Campanha “Setembro Amarelo” reforça a importância da prevenção ao suicídio

Neste mês acontece a campanha “Setembro Amarelo”, ação nacional de prevenção ao suicídio e que busca combater as questões de saúde mental que envolvem esse problema de saúde pública. O 10 de setembro é oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, sendo o “Setembro Amarelo” a maior campanha de conscientização da vida e prevenção ao suicídio do mundo. Em 2024 o lema é “Se precisar, peça ajuda!”, com diversas ações sendo realizadas.

O suicídio é um importante problema de saúde pública, com impactos na sociedade como um todo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama – ou guerras e homicídios. 

Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades. 

Já segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde divulgado pelo Ministério da Saúde em setembro de 2022, entre 2016 e 2021 houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil.

Embora alguns países tenham colocado a prevenção do suicídio no topo de suas agendas, muitos permanecem não comprometidos. Atualmente, apenas 38 países são conhecidos por terem uma estratégia nacional de prevenção do suicídio.

Dra. Suélen Fardim de Menezes atua no setor de oncologia da Unimed Salto/Itu (
Divulgação)

Nesta semana, a reportagem do Periscópio conversou com a psicóloga Dra. Suélen Fardim de Menezes, que atua no setor de oncologia da Unimed Salto/Itu, que comenta a respeito da importância da campanha. 

“É necessário falarmos que o suicídio é um comportamento que resulta da interação complexa de diversos fatores: culturais, psicológicos, biológicos, sociais, ambientais e genéticos, e que de nenhuma forma pode ser considerado como um processo simples, já que mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)”, aponta a profissional.

“Sendo assim, precisamos entender que não podemos falar sobre risco de suicídio apenas em tempos de campanha do Setembro Amarelo, o assunto ainda é considerado tabu na sociedade,o que acaba sendo um problema, já que o suicídio é uma questão de saúde pública. Dessa forma, conhecer e entender os fatores de risco para a ocorrência de suicídios possibilita o planejamento e a realização de ações preventivas”, destaca a psicóloga.

Em decorrência do momento atual e do contexto em que as pessoas estão inseridas, Dra. Suélen explica que é importante que se observe as mudanças de comportamento, já que isso pode ser considerado sinal de alerta. Alguns exemplos são: isolamento social e afetivo, exposição a situações de risco, crises existenciais, sentimento de desamparo e desesperança, sensação de inutilidade, esgotamento físico/emocional, etc. 

“Dessa forma, é importante ressaltar que a intervençãoprecoce e o fortalecimento da rede de apoio (laços afetivos) e o acesso aos tratamentos de saúde mental são considerados fatores protetivos para o risco de suicídio. Sendo assim, promover e potencializar estratégias de saúde mental é fundamental”, reforça a profissional.

E o que fazer para auxiliar alguém que esteja apresentando alguns sinais de risco de suicídio?  De acordo com a psicóloga, se existe o mínimo de desconfiança, é importante que se fale abertamente com a pessoa em sofrimento, sempre priorizando um diálogo com muito respeito, empatia e compreensão, ouvindo o outro de forma aberta deixando-o confortável para expressar o que tem vontade. 

“Cuidado com algumas expressões e frases de julgamento ou juízo de valores, como por exemplo: ‘Nossa, isso é loucura!’, ‘Você não pode falar essas coisas’, ‘Isso não é de Deus’, ‘Você tem tudo o que quer, não pode pensar sobre isso’, entre outras. Além de ouvir, você precisa compreender o que a pessoa lhe transmite, para que assim possa se mostrar disponível para lhe ajudar a encontrar o suporte profissional adequado que irá acolher sua demanda emocional o mais breve possível”, reforça Dra. Suélen.

Mais conscientização

Dra. Marcella Milano acredita que a prevenção ao suicídio não pode ser restrita a apenas um mês (Divulgação)

Embora a campanha “Setembro Amarelo” seja importante, a também psicóloga Dra. Marcella Milano acredita que a prevenção ao suicídio não pode ser restrita a apenas um mês; ela deve ser contínua, durante todo o ano, com políticas públicas que assegurem o bem-estar físico, mental e social das pessoas.

“Somos seres biopsicossociais, e quando uma dessas áreas está comprometida, todo o nosso equilíbrio é afetado. Prevenir o suicídio envolve garantir o acesso a uma alimentação adequada, moradia digna, oportunidades de trabalho e o cuidado com todas as condições que promovem uma vida saudável”, conclui.

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