Funcionários do raio-X da Santa Casa de Itu são demitidos por nova empresa gestora
E a “novela” envolvendo funcionários e a Santa Casa de Itu parece não ter fim. No último dia 7 de maio, um mês após a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo do Campo ter assumido a gestão do hospital, ocorreu demissão de funcionários do setor de radiologia da unidade médica.
Ao Periscópio, uma das trabalhadoras demitida, que preferiu o anonimato, comentou. “O que fizeram com a gente foi algo que ninguém esperava. Estávamos trabalhando lá desde o final do ano, eu fui contratada quando o São Camilo saiu e entrou a INCS. Tenho outros colegas de serviço que trabalham lá uns 20 anos no setor”.
“Quando foi na sexta-feira à tarde (dia 7), a gente estava trabalhando e fomos chamados para assinar a rescisão”, comentou a técnica de radiologia. “O Sinsaúde (Sindicato dos Profissionais da Área da Saúde) pode nos orientar em questão de tempo de contrato, ver o tipo de contrato que a Prefeitura tinha com essa empresa, pois eles não poderiam demitir a gente”. Embora a profissional destaque que o Sinsaúde não é o representante de seu setor, uma solicitação de auxílio é importante.
“Nosso sindicato não é muito atuante. A gente está tentando ampliar a visão do máximo de pessoas que a gente pode para conseguir chamar a atenção. A gente só está correndo atrás dos nossos direitos”. A mesma funcionária alega que, na semana anterior à demissão, “começaram a surgir novos profissionais para o setor”.
O JP esteve em contato com o Sinsaúde, que por meio de seu diretor presidente da subsede de Itu, Waldir de Marchi, esclarece. “Com relação aos funcionários do raio-X, eles são outro sindicato, o sindicato deles entrou com uma liminar e não podemos representá-los. No contato que eu tive a princípio com a Irmandade de São Bernardo do Campo, foi passado para nós que eles iam manter o quadro de funcionários e que seriam pagas as mesmas remunerações”, explica Waldir.
“Quanto ao sindicato deles, eles vão ter que ver, pois não podemos fazer nada por esses funcionários, é uma liminar que se a gente fizer alguma coisa, tem que pagar multa, infelizmente a gente não pode fazer nada”, conclui o dirigente do Sinsaúde. A reportagem contatou o Sinttaresp (Sindicato dos Tecnólogos, Técnicos e Auxiliares em Radiologia no Estado de São Paulo), responsável pelos trabalhos do setor. Questionado a respeito da demissão dos profissionais de radiologia da Santa Casa de Itu, o sindicato respondeu por meio de seu diretor Márcio dos Anjos que “vem tomando providencias”. Ele informa que o contato emergencial firmado entre a Prefeitura e a nova gestora (válido de 7 de abril de 2021 a 4 de outubro de 2021) tem valor de R$ 22.885.129.55, que seria “dinheiro suficiente para manter seus trabalhadores pela CLT”.
“Trata-se que a Santa Casa de São Bernardo chegou demitindo 14 técnicos de raios-x, quarterizando o serviço de diagnósticos por imagem (raios-x) para a empresa Pro-X”, acrescenta o diretor. A empresa atuaria, além de Itu, também em Mairinque.
Márcio comenta ainda que a Pro-X, que teria sido criada em dezembro do ano passado, não possui uma sede, sendo locada no endereço de um de seus sócios, na cidade de São Paulo e que em sua ficha cadastral constam apenas 13 técnicos número insuficiente para as duas cidades.
“A lei 7394/85 diz que um profissional só pode trabalhar 24 horas semanais dentro de um mesmo CNJP. Sabemos que apenas na Santa Casa de Itu são necessários, no mínimo, 16 profissionais de radiologia, e em Mairinque mais sete. Qual a mágica realizada pela Pro-X, uma empresa formada em 7 de dezembro de 2020, que não comprova renda para locar equipamentos e que não tem sede própria?”, questiona o representante sindical.
O diretor do sindicato comenta ainda que entrou com uma ação no Ministério do Trabalho contra a Prefeitura e a Irmandade da Santa Casa de São Bernardo e agora “aguarda o parecer do judiciário”. O Periscópio esteve em contato também com a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo do Campo, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
O JP questionou também a Prefeitura de Itu, que por meio da Secretaria Municipal de Sáude informa que “num primeiro momento, os funcionários foram acolhidos e absorvidos ao quadro de profissionais da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo do Campo, atual gestora do Hospital da Santa Casa de Itu”.
A administração ainda informa que “eventuais desligamentos por questões de reestruturação administrativa foram analisados pontualmente”. Questionada a respeito da ação que o sindicato afirma ter movido, a Prefeitura esclarece que até o momento não recebeu qualquer intimação.