Votação em projeto de medalha espírita e umbandista gera polêmica na Câmara
Na última terça-feira (09), a Câmara de Vereadores votou, em segunda discussão, o Projeto de Lei Nº 79/2021, proposto pelos vereadores Thiago Gonçales (PL) e Mané da Saúde (PDT). A proposta altera a composição da comissão prevista na Lei que cria a “Medalha e Diploma Fiori Amantéa e Mícola Corazza”, honraria concedida pela Câmara de Itu e criada na legislatura passada.
O projeto recebeu quatro votos contrários dos vereadores que compõem a chamada “bancada evangélica” da Câmara, bloco informal de parlamentares de denominações evangélicas. São eles: Dr. Marcos Moraes (PSL), Normino da Rádio (Cidadania), Dr. José Galvão (DEM) e Donizetti André (Republicanos) – este último pastor da Igreja Universal do Reino de Deus.
A Medalha e Diploma Fiori Amantéa e Mícola Corazza é destinada a pessoas atuantes no meio espírita/umbandista da cidade de Itu, mas ainda não foi entregue por conta de dificuldade para a formalização das referidas comissões que escolherão os agraciados. A proposta foi do ex-vereador Rodrigo Macruz (então no PTB) e do atual líder do governo Mané da Saúde (que na época estava no Republicanos).
Em 2019, quando foi votado, o projeto já havia gerado discussão e posicionamentos contrários dos vereadores evangélicos, que na oportunidade disseram que não poderiam votar a favor por conta de suas convicções. Nesta semana, com o plenário cheio principalmente de seguidores da umbanda (religião brasileira resultante da mistura de elementos de religiões africanas e até o catolicismo e espiritismo kardecista), a discussão novamente foi quente.
Primeira a falar, Patrícia da Aspa (PSD) defendeu o projeto e destacou o “princípio da igualdade” e deixou seu voto favorável. Um dos autores do novo projeto e presidente do Legislativo, Thiago Gonçales disse que não convidou os membros da umbanda presentes para, de alguma forma, causar atrito.
Ele destacou que frequenta a umbanda e que “já estamos quebrando paradigmas de uma cidade conservadora”. Já o decano Dito Roque (PL) afirmou que conheceu em vida Fiori Amantéa e Mícola Corazza e relembrou momentos. Outro autor, Mané da Saúde disse que a ideia era efetivar a honraria já em 2020, mas a pandemia atrapalhou – além da questão da criação das comissões. Ele destacou a importância do projeto.
“Aqui tem medalha para católico, para evangélico. Por que não para espírita?”, questionou, destacando que Fiori e Mícola só fizeram o bem para a cidade. Eduardo Ortiz (MDB), por sua vez, destacou o “Fuxiscópio” de semana passada deste jornal. “Ninguém entrou no mérito da medalha em si. É um projeto apenas que altera a data e a formação da comissão. O projeto de criação já foi”, disse.
Ele disse que é uma questão de justiça, não de crença, e relembrou as medalhas destinadas a evangélicos e católicos da cidade, como a “Daniel Berg” e “Padre Bento”. “Independente se eu professo daquela fé ou não, eu tenho que respeitar. E fé é algo tão lindo”, disse o edil, que é católico praticante.
Normino da Rádio foi o único que votou contra a se manifestar. Ele cumprimentou os presentes e disse que “o parlamento é expressar aquilo que você pensa”. Ele também comentou que viu a nota do JP de semana passada, mas disse que seria incoerente votar contra a criação e a favor dessa vez.
“O Brasil é maravilhoso, o estado laico, essa liberdade de crença que nós temos. Isso é fantástico no nosso país e tem o meu respeito. Só que cada um tem convicção, e cada um respeita a convicção do outro”, afirmou o edil, destacando respeitar a crença de todos. Aprovado, o projeto agora vai para sanção do Executivo municipal e a medalha deve começar a ser entregue no próximo ano.
UMA VEZ QUE O ESTADO É LAICO, COMO DIZ O NOBRE EVANGÉLICO FUNDAMENTALISTA, ENTÃO QUE SE RETIRE O CRUCIFIXO DO PLENÁRIO E PAREM COM ESSA BABOSEIRA DE REZAR “PADRE NOSSO” ANTES DAS SESSÕES! HIPOCRITAS!!