Após comprar Brasil Kirin, a Heineken demite mais de 130 funcionários em Itu

No início deste mês, a redação do “Periscópio” recebeu denúncia de demissões realizadas pela Heineken em sua fábrica em Itu, após a empresa holandesa comprar a japonesa Brasil Kirin – em fevereiro a aquisição foi iniciada e, em junho, a cervejaria assumiu de vez a operação.

Segundo informações de ex-funcionários que preferiram não se identificar, o corte foi grande.   O JP então entrou em contato com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Campinas (SITAC), que confirmou as demissões na empresa. E o número de demitidos é grande: foram 18 profissionais do setor executivo/administrativo e 120 do chão de fábrica.

O sindicato então enviou à Heineken, no dia 2 de agosto, um ofício solicitando reunião de urgência para tratar sobre as demissões. O SITAC também apresentou uma denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho, cuja audiência foi agendada para a última quinta-feira (10).

Já uma reunião do sindicato com representantes da Heineken ocorreu na segunda-feira (07). De acordo com o SITAC, a empresa disse que os desligamentos “decorreram de avaliações rotineiras de performance, eficiência e produtividade, tendo como objetivo a promoção de ajustes de quadro”.

O SITAC, através de seu presidente, Marcos Araujo, lamentou as dispensas, demonstrou preocupação com todos os profissionais desligados e aproveitou para questionar sobre um possível acordo para minimizar as dispensas ocorridas. A empresa propôs oferecer a cada funcionário demitido um pacote com cesta básica, convênio médico estendido pós-demissão e assessoria de recolocação no mercado de trabalho.

Os representantes da Heineken disseram também que as demissões já cessaram, pois esse número era o limite previsto para realização da readequação.

 

Proposta recusada

O SITAC não concordou com a proposta oferecida, requerendo aos representantes uma reformulação de proposta: melhorada e mais justa, segundo o sindicato. Os representantes da empresa pediram um prazo de 15 dias para formular uma nova proposta e apresentar ao SITAC, que concedeu esse prazo.

A Heineken disse, através dos seus representantes, que os funcionários dispensados terão seus direitos garantidos, porém não há como reintegrá-los, pois, na visão da empresa, não há necessidade para, num mesmo trabalho, dois profissionais – um de cada empresa, ou seja, um da Brasil Kirin e outro da Heineken. Alegam também que, na produção, havia excesso de mão-de-obra, por isso houve as dispensas pra equacionar sua nova estratégia de mercado.

O SITAC entende que tal ato praticado pela empresa é, no mínimo, incoerente, trágico e desumano, já que, apesar da atual crise instalada no Brasil, pelo menos na área das indústrias de alimentação, sobretudo no universo onde a Heineken atua, ainda há lucratividade e índices positivos na economia do setor.

 

Posição da empresa

A reportagem do “Periscópio” também entrou em contato com a Heineken Brasil, que divergiu no número de demitidos. Em nota, a empresa informou que “desligou 135 funcionários da sua planta de Itu no dia 01 de agosto”. A companhia também reforçou que a ação teve como objetivo promover os ajustes de quadro necessários para otimizar seus processos.

“A Heineken Brasil irá oferecer apoio para a recolocação profissional por meio da contratação de empresa especializada e estenderá o plano de saúde a todos os profissionais desligados. Ressaltamos que a Heineken tem como foco preservar seus padrões de excelência e manter sua sustentabilidade econômica”, finalizou a empresa.