Moradores relatam alegrias e desafios de transitar por Itu

Na semana em Itu completa 406 anos, o “Periscópio” conheceu a realidade de dois “ituanos de coração” que possuem diferentes relações com o transporte da cidade

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REPORTAGEM ESPECIAL – Reuniões, compromissos, trabalho, tarefas de casa… Com a correria do dia a dia, a população raramente encontra tempo para refletir sobre as dificuldades e as curiosidades que envolvem as pessoas que nos cercam.

Na semana em que Itu completou 406 anos, o “Periscópio” acompanhou a rotina de dois paranaenses que fizeram de nossa cidade as suas casa. Além desse ponto em comum, os dois apresentam uma outra ligação com a cidade: o transporte. Enquanto um atravessa o município diariamente, conduzindo a população, a outra enfrenta uma batalha constante para lutar pelo seu direito de ir e vir.

O sonho da acessibilidade
Flávia Carolina Barreto nasceu no Paraná e veio para Itu ainda no começo da vida. Aos 32 anos, Carol, como prefere ser chamada, tem uma maneira pouco positiva de enxergar a cidade de Itu. Cadeirante há três anos em decorrência de um câncer, ela afirma ter muitos desafios para se locomover pelas calçadas ituanas.

“Não tem condição alguma de um cadeirante se locomover, principalmente no Centro da cidade. Mulher adora olhar as vitrines e pesquisar preços, mas eu não sei o que é isso há muito tempo. Andar pelas ruas é impossível porque tudo é muito estreito e corremos perigo ao dividir o espaço com carros e pessoas mal educadas”, conta.

Moradora de uma rua tranquila do Jardim Alberto Gomes, Carol fica o dia todo em casa, pois não tem como sair de lá sem a companhia de alguém. “Faço tratamento psiquiátrico e ficar em casa me faz muito mal. Quando meu marido chega do trabalho, sempre peço para dar uma volta no nosso carro. Quando podemos, vamos ao shopping”, ressalta.

Segundo Carol, um dos principais desafios das calçadas ituanas é o desnivelamento, além dos buracos e das rampas que a fazem empinar com a cadeira. Mãe de uma criança de seis anos e prestes a se aposentar, devido a sua enfermidade, a cadeirante revela seu desejo para o futuro da cidade: “gostaria que os governantes tivessem um olhar especial para nós, cadeirantes. É muito difícil se privar de frequentar lugares públicos que qualquer pessoa pode ter acesso. Um calçadão na Floriano Peixoto seria algo muito positivo”, desabafa.

De ponta a ponta
Motorista de ônibus há 23 anos, Devanir Machado, de 51 anos, é um homem que diariamente atravessa a cidade de Itu, levando parte da população do bairro Cidade Nova até a região central do município.

Sem demonstrar cansaço, o motorista, natural de Iporã (PR), comenta com orgulho sua trajetória no interior de São Paulo. “Itu acolheu muito bem a mim e a toda minha família. As pessoas daqui são muito tranquilas; a cidade tem um povo muito hospitaleiro e feliz. Não nasci aqui, mas me considero ituano de coração”.

Logo que chegou aqui, Devanir iniciou o trabalho como motorista, atividade que nunca havia exercido. “Eu realizava a linha do Parque Industrial. A primeira viagem que fiz como motorista foi uma emoção muito grande. Realizava um sonho antigo e tinha essa bonita responsabilidade de levar as pessoas a seus destinos”.

A mudança para a linha Cidade Nova – Centro, no entanto, ocorreu há 15 anos. “A cidade cresceu muito em pouco tempo, e isso me deixa muito feliz”, diz Devanir, que inicia sua jornada de trabalho às 5h e retorna para casa às 17h.

Emocionado, o motorista conta suas preferências no município. “Quando ando por Itu, sinto uma emoção muito grande. Os locais mais bonitos são a Vila Nova e o Centro. Dois pontos diferentes: um que cresceu bastante e o outro que possui sua importância histórica”, relata. “E o que mais gosto de Itu são os ituanos. Eu gosto de pessoas, gosto de conversar, desse relacionamento sadio com o outro. E isso tem bastante por aqui”.