O Bom Gigante Amigo
Por André Roedel
Steven Spielberg é um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos, isso é inegável. Responsável por clássicos como E.T. – O Extraterrestre, Indiana Jones e A Lista de Schindler, o mestre da sétima arte vem de dois filmes elogiados pela crítica, mas que não atingiram o grande público como os já referidos – no caso, Lincoln e Pontes dos Espiões.
Agora, à frente do agradável e visualmente fantástico O Bom Gigante Amigo, Spielberg tem a chance de voltar às origens atingindo novamente o público infanto-juvenil. Isso porque o filme, em cartaz desde 28 de julho, resgata aquela fase pueril do diretor – que fez sucesso nos anos 1980. Baseado no livro de Roald Dahl (o mesmo autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolates”), O Bom Gigante Amigo é uma fábula inocente, voltada a toda família.
O filme conta a história de Sofia (Ruby Barnhill), uma garotinha sonhadora que vive em um orfanato e tem problemas para dormir. Numa de suas noites insones, ela se depara com um gigante (interpretado através de captura de movimentos por Mark Rylance) que a rapta para ela não o revelar ao mundo. Ao longo da trama, os dois vivem aventuras fantásticas na terra dos gigantes, no lago dos sonhos e, até mesmo, no palácio real com a rainha da Inglaterra (Penelope Wilton).
O tom absurdo e caricato preenche as quase duas horas de filme (que eu, particularmente, acho um exagero para uma obra infantil). E são justamente esses exageros que fazem o filme ser agradável. A história é simples, assim como os contos que nossos pais liam para nós quando éramos crianças. E, tal qual aquelas fábulas, O Bom Gigante Amigo traz ensinamentos importantes, como o respeito e o amor ao próximo.
A interpretação de Rylance é espetacular. Apesar de ser construído através de computação gráfica (aliás, um dos grandes destaques do filme), o “BGA” – como Sofia o chama – tem as expressões do veterano ator, que consegue tocar o espectador com um simples olhar mais emocionado. A jovem Ruby Barnhill também vai bem no filme. Como uma órfã destemida e sonhadora, ela tem a dura tarefa de colocar quem vê o filme dentro daquela ambiente fantástico.
Resumindo, O Bom Gigante Amigo é doce e leve. Vem para equilibrar um pouco a balança em meio a tantos filmes sisudos e/ou irônicos demais. Aposta em um público que talvez nem exista mais – o das crianças (ou adultos com alma de criança) inocentes, que ainda acreditam num mundo melhor – e acerta em cheio. Ponto, novamente, para o genial Spielberg.