Feito na América

Por André Roedel

Sabe aqueles filmes que você não dá nada e acaba se surpreendendo positivamente quando finalmente o vê? Pois então, assim é Feito na América, nova produção estrelada pelo astro Tom Cruise que mostra a vida de Barry Seal, um piloto que, na década de 1980, traficava drogas e armas para a CIA e o cartel de Medellín ao mesmo tempo.

O filme é bacana porque a história desse piloto é muito interessante. Desde a forma que ele é abordado pelo personagem de Domhnall Gleeson até seus últimos momentos, tudo é muito bem construído e prende a atenção do espectador. Para ajudar, conta com uma ótima produção técnica. A direção de Doug Liman é competentíssima e a fotografia do longa-metragem, que o deixa com um aspecto meio envelhecido, com cara de VHS, é certeira.

Além disso, o filme tem um bom humor peculiar e sabe aproveitar o restante de carisma do outrora unanimidade Tom Cruise –que agora se limita a fazer uma paródia de si mesmo nas obras que estrela. Porém, é preciso destacar que o roteiro funciona e, muitas vezes, até se esquece que é ele no papel do protagonista (e isso, definitivamente, é algo ótimo).

Mas o filme não é perfeito. A parte que se passa na Colômbia e países da América Central deixa a desejar por conta do casting fraco e dos clichês de sempre. Personagens marcantes como Pablo Escobar (interpretado por       Mauricio Mejía) são subaproveitados e tornam-se qualquer coisa. Tudo bem que o longa é uma cinebiografia de Barry Seal, mas um dos maiores chefões do narcotráfico de todos os tempos merecia mais destaque – ainda mais em tempos que a série Narcos, da Netflix, está tão evidente e na moda.

Se Feito na América peca nisso, acerta em outros pontos. Além da técnica e do roteiro ágil, conta com um design de produção muito decente que conseguiu reproduzir a década de 1980 e todas as suas excentricidades – com apoio da boa trilha sonora também. Outro detalhe que merece destaque é o formato que o diretor apostou para contar a história do piloto, como se fosse um vlog (aqueles vídeos gravados pela própria pessoa com uma câmera virada para ela).

No final, o resultado é bem competente, resultando num longa-metragem despretensioso, mas divertido, com cara de filme do Supercine (só que dos bons). Um ótimo entretenimento para um momento de folga e que vale o ingresso.

Nota:

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