma rede social, sendo que a principal fonte de informação foi o aplicativo de troca de mensagens WhatsApp. Das 2,4 mil pessoas entrevistas, 79% disseram utilizar o aplicativo para se informar.
Com relação às eleições, as redes sociais que tiveram maior impacto nas eleições foram o Facebook (31%), o WhatsApp (29%), o YouTube (26%), o Instagram (19%) e o Twitter (10%). Paulo Scharwz, que atua com marketing político e se especializou em mídias digitais, comenta sobre a importância das ferramentas digitais e como a mesma pode ser utilizada favoravelmente no pleito.
“Faço campanha na TV desde 1988, são 32 ano produzindo, de prefeito até presidente de outros países. Agora mudou tudo. Hoje estou atendendo 14 candidatos, todos online, só por videoconferência, fazendo palestras online e cursos online para vereadores. Hoje ficou muito fácil fazer um programa de qualidade, você filma com o celular em 4K [melhor resolução]”, comenta.
Para o profissional, “hoje a campanha é totalmente online”. “Dominando a técnica, você faz coisas absurdas. Tenho casos em que o candidato não mora na cidade e vai ganhar a eleição”. Scharwz comenta ainda como as mídias digitais podem beneficiar um candidato. “Para você ter sucesso, você tem que conhecer o processo. O Facebook é uma coisa, o Instagram é outra e o Whatsapp é uma outra coisa. No Facebook, quem faz a programação são os próprios usuários que postam, decidem o que vão postar, pode ser bom ou ruim, só que nesse grande salão, 86% rejeitam os políticos. Como vou chamar a atenção?”
Ele explica o “segredo”: “As pessoas têm que gostar de você. Só faz sucesso na internet o candidato que as pessoas gostam. Não existe na história das eleições alguém que votou em um candidato que não gostasse. Isso é lógica. A partir disso você fala que é candidato, que vai ter, vai crescendo e consegue se eleger estando onde estiver. A internet é um elemento fabuloso. Mas você tem que conhecer a característica de casa rede”.
“O Instagram é a ilha da fantasia e o WhatsApp só no Brasil que se manda música, piada, é uma ferramenta de conversa. Tem que usar para falar diretamente com o eleitor. É errado, por exemplo, formar um grupo sem critério. Se você cadastrar por bairro, você segmentando, organizando, você ganha muito voto”, explica.
Fake news
A internet obviamente possui infinitas possibilidades. Mas e como distinguir as notícias verídicas das chamadas fake news? O advogado Dr. Hélio Tomba Neto, pós-graduando em Direito Digital e presidente da Comissão de Compliance e Direito Digital da 53ª Subseção da OAB/SP (Itu), comenta ao JP a respeito do tema.
“Há um certo desafio em promover a definição de fake news quando tudo ao nosso redor parece ser fake news. A definição mais palatável é justamente sua compreensão como notícias fraudulentas que propagam desinformação”, explica. “O abuso da liberdade de expressão poderá, no âmbito civil, ensejar o pagamento de indenização por danos morais. Já na esfera penal poderá ser categorizada como crime contra a honra”, prossegue.
O profissional explica ainda que está em tramitação o projeto de lei nº 2630/2020, conhecido popularmente como ‘PL das Fake News’, que pretende criar a “Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet”, entretanto diversas associações e especialistas destacaram que referido projeto não combate, realmente, a veiculação de notícias falsas, além de divergir frontalmente da Lei Geral de Proteção de Dados, pois prevê a possibilidade de coleta de dados excessivos e desnecessários como, por exemplo, a apresentação de documento de identidade válido para cadastro em redes sociais”.
“Ocorre que há ferramentas capazes de localizar a origem do IP (internet protocol) e, portanto, identificar a origem daquela fake news e se responsabilizar o seu autor perante o poder judiciário”, acrescenta o advogado, que alerta. “É nosso dever como cidadãos nos atentarmos à checagem dos fatos antes de compartilhar algum conteúdo.”
Tomba orienta. “Precisamos, dentre outras ações, tomar cuidado com títulos sensacionalistas, ler a notícia integral para ver se condiz com a chamada, nos atentar à data para não compartilharmos notícias antigas ou descontextualizadas, desconfiar de autores desconhecidos, desconfiar de informações com juízo de valor – principalmente aquelas que mais nos agradam ou revoltam –, ser críticos com a leitura e, principalmente, só compartilhar o que conseguirmos checar – na dúvida, não compartilhe”, conclui. (Com informações da Agência Senado)
Parabéns mela matéria! Muito importante é esclarecedora!