A Copa que eu vi, cliquei e eternizei

Por Sandro Rodrigues

Piervi iniciou sua carreira de fotógrafo na redação do “Jornal da Tarde”,do Grupo Estadão (Foto: Arquivo pessoal)

Domingo, 20 de novembro, o mundo inteiro irá focar seus olhares e atenções para o Catar. Nessa data, será dado o pontapé inicial da Copa do Mundo de Futebol, torneio organizado pela Federação Internacional de Futebol (FIFA). O jogo de abertura será entre a seleção anfitriã do Catar contra o Equador. 

Em 2014, o maior torneio de futebol do mundo foi realizado pela segunda vez no Brasil. Vencida pela Alemanha, a Copa de 2014, para os brasileiros, ficou na memória em razão da dolorosa derrota por 7×1 para a equipe campeã. O fotojornalista Piervi Fonseca D’Agostino, 40 anos, fotografou os jogos daquele mundial como freelance da agência AGIF Esportes.

Atualmente morando em Itu, Piervi iniciou sua carreira de fotógrafo na redação do “Jornal da Tarde”,do Grupo Estadão, onde atuou por cerca de oito anos. O fotógrafo nos concedeu um tempo em sua agenda de trabalho para contar sobre sua carreira profissional e relembrar alguns momentos vividos durante a cobertura da Copa do Mundo no Brasil. Confira:

JC: Como foi o início da sua carreira como fotógrafo profissional?

Logo em minhas primeiras coberturas jornalísticas já me apaixonei pela fotografia, e no jornal tive a oportunidade de começar a estampar minhas primeiras fotos. De lá pra cá, já se passaram quase 20 anos. De 2010 a 2013, integrei a equipe de fotógrafos oficiais do GP Brasil de Fórmula 1, cobrindo todas as corridas no autódromo de Interlagos, em São Paulo. De 2010 a 2014, atuei como freelancer para a agência AGIF Esportes, onde realizei grandes coberturas como Copa das Confederações 2013 e Copa do Mundo 2014. Ainda no fotojornalismo, de 2014 a 2015 trabalhei no Jornal Brasil Econômico, em São Paulo. Atualmente, além da fotografia, trabalho com produção audiovisual.Já participei de várias exposições, entre elas: Retratos no Fotojornalismo 2015, no Senac Lapa, em São Paulo; Retratos da Copa 2014, no Shopping Ibirapuera, em São Paulo; Fotoretrospectiva 2012 e 2013, no Espaço Cultural do Conjunto Nacional, em São Paulo; Ituano Campeão! 2014 e Retratos 2016, no Festival InterFoto Itu, na cidade de Itu, interior de SP. Também em algumas publicações, como: MilMilhas Brasileiras – 50 anos e O Melhor do Fotojornalismo Brasileiro, edições 2012, 2013, 2015 e 2016.

JC: Qual a sensação de fotografar uma Copa do Mundo? 

Foi uma sensação de dever cumprido e um sonho realizado. Quando troquei a caneta pela máquina fotográfica, logo no início da minha carreira, ainda na editoria de esportes do Jornal da Tarde, pensei comigo mesmo: um dia, quem sabe, vou me tornar um fotógrafo profissional e fotografar uma Copa do Mundo de Futebol. E ali, dentro do campo, fotografando a Copa, depois de muitos anos de esforço e dedicação, pude concretizar essa realização profissional.

JC: Você fez alguma preparação específica para fazer essa cobertura fotográfica na Copa? 

A preparação para uma Copa do Mundo vem de muitos anos fotografando treinos e outros campeonatos de futebol. O caminho é longo para chegar a fotografar uma Copa do Mundo. Tem de começar por baixo, fotografando Campeonato Brasileiro da Série B, C, D, por exemplo. Depois passar a fotografar os campeonatos maiores, da Série A, Libertadores, etc. Nesse início você começa a construir, aprender e a desenvolver a sua fotografia. Você vai errar, depois errar de novo, vai achar que acertou, mas errou. Depois de muito estudo, dedicação, ver muitas referências, daí sim posso te falar que vai começar a acertar e fazer uma boa foto. O importante é não querer pular etapas, esse caminho de aprendizado é fundamental para ser um bom fotógrafo. E é importante estar bem fisicamente, a cobertura de uma partida da Copa do Mundo, são quase 10 horas de trabalho, tem que chegar bem cedo, participar do briefing da FIFA, garantir seu lugar no campo e depois tem todo um jogo pela frente para fotografar.

JC: Como foi vivenciar e registrar uma Copa do Mundo no Brasil? 

Foi incrível, durante uma Copa do Mundo, não é só o futebol, você tem a oportunidade de conhecer várias culturas diferentes, falar com pessoas do mundo todo. Perceber pequenos detalhes que nos faz refletir sobre muitas coisas dentro do nosso país. Não só na questão profissional, questão de comportamento, empatia, colaboração, ajudar ao próximo. Tudo isso é uma experiência incrível e ajuda a se tornar, não só um melhor profissional, como uma pessoa melhor.

JC: Qual o momento mais marcante durante a cobertura da Copa?

Foi no estádio do Maracanã, aos 8 minutos da segunda etapa da prorrogação, durante a final da Copa do Mundo de Futebol, entre Alemanha e Argentina. Quando Götze balança a rede dos Hermanos e vem correndo em minha direção, comemorando o gol do título. Berrando com veias saltadas, no Maracanã lotado. Foi uma mistura de sentimentos, inexplicável. Mas foi nesse exato momento que tive a certeza que falei no início, de missão cumprida e sonho realizado, quando lá em 2000, na redação da editoria de Esporte do Jornal da Tarde, onde iniciei minha trajetória e decidi trocar a caneta pela máquina fotográfica.

JC: O que o fotojornalismo significa para você?

Para mim é a alma da fotografia. Acho que todo fotógrafo deveria começar ou exercitar o fotojornalismo, porque é uma escola de fotografia na prática. Quando você recebe uma pauta para fotografar, você tem de voltar para redação com uma boa foto, faça chuva ou faça sol, isso te dá a experiência de fotografar em várias situações diferentes de luz, ambientes fechados e abertos. Conhecer e explorar a fundo o equipamento que você tem na mão. Duas frases que me ensinaram muito no fotojornalismo: o melhor equipamento de fotografia é o que você tem na mão naquele exato momento. E toda notícia rende uma foto, mas nem toda foto vai para primeira página.