A importância do Museu Republicano e de seus colaboradores para a preservação da história

Por André Guida, Gustavo Moraes, Lethícia Klinke e Vitor Manso

É sempre fascinante celebrar e honrar o patrimônio cultural de uma comunidade. E como parte das comemorações do centenário do espaço, alguns membros incríveis que são, ou já foram, da equipe do Museu Republicano de Itu contam sobre o trabalho de preservar a história. Com suas perspectivas únicas e experiências enriquecedoras, oferecem uma visão sobre o papel vital que o museu desempenha na preservação da história e na educação do público em geral.

José Renato Galvão, bibliotecário

Dentre os diversos funcionários do museu, alguns se destacam em suas funções e na importância que exercem para o pleno funcionamento do museu. Desde julho de 2006, o bibliotecário do Centro de Estudos do Museu Republicano, José Renato Galvão, tem sido responsável por várias atividades diárias na biblioteca, como atendimento aos usuários, catalogação de obras e treinamento de usuários em bases de dados bibliográficos. Em 2019 se formou bacharel em Biblioteconomia e está desde então aguardando a abertura do concurso para se candidatar ao cargo oficial de bibliotecário, já que ingressou no Museu ao passar no concurso público para técnico em documentação e informação.

“A biblioteca é fundamental para a preservação da história republicana e possui uma grande variedade de materiais disponíveis sobre a Convenção Republicana, o movimento republicano e a formação e consolidação da República no Brasil. Nossas três coleções trabalham e problematizam essa temática: a Coleção Primeira República, aberta para empréstimo; a Coleção Prudente de Moraes, aberta para consulta local; e a Coleção Edgard Carone, também disponível para consulta local”, diz ele sobre a importância da biblioteca para a preservação da história republicana.

A biblioteca será responsável pela realização do seminário em homenagem a Edgard Carone, cujo centenário de nascimento também se comemora este ano (em setembro), além de colaborar com outras exposições. No entanto, José Renato também tem outra tarefa: ele é assistente de organização e revisor do livro em homenagem aos 100 anos do Museu, que irá focar na diversidade de acervos existentes na instituição, com textos escritos por especialistas em cada uma das áreas tratadas.

Para o evento de comemoração dos 150 anos da Convenção Republicana, o bibliotecário tem grandes expectativas, já que a programação envolve uma série de atividades acadêmicas e culturais que devem contar com a participação da população ituana e de outras cidades da região.

Jonas Soares de Souza, professor

O professor Jonas Soares de Souza, embora não faça mais parte do time do museu, dedicou muito tempo de sua vida para o museu. Jonas Soares é um nome de destaque na historiografia brasileira. Formado pela Universidade de São Paulo, ele é especializado em Antropologia, Estudos Sociais e preservação de documentos históricos, áreas em que desenvolveu uma carreira sólida e respeitada. Responsável pelo Museu Republicano até sua aposentadoria, há 10 anos, o professor ainda continua ativo em suas pesquisas e empenhado em compartilhar seu conhecimento com a comunidade acadêmica.

Segundo o professor, este evento histórico, ocorrido no final do século XIX em Itu, é fundamental para entender o Brasil de hoje, pois foi o início do contexto e da discussão sobre ideais democráticos e republicanos na época do Império. Para ele, “a Convenção Republicana é um objeto de estudo fascinante e rico em informações, que tem despertado o interesse de muitos historiadores e acadêmicos da ciência historiográfica recente”. Ele destaca que um dos maiores trabalhos sobre a Convenção foi feito em 1954, pela pesquisadora e professora emérita da Universidade de Yale Emilia Viotti da Costa. O Museu Republicano, guarda uma vasta coleção documental e de arquivo relacionada ao tema, o que tem contribuído para a realização de novas pesquisas e descobertas.

Sua opinião sobre historiografia no Brasil nos tempos recentes é de que, apesar de alguns espaços terem sido ocupados por indivíduos não relacionados à pesquisa séria e científica, o contexto acadêmico de pesquisa nunca esteve tão vivo. Ele acredita que a chama da pesquisa histórica não irá se apagar e que o avanço tecnológico recente e a facilidade de acesso a informações podem impulsionar novas descobertas e estudos.

Jonas também destaca a importância de se manter atualizado com as tendências e debates na área, participando de eventos acadêmicos e grupos de discussão. “A pesquisa é uma atividade enriquecedora e gratificante, capaz de ampliar horizontes e contribuir para a compreensão do mundo ao nosso redor”, declara o professor.

Aline Zanatta, educadora do Museu

Outra figura de destaque é a historiadora e educadora Aline Zanatta, que desenvolve um trabalho fundamental para o funcionamento do museu. Aline Zanatta é historiadora, mestre em História Cultural e atualmente doutoranda em Educação na UNICAMP. Ela também é educadora no Museu Republicano, cargo que ocupa desde agosto de 2006.

Seu trabalho envolve a organização do serviço educacional da instituição por meio de programas educacionais para diversos públicos. Aline é responsável por estruturar os programas e projetos, desenvolver parcerias para aumentar a participação da comunidade e tornar o acervo do museu acessível à sociedade.

Aline tem várias responsabilidades, incluindo agendamento e recebimento de visitantes em grupos. Ela trabalha com seus colegas, Cristina Nizzola e Adilson Pedroso, para desenvolver materiais educativos, jogos e outras atividades que ajudem o acervo e os temas do museu a se relacionarem com o cotidiano das pessoas.

Os programas educativos do museu são concebidos para envolver diferentes grupos sociais em um diálogo democrático sobre o passado, memória e representação. Aline reconhece a importância de avaliar os programas para garantir que sejam relevantes para o público, e que estimulem o diálogo e a reflexão. Ela está constantemente procurando maneiras de preencher a lacuna entre a pesquisa acadêmica e os interesses e necessidades da comunidade.

Atualmente, Aline é curadora de duas exposições no museu em colaboração com artesãos e educadores locais. A primeira, “Circulações da Convenção de Itu”, exibe imagens e objetos contemporâneos que relatam a reunião realizada em 1873 no mesmo prédio que hoje abriga o Museu da República em Itu. A segunda, “Miguelzinho bordado”, apresenta uma coleção de 26 bordados inspirados em aquarelas do acervo do museu de Miguel Arcanjo Benício da Assunção Dutra (1812-1875), elaborado por um grupo de artesãs locais que se reuniram no museu sob a orientação de Aline.

Como assistente de direção, Aline foi responsável pela organização das atividades da Semana da Convenção de 2023, um evento marcante para a história de Itu. Suas contribuições incluíram o estabelecimento de parcerias e atividades educativas com outros museus e instituições da cidade. Por meio de seu trabalho, Aline busca promover o diálogo, a reflexão e o acesso à cultura e ao patrimônio para todos.