Transporte público em Itu: população apresenta os problemas enfrentados

Atrasos, ônibus quebrados, pontos sem cobertura e falta de linhas são as principais queixas apontadas. Prefeitura e viação responderam às reclamações

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André Roedel

Quem depende do transporte público para se locomover na cidade de Itu enfrenta diversos problemas diariamente. As reclamações vão desde atrasos e veículos avariados, até pontos sem cobertura e sem sinalização. Outra queixa apresentada foi a ausência de linhas que atendam bairros específicos e/ou distantes.

Para ouvir a população, a reportagem do “Periscópio” esteve em pontos que registram grande movimentação de ônibus e passageiros: o Terminal do Pirapitingui, a Rodoviária e dois pontos localizados na Rua dos Andradas – um em frente à escola “Regente” e outro próximo ao Poupatempo.

No Terminal, a principal reclamação foi a respeito da demora nas linhas que saem do local e atendem os bairros do Pirapitingui. “Quando chega aqui tem que esperar o horário do ônibus, que era 15h; agora é 15h20. Pra gente é complicado”, relata Francisca Maria de França, de 60 anos, que mora no bairro Quinta das Laranjeiras. “É pouco ônibus pra lá”, também se queixa a aposentada.

Já a desempregada Cíntia Cristina Floriano, de 30 anos, critica a falta de ônibus em horários de pico. “Antes eram mais ônibus, agora deu uma diminuída. Nos horários de pico é muito ruim o transporte. Muito cheio. Já sai cheio daqui do Terminal”, conta a moradora do Cidade Nova. “Às vezes a gente chega aqui e o ônibus sai antes, daí tem que esperar o próximo. E como tiraram ônibus da linha, demora mais”.

Cíntia também pede melhorias nos veículos. “Acho que deveria melhorar a qualidade dos ônibus, por conta do preço da passagem. Colocar mais e melhores ônibus aqui no bairro”, comenta. “Às vezes tem ônibus que até chove dentro”, avisa, reclamando também da ausência de abrigos nos pontos de parada.

Morador do bairro Portal do Éden, José Francisco de Oliveira Sousa, de 30 anos, é outro que reclama dos atrasos nos ônibus que vão até o Centro. “Geralmente, o ônibus que faz integração é normal. Agora o que sai daqui para a cidade tem um pouco de atraso”, explica o operador de máquina, que ainda relata que os ônibus do período da manhã saem lotados do Terminal. José Francisco também reclama da sinalização nos pontos.

“Isso é complicado. Na rodovia, tem uns pontos que você não sabe se é ponto. Não tem marcação. Outro dia eu peguei a linha 47 (Terminal via Rod. do Açúcar) e uma mulher pediu parada e o motorista não parou porque lá não era o ponto. Mas como ela ia saber?”, questiona o usuário do transporte público.

No Centro
Já no Centro da cidade, as reclamações continuaram. Um rapaz, que preferiu não se identificar, relatou um caso de desrespeito de um motorista no ponto em frente ao “Regente”. “Estava com a minha esposa grávida aqui no ponto e o rapaz abusou com o ônibus. Quando tinha uma cobertura aqui, ele tacou o ônibus no ponto. Podia ter acontecido uma coisa muito grave”, conta. “Alguns motoristas abusam muito, inclusive de velocidade”, emenda.

A falta de linhas para atender determinados bairros também é um problema. Morador do São Camilo, o técnico em Segurança do Trabalho Paulo Roberto Denuncio, de 38 anos, critica isso. “Eu acho que devia ter mais uma opção de ônibus no bairro, além do 16 e do 17”, comenta. Outra crítica é referente à falta de cobertura nos pontos. “O ponto da avenida principal do São Camilo eu acho que tinha que ser coberto, para as pessoas fugirem da chuva”, afirma.

Na Rodoviária, uma usuária atentou para os direitos dos idosos no transporte público. “O que precisa melhorar é o respeito para com os idosos. Muitas pessoas não deixam eles sentarem nos ônibus e outro ponto ruim é o fato do idoso estar carregado de sacolas e, mesmo assim, ser obrigado a entrar pela porta da frente do coletivo. É um absurdo”, comenta a operadora de caixa Joelma Rejane dos Santos, de 36 anos.

Prefeitura e Viação respondem
O JP levou as principais reclamações da população à Prefeitura e à Viação Avante/Itu, que responderam. Segundo a administração municipal, a empresa é obrigada a disponibilizar veículos suficientes à demanda e está cumprindo. “Caso não cumpra, a empresa é notificada e na reincidência aplicada a multa conforme contrato”, aponta a Prefeitura.

Já Marcos Assunção, gerente administrativo das viações, explica que as empresas precisam cumprir as Ordens de Serviço Operacional (OSO), que são determinadas pela Secretaria municipal de Trânsito e Transportes com base nos contratos de concessão. “Nestas Ordens constam nomenclatura das linhas, itinerários, horários e quantidades de carros. Caso as empresas não cumpram completamente as Ordens de Serviço, são autuadas e multadas pelos fiscais da Secretaria”.

Quanto aos abrigos dos pontos de ônibus, a Prefeitura diz que está cobrando melhorias. “O Departamento de Trânsito, através da Coordenação de Transporte, quando recebe a solicitação do munícipe, analisa quanto à questão da necessidade de implantação do abrigo notificando a empresa para as providências necessárias”, explica.

As viações reconhecem que existem pontos sem cobertura e dizem estar buscando soluções. “Estamos buscando parcerias para melhorar as coberturas já instaladas e também para instalar nos locais de grande demanda onde ainda não temos estes abrigos e, de contra partida, os parceiros se beneficiariam da exploração de publicidade divulgando assim suas marcas. Porém, com a crise econômica que estamos enfrentando, muitos desistiram do projeto”, alega o gerente administrativo.

Já sobre a situação dos veículos, a Prefeitura afirma que as viações são obrigadas a renovar a frota e que a Agência Reguladora fiscaliza isso. “Todos os problemas constatados pelos Agentes Fiscais das linhas são transformados em notificação à empresa para solução do problema, podendo gerar multa contratual, que é informada à Agência Reguladora”.

Já Assunção aponta que as viações possuem oficina própria, fazem manutenção dos veículos e são fiscalizados pelo poder público. Sobre a renovação da frota, ele esclarece que existe previsão contratual para que novos veículos sejam adquiridos, o que está sendo cumprido na medida possível.

Sobre a falta de linhas, a Prefeitura explica que a “empresa, através da sua divisão operacional, faz os estudos adequados sobre os itinerários e o número de linhas e veículos para aquela região”. “Os critérios são analisados de acordo com as demandas (nº de usuários) estabelecendo a oferta de veículos para cada linha. A Coordenação de Transporte fiscaliza as linhas, os veículos e, se necessário, notifica a empresa para reestudo da linha específica”, finaliza.

Já as empresas esclarecem que “seguem critérios e ordens definidas pelo poder público, que define necessidade de novas linhas e itinerários primeiramente através da solicitação da população”. Também ocorrem visitas técnicas aos locais apontados, realizando estudo de demanda, extensão, pavimento e demais condições para aprovação ou não da solicitação, alega a viação Avante/Itu.