A arte do cosplay: hobby que ganha força em Itu e região

No último sábado (20), foi promovida a segunda edição do Itu Nerd Fest, maior evento em celebração à cultura pop e nerd da cidade de Itu. Entre as atrações estava o concurso de cosplay, vencido por Lidiane Fiori da Costa, de 22 anos, com a personagem Krul Tepes, do desenho japonês “Seraph of the End”.
Para quem não está habituado, o cosplay, contração das palavras em inglês costume (traje/fantasia) e play/roleplay (brincadeira, interpretação), é um hobby que consiste em fantasiar-se de personagens pertencentes, em grande parte, ao vasto universo do entretenimento, como games, quadrinhos, filmes, séries de TV, livros e animações.
Em menor escala há aqueles que caracterizam-se como figuras históricas ou a partir de criações originais. Uma das principais características do cosplay é que o praticante, além de criar os trajes, também interpreta o personagem caracterizado, reproduzindo os traços de personalidade como postura, falas e poses típicas. O hobby costuma ser praticado em eventos que reúnem fãs desse universo, como convenções de anime e games.
Como os cosplays de personagens japoneses são muito famosos, as pessoas costumam pensar que essa arte teve origem no Japão, mas as primeiras pessoas a fazerem um cosplay, mesmo que não tenham dado esse nome ainda, foi a dupla de amigos estadunidenses Forrest J. Ackerman e Myrtle R. Douglas.
Na década de 1930, mais precisamente no ano de 1939, durante a 1ª World Science Fiction Convention, ou WorldCon (Nova Iorque), Ackerman e Douglas criaram fantasias baseadas no filme da época “Things to Come”. A dupla fez tanto sucesso e encantou tanta gente que, no ano seguinte, vários fãs apareceram na convenção em trajes de ficção científica. A partir daí, fantasias de personagens se tornaram praticamente obrigatórias nesses tipos de eventos. Mas ainda não eram, de fato, cosplays como conhecemos hoje, já que as características das roupas estavam longe de serem fidedignas.
O cosplay popularizou-se no Japão, graça a Nobuyuki Takahashi, que na década de 1980 visitou uma das convenções norte-americana e levou a ideia ao país, levou a ideia para o país asiático, onde a prática se espalhou em proporções gigantescas. Em pouco tempo, a cultura de cosplay fez tanto sucesso entre os japoneses que surgiu toda uma indústria voltada especificamente para isso.
Paixão na região
Vencedora do concurso em Itu, Lidiane Fiori da Costa comentou sobre sua paixão pelo cosplay. “Desde que comecei a assistir animes e que descobri o que é era cosplay, sempre tive vontade de fazer. Em 2019 fui para o meu primeiro evento de anime, o Anime Friends, em São Paulo, que um amigo do meu pai me levou, e a partir daí comecei a fazer alguns cosplays de armário, acessórios de personagens e espadas em E.V.A. e papelão, mas era algo bem periódico. Foi em 2022 que comecei a investir mais tempo nesse hobby e não parei mais”, conta.
“Eu fui na 1ª edição do Itu Nerd Fest ano passado e gostei bastante. É raro encontrar eventos nesse estilo aqui na região, a maioria acontece em cidades que ficam a mais de 40 minutos de distância pra mim, então estava muito animada pra edição deste ano. Adorei o Artists’ Alley, o espaço Pokémon, as exposições muito legais… Me diverti bastante”, destaca.
“Agora ter ganhado em 1° no concurso cosplay foi uma surpresa pra mim. Eu nunca espero pegar pódio nos concursos, sempre tem muitos cosplayers incríveis que participam e conseguir ficar em 1° me deixou muito feliz, ainda mais com um cosplay que é muito importante pra mim”, complementa Lidiane. “O cosplay acabou se tornando algo muito importante pra mim e no momento atual da minha vida não me vejo sem ele.”
Miguel Martins Diniz Junior, de 35 anos, mais conhecido como “Ryu”, é cabeleireiro, modelista, cosmaker e um dos organizadores do Itu Nerd Fest. Ao JP, ele explicou sobre o concurso cosplay no evento. “No Itu Nerd Fest a gente procura manter o concurso no estilo dos que ocorrem em eventos de cultura pop mesmo. Fazemos uma pré-avaliação com os candidatos e depois eles fazem um desfile no palco.”
“Tem pessoas que levam como hobby e tem pessoas que levam como profissão, elas trabalham fazendo cosplay para pessoas ou empresas”, explica Miguel “Ryu”, que começou a ter contato com cosplays em 2006, quando esteve no evento Anime Friends. Após o primeiro contato, “Ryu” começou a fazer cosplays em 2007 e daí não parou mais.
“Para mim é representar um personagem que eu gosto, que me identifico. Já participei de alguns concursos, porém hoje eu fico mais na organização e no júri”, diz Miguel que já foi campeão de concursos cosplay na região. Atualmente, Miguel é organizador do concurso do Itu Nerd Fest e jurado na Festa Nipo Saltense.
Apresentadora do concurso de cosplay do Itu Nerd Fest deste ano, Cristiane Maurício, conhecida artisticamente como Hatsuki Murasaki, está no cosplay desde 2009. “Meu primeiro cosplay foi uma personagem própria (original character), inspirada em um anime bastante antigo. Eu já acompanhava outros cosplayers nos eventos de anime que eu ia, desde 2007. A partir disso eu me encantei e continuei fazendo.”
Hatsuki comenta que o que a levou ao cosplay foi o fato de sempre ter gostado de anime, mangá, cultura pop japonesa em geral, tanto que durante a adolescência ela aprendeu a falar japonês.
“O cosplay pra mim representa diversão, não só de estar representando um personagem favorito, mas a diversão de você estar preparando seu cosplay, pôr a ‘mão na massa’. Diversão não só minha, mas do público, pois você está representando, está dando vida a um personagem favorito de alguém e essa pessoa fica toda empolgada e daí vem pedir para tirar foto e isso é muito divertido”, conclui a cosplayer.